• Padre Anderson na Academia Petropolitana de Letras

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  • 25/jun 08:00
    Por Fernando Costa

    **Fotos de Isa Rabello e Dulcina do Valle

    Às vésperas das celebrações do 102º aniversário de fundação de nosso glorioso panteão, no dia 20 de junho do mês em curso, vivemos memorável noite cultural: a sessão solene de posse do Exmo. e Revmo. Padre Professor Doutor Anderson Machado Rodrigues Alves que passou a compor o Quadro de Membros Efetivos da A.P.L. Tomou assento na Cadeira nº 30, Patronímica de Dom Agostinho Benassi em sucessão ao Acadêmico Dom Gregório Paixão, O.S.B. elevado ao quadro de membros eméritos.

    A solenidade de investidura foi precedida pela Santa Missa presidida pelo Vigário Geral da Diocese de Petrópolis, Rvmo. Monsenhor José Maria Pereira, Sua Exa. também, representou o Revmo. Bispo Diocesano de Petrópolis Dom Joel Portella Amado. Foi concelebrada pelos Revmos. Sacerdotes Luiz Henrique Veridiano da Silva, Reitor do Seminário Diocesano Nossa Senhora do Amor Divino, Tiago José dos Santos Rebello, Pedro Henrique Santana, Luiz Carlos Zotesso e Carlos Silva de Oliveira.

    No exercício das funções de Diretor de Relações Públicas e Cerimonial, procedi em nome da arcádia a saudação de praxe às autoridades, instituições, convidados e, a mesa foi composta:

    Presidente Acadêmico professor Leandro Garcia, Acadêmico Cleber Francisco Alves, Vice – Presidente e 1º Secretário, procedeu a saudação ao novel empossando em nome da arcádia cultural, Reitor do Seminário Padre Luiz Henrique Veridiano da Silva, Vigário Geral da Diocese de Petrópolis Monsenhor José Maria Pereira e também eu, no exercício de minhas funções acadêmicas.

    Uma Comissão formada pelos Acadêmicos Maria de Fátima Moraes Argon da Matta, José Afonso Barenco de Guedes Vaz e Gastão Reis conduziu o neo acadêmico, Padre Anderson Machado Rodrigues Alves à mesa. O Hino Nacional Brasileiro foi executado e, procedeu-se a abertura solene da  efeméride pelo presidente Leandro Garcia.   Discorreu em perfunctória síntese sobre a presença do Clero desde a fundação da APL e como de costume a todos encantou ante a eloquência, beleza vernácula e notável saber.

    Os pronunciamentos, a sobriedade arquitetônica e artística do Seminário Diocesano Nossa Senhora do Amor Divino direcionam ao céu, sobretudo, ao ensejo dos 75 anos dedicados em prol da formação de nossos Sacerdotes.

    O Acadêmico Cleber Francisco Alves assumiu a tribuna e proferiu, em nome de todos os membros titulares, comovente discurso de saudação ao novo Acadêmico Padre Anderson Machado Rodrigues Alves discorrendo sobre a história familiar e acadêmica do ilustre intelectual.

    A seguir, o Presidente da A.P.L. Acadêmico Leandro Garcia, junto do Acadêmico Cleber Alves entregaram a medalha e o diploma ao Confrade Anderson, depois da leitura do Termo de Posse e, a mãe do Padre Anderson, Senhora Ivone Machado Rodrigues Alves vestiu seu filho Andersom com o traje acadêmico; momento de redobrada emoção e demorados aplausos.

    Assinalo um trecho do pronunciamento do Acadêmico Cleber Francisco Alves:

