• Papo de Pescador

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  • 06/01/2017 17:25

    Bom dia aos amigos da Tribuna de Petrópolis. Hoje vamos falar de uma história ocorrida em meados 2007, numa viagem interessante para o Mato Grosso.

    Estava em casa descansando o almoço quando recebi uma ligação. Era o Gaúcho (Alexandre), um grande amigo que acompanhava minhas aventuras desde sempre.

    Ele me disse que precisava visitar seu avô, que já estava bem velhinho, e há tempos não o via. O mesmo estava morando em Barra do Garças, uma cidadezinha no interior do Mato Grosso. Gaúcho sabendo da minha paixão por pesca, não poderia deixar de me avisar. 

    – Bom dia irmão- dizia ele – preciso de companhia para uma viagem!

    Depois de me contar sobre o verdadeiro motivo da viagem, ele me disse que queria aproveitar para pescar naquela região, que é bastante conhecida dos velhos pescadores viajantes. Por lá passa o Rio Araguaia, um importante rio do nosso país, onde pode ser encontrada uma infinidade de espécies de peixe.

    Combinamos tudo, e depois de alguns dias lá estávamos, desembarcando no aeroporto Presidente Juscelino Kubitschek, em  Brasília, naquele momento o caminho mais barato para o destino final.

    A aventura começou ao chegarmos no aeroporto, onde fomos ao encontro da Tia Carmem (mãe do gaúcho), que nos acompanharia na viagem. Alugamos um carro e partimos rumo a Barra do Garças.

    A viagem que duraria 6 horas e aproximadamente 480km, demorou na verdade 8 horas e meia e mais de 600km. Nosso GPS quebrou e acabamos errando o caminho, pegando ruas estranhas e dando uma volta que parecia não acabar nunca. A noite e a falta de sinalização me deixava mais tenso a cada curva. Por um breve momento cheguei a pensar que estávamos voltando para Petrópolis!

    Exaustos depois desse árduo caminho, chegamos ao destino. Apesar do cansaço, eu não consegui pensar em outra coisa que não fosse a pescaria do dia seguinte. Conheci os parentes do gaúcho, conversamos um pouco e logo fui arrumar minhas tralhas. Saímos logo à noite para dar uma volta, conhecer a cidade e comer e beber alguma coisa.

    Juntou o cansaço da exaustiva viagem com o relaxamento de dois drinks. Acordei assustado e meio perdido no horário, apreensivo de não dar mais tempo de pescar, pois já era 8 da manhã. Levantei correndo, chamei o gaúcho, coloquei as tralhas no carro, peguei uma maçã, e fomos para a beira do rio. 

    A beira do Araguaia, encontramos uns pescadores que nos indicaram um ponto de partida para alugarmos um barco com guia da região, pois é perigoso navegar naquelas águas, principalmente sem o devido conhecimento. 

    Fomos até a cidade vizinha de Araguaiana, mais ou menos 60km de Barra do Garças, mas segundo os pescadores locais, eram os melhores pontos de pesca, além de ter barcos disponíveis.

    O horário me preocupava muito, pois já passava das 9:30 da manhã quando chegamos no portinho de Araguaiana. Mesmo assim, tivemos a sorte de encontrar uma dupla de pescadores, que assim como nós, estavam atrasados para começar a pescaria. Eram os únicos ainda no local, meio perdidos pelo atraso, exatamente tão apreensivos quanto eu. Todos os outros barcos já tinham partido. Perguntei se alugavam o barco, mas eles nos convidaram pra pescar junto. Logo pulei no barco, sem pensar muito, pois era nossa única opção. Chamei o gaúcho, passamos as tralhas para o barco e saímos à caça dos brutos.

    Subimos o rio conversando bastante. A interação entre os quatro pescadores era tão grande que nem parecia que acabara de conhecer os outros dois. 

    Saíram vários peixes das mais diferentes espécies, algumas que eu nunca tinha visto pessoalmente como por exemplo o bico-de-pato ou jurupensém, um peixe de couro com uma protuberância na boca que lembra mesmo o bico de um pato. Vimos também o palmito ou mandubé, e os velhos conhecidos mandis, dentre outros bagres.

    Vi também uma cena inesquecível: um enorme cardume de matrinxãs subindo o rio. Parecia que a água estava fervendo. Eram milhares de peixes na superfície, comendo, nadando e pulando. Era como se a água borbulhasse. Lindo demais… pra guardar na memória mesmo. 

    Mas este ainda não era meu foco. Apesar de não ter falado com os companheiros, eu gostaria muito de pescar uma cachorra, pois nunca havia pegado uma e sabia que elas frequentavam aquelas águas. Também queria que gaúcho pegasse, pois ele estava começando a usar as iscas artificiais, e ainda não havia pegado um belo peixe com elas, por isso estava meio desacreditado.

    Já ao fim da tarde, depois de horas de pescaria e um sol escaldante, resolvemos retornar. No caminho, avistei uma pequena corredeira, possível lugar para meu alvo. Pedi gentilmente para o piloto encostar o barco para que eu pudesse fazer alguns arremessos. Mesmo sem entender o porquê, ele seguiu meu pedido. Coloquei uma artificial de superfície e passei as instruções ao gaúcho que colocou uma isca de meia água e foi logo arremessando. No primeiro arremesso ele engatou uma cachorra!

    Quanto mais ela pulava, mas eufórico ele ficava. E eu feliz da vida por minha intuição estar certa. Os dois outros pescadores riam da nossa luta com os peixes. Mas essa escapou. Então bateu uma na isca de hélice que eu estava usando:

     – POWWWW!!! Aquela explosão na superfície… água espalhada para todo lado. Era ela… a minha tão esperada cachorra- facão! Muita força e explosão de energia, briga da boa. Muitos pulos e algumas tomadas de linha depois, enfim consegui tirar a danadinha. Poucos minutos ali, até porque já estava escurecendo, e conseguimos fisgar alguns exemplares. 

    Voltamos para a cidade para arrumar as malas e retornar para casa, bastante cansados pela correria e calor acima do normal, mas realizados pela experiência vivida!

    Veja mais no blog: AQUI.

    Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Jornal Tribuna de Petrópolis.



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