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  • 25/04/2021 08:00
    Por Ataualpa Filho

    A paz é exigente, requer conciliação,perdão, renega o sentimento de vingança, rejeita o ódio, o rancor e não aceita covardia. Para pacificar-se, é necessário ter consciência tranquila. Por essas exigências, a pacificação não se torna tão simples.Conter as rivalidades é um exercício árduo. Para alguns, flexibilizaro orgulho em gesto de humildade é uma tarefa difícil. A luta que se trava dentro de si tem seus reflexos no ambiente em que se vive. A mesquinhez que se carrega na mente e no coração é causa de muitos conflitos.  Desagregações, tanto na família, quanto no ambiente de trabalho, também são provenientes do desgaste provocado pela intolerância.

    A hostilidade entre os seres humanos sempre existiu, principalmente quando a vaidade aflora, ou quando a luta pelo poder vira obsessão. Contudo, háuma certeza: Quem criou o homem não o fez para a guerra.

    Não consigo assimilar a ideia de que a barbárie seja algo inerente à humanidade, porque o ato de amar é que nos conduz à felicidade. Ser feliz é o desejo de todos. Não há felicidade quando se planta o ódio. A guerra é o desamor, o primitivismo humano, a irracionalidade brutal.Viver não é digladiar.

    Sei que, antes do descobrimento da pólvora, irmão já assassinava irmão. Mas, no estágio em que a civilização humana se encontra, tornam-se inconcebíveis crimes hediondos como o espancamento de uma criança até a morte, o desvio de insumo dos hospitais, a falsificação de vacinaem plena pandemia. A sabotagemdas festas clandestinas que não respeitam as medidas preventivas para evitar a proliferação do vírus causador da Covid-19 também reflete a insanidade, a incompreensão daqueles que não enxergam nada além do próprio umbigo. Não aprenderam a respeitar o próximo.

    Tenho alimentado as minhas utopias para não perder a esperança no amanhã. Acredito na vitória do Bem. Sou a favor da vida. Considero-a como um direito intransferível. Por isso, acho que ninguém pode tirar a vida do outro. Fato que me leva a posicionar-me contra a pena de morte.

    Tenho procurado usaressa tecla da paz diante da estupidez inconsequente, da excessiva agressividade neste período pandêmico. Como se não bastasse a tristeza diante de tantas vidas perdidas, ainda temos que testemunhar a insensibilidade, a irracionalidade, a incompreensão e o conflito político sobre as sepulturas cavadas pelo descaso e pelas falcatruas no sistema de saúde. O povo padece na porta dos hospitais.

    O viver em sociedade requer um comportamento cívico regido pelo bom senso que prioriza o bem comum. Quando os gananciosos passos do individualismo suplantam os interesses da coletividade, quando não há paridade, quando o elitismo predomina, estabelecendo divisões sociais, consequentemente, uma parcela da sociedade passa a viver em situação precária.

    No meu parco conhecimento de história, ainda não encontrei nenhuma ditadura preconizadora da civilidade estruturada no respeito mútuo, sem a necessidade de respaldo bélico, sem a ostentação de um poder fincado em baionetas. A gentileza não está no controle remoto. Ainda somos os mesmos e vivemos em uma aglomeração social, tecnocientificamente evoluídos, mas humanamente primitivos: comer, beber, armazenar alimentos, acumular bens, extasiar-se no coito animalesco propagado em mídia…. Como é pequeno o mundo do eu!…

    O status da mediocridade se envaidece pela fama, pelo sucesso. Há um vazio de egos inflados ostentando um glamour que só revela a pobreza interior. Temos que caminhar juntos na criação de uma consciência de direitos e deveres pautados em uma conduta ética, equilibrada para a construção de uma sociedade mais fraterna e menos competitiva…

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