    “É uma grande alegria para nós, da APL, receber o novo confrade Padre Anderson. Creio ser importante destacar que ele é um sacerdote “genuinamente petropolitano”: nasceu em Petropolis no dia 06 de maio de 1982: sua familia residia no bairro Provisória, atualmente rebatizado de Bairro Esperança, na Paróquia do Itamarati. É filho do casal Ademir Rodrigues Alves e Ivone Machado Rodrigues Alves. Iniciou os estudos na Escola Santa Luiza de Marilac, que funcionava nas dependências do Colégio Santa Isabel. Depois passou a estudar no Liceu Municipal, onde concluiu o ensino médio (curso técnico de contabilidade). Chegou a fazer o curso de técnico em torneiro mecânico no SENAI e depois trabalho como auxiliar de escritório até decidir seguir a vocação sacerdotal. Ingressou no Seminário de Corrêas em 2001. Cursou a graduação em Filosofia na UCP e, depois, foi cursar Teologia na Universidade de Navarra, na Espanha. No final do curso retornou para Petrópolis e aqui foi ordenado padre em 07/12/2008. Reconhecendo suas capacidades intelectuais e aptidão para servir à Igreja na área acadêmico-universitária, a Diocese de Petrópolis obteve bolsa de estudos para que ele pudesse cursar o Mestrado em Filosofia na Pontifícia Universidade da Santa Cruz, em Roma. Concluído o mestrado, prosseguiu no Doutorado em Filosofia na mesma Universidade, que concluiu em 2014. De volta ao Brasil, iniciou sua atividade como professor, na UCP e no Seminário Diocesano, onde passou a exercer a função de Diretor Espiritual. É autor de vários trabalhos publicados em revistas especializadas, capítulos de livros em coletâneas além de livros autorais, dentre os quais se destacam as obras: “Ser e Dever Ser: Thomas de Aquino e o Debate Filosófico Contemporâneo”, publicado em 2015,  e “Educar na Liberdade: princípios pedagógicos da ética das virtudes”, publicado no ano de 2020.  Desde 2022 tornou-se também articulista do jornal Diário de Petrópolis onde assina coluna semanal, publicada nas quintas-feiras.”

    Assim referiu-se num dos trechos de sua preleção o Acadêmico Padre Anderson:

    “É uma imensa alegria e uma honra ter sido eleito para ocupar a cadeira de no 30, que recebeu figuras ilustres do clero brasileiro, tais como Monsenhor Conrado Jacarandá, Monsenhor Gilberto Ferreira de Souza, Dom Filippo Santoro e Dom Gregório Paixão. É patrono da cadeira no 30 Dom Agostinho Francisco Benassi, natural do Rio de Janeiro (nasceu em 1868). Ele estudou no Seminário do Rio Comprido e foi ordenado sacerdote em 1891. Exerceu o magistério no Seminário do Rio de Janeiro e, em 1896, recebeu o cargo de Vigário de Petrópolis e permaneceu aqui até 1897. Em 1908 foi nomeado bispo da restaurada Diocese de Niterói e em 1909 fundou o Seminário de São José, em Niterói. Em seu tempo, foram ordenados 32 padres naquela Diocese, da qual Petrópolis pertencia. Em Petrópolis, Dom Benassi atuou em prol da imprensa e se esforçou pela criação de uma imprensa católica. Recebeu da Câmara Municipal da cidade o título de “Bispo da Boa Imprensa”. Em 25 de novembro de 1925 inaugurou, ainda inacabada, a Catedral de São Pedro de Alcântara.

    A mesma cadeira 30 foi ocupada por Mons. Conrado Jacarandá, que também foi vigário de Petrópolis. Aqui deu continuidade aos trabalhos da construção da Catedral, cuja inauguração ocorreria em 29 de novembro de 1925. Animou a imprensa e editou a revista “O Cruzeiro”, entre 1926 e 1928.

    Segundo o Sr. Jorge Ferreira Machado, a revista foi um “verdadeiro manancial de literatura e de história”. Mons. Conrado Jacarandá tomou posse da cadeira da APL em 1928 e nela permaneceu até 1943.

    Por último, ocupou a cadeira no 30 Dom Gregório Ben Lâmed Paixão, beneditino sergipano que, em 1993, recebeu a ordenação sacerdotal. Foi diretor do Colégio São Bento, em Salvador-BA, professor e diretor da Faculdade São Bento. Em 7 de junho de 2006 foi nomeado bispo auxiliar de São Salvador e em 2012 foi transferido para Petrópolis como bispo diocesano, tendo permanecido aqui até 2023, quando foi nomeado arcebispo de Fortaleza. Dom Gregório me possibilitou realizar o doutorado em Filosofia e o mestrado em Teologia Moral, em Roma, entre 2011 e 2019. Ele muito se empenhou em favor da educação e das letras na nossa cidade. Trabalhou pela Universidade Católica de Petrópolis e as 28 escolas paroquiais presentes na nossa cidade. O livro de Ruy Afonso Costa Nunes, “História da Educação na Idade Média”, diz, a respeito da educação beneditina: “Segundo o relato de São Gregório Magno, o abade e diácono Servando foi visitar São Bento.

