Pacientes psiquiátricos recebem assistência e voltam às famílias
“Eu perdi a minha mãe há 17 anos, fui morar na rua e passei mais de 10 anos internado em um hospital psiquiátrico. Fiquei oito anos sem ver a minha irmã. Foi Deus que me salvou e me levou para a Residência Terapêutica. Ano passado eu realizei o meu maior sonho: voltar a ver a minha irmã e minha sobrinha no dia do meu aniversário”, recorda-se, emocionado, o aposentado José Carlos Ferraz, 63 anos, um dos 18 pacientes que são acolhidos nas três Residências Terapêuticas do município.
A Prefeitura assumiu o desafio de reinserir o paciente psiquiátrico na sociedade, além de promover a desospitalização das unidades psiquiátricas. A Secretaria de Saúde tem a meta de fortalecer a autonomia desses pacientes e promover o resgate familiar e fortalecimento de vínculos.
As Residências Terapêuticas foram criadas a partir da reforma da Psiquiatria, com a criação da Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001, que promove as diretrizes para a assistência psiquiátrica e estabelece uma gama de direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais. O objetivo é que esses pacientes sejam inseridos em vida comunitária e promovam mudanças no estilo de vida.
O prefeito Bernardo Rossi reforça que estão previstas a criação de mais duas Residências Terapêuticas até o próximo ano. “Estamos buscando a habilitação dessas residências e queremos ampliar o número de unidades para que mais pacientes possam deixar o hospital psiquiátrico para ter a sua vida retomada”, diz Bernardo Rossi.
O secretário de Saúde, Silmar Fortes, lembra que o município dentro da Rede de Atenção Psicossocial promove uma assistência intersetorial e multidisciplinar a esses pacientes que deixam o hospital psiquiátrico.
“Em caso de surto, esse paciente é acolhido em um dos dez leitos de 72h do Hospital Municipal Nelson de Sá Earp. Estamos cada vez mais trabalhando para que esses pacientes estejam reinseridos na sociedade”, afirma Silmar Fortes.
Reecontro
Os pacientes acolhidos nas três Residências Terapêuticas do município, em sua maioria, estão com os vínculos familiares rompidos ou não possuem parentes que possam abrigá- los. Por conta disso, a Secretaria de Saúde busca fortalecer a autonomia e independência dos pacientes. O primeiro passo é inseri-los no Benefício de Prestação Continuada, de um salário mínimo. A superintendente de Atenção à Saúde, Fabíola Heck explica que cada paciente tem a tutela do valor recebido e é orientado a poupar e economizar o recurso.
“Nossa equipe está sempre orientando, pois eles têm total autonomia quanto o uso do dinheiro do benefício. Para nós como gestão é muito gratificante vê-los ganhando cada vez mais autonomia”, disse Fabíola Heck.
Além de José Carlos Ferraz, 63 anos, que reencontrou a família após oito anos de afastamento, outras histórias positivas. marcam as Residências Terapêuticas. A coordenadora Cidnea Esteves Moutinho anuncia que neste fim de semana uma mãe voltará a ver as duas filhas adolescentes após o período de três anos afastadas.