Our touring
– Petrópolis é linda?
– Sim, é!
– Possui ela atrativos que despertam a curiosidade de visitantes?
– Sim, é farta em atrativos!
– Está, então, aberta a porta ao turismo e, com ele, o enriquecimento do município!
– Nem assim, nem assado. Nem tanto ao mar – que não possuímos – nem tanto à terra – ocupada nem Deus imagina como!
– Ué ?! Paradoxal encruzilhada na qual estamos metidos?!
– E como!
Pois vejam as senhoras e os senhores. Petrópolis possui uma catedral neogótica, bonita, exuberante, única no Estado do Rio de Janeiro e nela a Capela Imperial com os restos mortais de nossos amados Chefes de Estado dos tempos do 2º Reinado : o imperador D. Pedro II e a Princesa D. Isabel e outras personalidades ilustres de nossa bela história. Relíquias do sentimento e da memória.
Andando um pouquinho para mais adiante, atravessando maravilhosa coleção de bela arquitetura – a céu aberto – a avenida Koeler, o visitante chega à rua do Encanto onde vê a casa de Santos-Dumont, que flutua no espaço como uma nave, tal como a idealizou o inventor brasileiro mais famoso do Mundo.
O ruidoso grupo de curiosos já havia passado por um Museu que guarda as relíquias de tempos mágicos, instalado no palácio de verão do fundador da cidade. Um passeio encantador e respeitoso, no etéreo aconchego sobre pantufas deslisantes por salas e ricos salões multicoloridos. Também desfilara diante de um belo palacete, de nome Hermogênio Silva mas que o povo chama de “Amarelo” ou de “Prefeitura”, coisas do uso de cachimbo histórico torto. E todo encoberto por tendas que lembram as aventuras da “Legião Estrangeira” nos desertos africanos.
Passara o visitante por um obelisco igual ao de muitas cidades e vilas de nosso país e do mundo, com placas de homenagem às famílias germânicas dos tempos da colonização, no coração da rua do Imperador, a sempre chamada “avenida 15 de novembro”.
E passam todos pelo Palácio de Cristal, um gigante de ferro e vidro, presente do Conde D´Eu à esposa Isabel para que ela cultivasse e expusesse suas flores e, lá no fundo, numa elevação, admiram a cúpula do “Trono” dedicado à N. S. de Fátima.
E, por ai andando e olhando, os turistas também deparam com poucas flores coloridas, riachos poluídos e assoreados, frestas nas pistas de rolamentos de veículos e calçadas dos pedestres, uma fiação horrorosa entrelaçada nos postes, pichações nojentas nos principais prédios públicos, nos muros, nas casas, nas paredes, uma “bienal” urbana de mau gosto e irresponsabilidade de quem borra e daqueles que nada ou pouco fiscalizam.
E vai-se por ai e por ai pelas praças e ruas com restos de comida espalhados, papéis de embalagens largados nos pisos e canteiros, enfim, um retrato nada convidativo para visitas dos turistas. E observem que muitos visitantes deseducados aumentam a poluição, sem falar que nós, residentes, já estamos acostumados a tanta irresponsabilidade política de vesga atuação na galinha dos ovos de ouro do Município.
– Petrópolis é linda?
– Sim, é.
O cuidado que se tem com ela é que é muito feio.