    De noite, o santo recolheu-se ao seu aposento no alto da torre e Servando ocupou um quarto no pavimento inferior. Diante da torre situava-se a grande morada onde os discípulos de ambos descansavam. Enquanto estes dormiam, São Bento em vigília piedosa, antecipando-se às orações noturnas, de pé junto à janela, rezava a Deus onipotente. Subito, intempesta noctis hora respiciens, de repente, àquela alta hora da noite, ao olhar para fora, ele viu projetar-se do alto uma luz que, difundindo- se em torno, afugentava as trevas da noite e brilhava com tal esplendor que, a fulgurar no meio da escuridão, era mais clara que a luz do dia, ut diem vinceret lux. Querendo alguém por testemunha, São Bento chamou em alta voz pelo diácono Servando, duas ou três vezes, e este acorrendo subiu, olhou para o alto e ainda logrou divisar tênues rastos de luz. Tal como Servando, nós mal percebemos hoje, através dos documentos, vestígios da claridade que a Ordem Beneditina espargiu em ondas de evangelização, de testemunho evangélico, de cultura e de instrução, através da Idade Média, e que ela continua, fiel à intenção do seu glorioso Patriarca, a emitir suavemente do remanso do claustro”.

    Segundo Montalembert, “a educação foi o principal emprego da atividade monástica durante toda a Idade Média”. E a cidade de Petrópolis e a APL percebeu recentemente os vestígios da claridade que a Ordem Beneditina espargiu no mundo. A Ordem transmitiu com fidelidade as luzes da sabedoria divina. Nesse dia, suplico a Deus a graça de ser sempre iluminado pela mesma sabedoria, para continuar a ser um pequeno foco dessa luz na cultura, na nossa Academia e na nossa amada cidade. Muito obrigado a todos.”

    Entre as presenças à bela noite cultural, religiosa e social destacamos os Seminaristas, os integrantes do Coro e músicos que abrilhantaram a Celebração Eucarística, professor Francisco Marcos Rohling, além dos acadêmicos acima referidos, Luiz Carlos Gomes,  Enrico Mattievich e Senhora Carmen, Isa Rabello, Acadêmica Secretaria da Academia Brasileira de Poesia, Casa de Raul de Leoni, representou sua presidente Dra. Júlia Schaefer, Elizabeth Costa, Ana Luzia de Souza da Costa, Dulcina do Valle, Rita Bianchi, Adilson Kloh Júnior, Geraldo Costa, Ellen Costa, Guilherme Werner, Anne Werner e Geovane Werner, Michelle Tavares, Maria Helena Palmeira, Jannete Félix, Marco Antônio Frias, Marta Gomes, Jordani Fernandes, Mariana Rabello da Silva e Rogério Tosta.

    A mãe de Padre Anderson (foto) também esteve presente na posse do filho na APL.

    A palavra retornou ao Presidente Leandro Garcia para o encerramento da sessão e, a seguir,  ouvimos o Hino Pontifício.

    Ao final, os convidados reuniram-se em  confraternização no refeitório do Seminário onde o cardápio contou com a assinatura e o bom gosto dos deliciosos pratos criados pelo Padre Luiz Carlos Zotesso, responsável pelo Seminário de Itaguaí e, também Pároco em Paraty.

    Sob o pálio da Mãe do Divino Amor os encômios são, também, direcionados  ao  idealizador da renomada Academia Petropolitana de Letras, a primeira fundada em um município brasileiro, confrade Joaquim Heleodoro Gomes dos Santos, João Roberto d’Escragnolle e, aos demais que a asseguram no presente e, aos que a sustentaram desde sua criação, pois,  ao longo desses cento e dois anos vêm contribuindo para o engrandecimento dessa obra, preservando a cultura, história e memória, suas raízes e, mantendo viva a tradição  a nos unir desde o dia de seu prelúdio, transformando o sonho em realidade. Academia Petropolitana de Letras, amor e desvelo cujo lema é: “Si Vis Vincere, Ale Primum Vere: Se Queres Vencer, Fortalece Teu Espírito.” 

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