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  • 16/03/2021 08:00
    Por Mariane Morisawa, especial para o Estadão / Estadão

    Num ano difícil para o cinema e para o mundo, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas faz história com várias indicações inéditas e algumas surpresas. Pela primeira vez, duas mulheres concorrem ao Oscar de melhor direção no mesmo ano: Chloé Zhao por Nomadland e Emerald Fennell por Bela Vingança. Chinesa, Zhao também é a primeira mulher não branca a disputar a estatueta na categoria. As duas são apenas a sexta e a sétima mulheres a concorrer por direção, depois de Lina Wertmüller (Pasqualino Sete Belezas, em 1977), Jane Campion (O Piano, 1993), Sofia Coppola (Encontros e Desencontros, 2003), Kathryn Bigelow (Guerra ao Terror, 2009) e Greta Gerwig (Lady Bird, 2017). Bigelow é a única vencedora.

    Chloé Zhao também é a primeira mulher a concorrer em quatro categorias no mesmo ano: filme, direção, edição e roteiro adaptado.

    Outra surpresa da categoria melhor direção foi a indicação do dinamarquês Thomas Vinterberg por Druk – Mais uma Rodada, que também disputa o Oscar de filme internacional. Ele parece ter tomado o lugar de um suposto favorito, Aaron Sorkin, por Os 7 de Chicago. Lee Isaac Chung é o primeiro diretor de origem asiática nascido nos Estados Unidos a concorrer, por Minari – Em Busca da Felicidade. Completa a categoria David Fincher, em sua terceira disputa, por Mank.

    No anúncio da manhã de ontem, o casal Priyanka Chopra Jonas e Nick Jonas revelou ainda que 9 entre os 20 indicados nas categorias de atuação são pessoas não brancas, um avanço e tanto em relação ao ano passado, quando houve apenas uma concorrente negra – Cynthia Erivo por Harriet. Steve Yeun é o primeiro americano de origem asiática a disputar o Oscar de melhor ator, por Minari. O inglês Riz Ahmed é o primeiro de origem paquistanesa e o primeiro muçulmano na categoria, por O Som do Silêncio. O favorito é Chadwick Boseman, o primeiro ator negro a concorrer postumamente, por A Voz Suprema do Blues. Dois veteranos completam a lista: Gary Oldman, por Mank, e Anthony Hopkins, por Meu Pai.

    Na categoria melhor ator coadjuvante, a surpresa foi LaKeith Stanfield, que fez campanha como ator principal por Judas e o Messias Negro. Ele concorre à estatueta com seu companheiro de elenco Daniel Kaluuya, que parecia o favorito até aqui. A indicação dos dois como coadjuvantes levanta a questão de quem é o protagonista do longa. Leslie Odom Jr., de Uma Noite em Miami, é o terceiro ator negro na disputa – ele também foi indicado para o Oscar de melhor canção, por Speak Now. Os outros dois atores coadjuvantes na corrida são Paul Raci, por O Som do Silêncio, e Sacha Baron Cohen, por Os 7 de Chicago.

    Viola Davis (A Voz Suprema do Blues) e Andra Day (Estados Unidos vs. Billie Holiday) são concorrentes ao lado de três atrizes brancas: as inglesas Vanessa Kirby (Pieces of a Woman) e Carey Mulligan (Bela Vingança), e a americana Frances McDormand (Nomadland).

    Entre as coadjuvantes, a sul-coreana Yuh-Jung Youn (Minari) também entra para a história como a primeira de seu país indicada para a categoria, um feito que nem as atrizes de Parasita conseguiram no ano passado. Maria Bakalova (Borat 2: Fita de Cinema Seguinte) é a primeira atriz búlgara a concorrer. Completam a lista Glenn Close (Era uma Vez um Sonho), Olivia Colman (Meu Pai) e Amanda Seyfried (Mank). É a oitava indicação de Close, que nunca levou um Oscar e concorre ao Framboesa de Ouro pelo mesmo papel. Jodie Foster, que surpreendeu ao vencer o Globo de Ouro por The Mauritanian, ficou de fora.

    Outro destaque é o romeno Collective, que concorre em duas categorias: melhor documentário e melhor filme internacional.

    Neste ano, os indicados para o Oscar de melhor filme são apenas oito: Bela Vingança, de Emerald Fennell; Judas e o Messias Negro, de Shaka King; Mank, de David Fincher; Meu Pai, de Florian Zeller; Minari – Em Busca da Felicidade, de Lee Isaac Chung; Nomadland, de Chloé Zhao; O Som do Silêncio, de Darius Marder; e Os 7 de Chicago, de Aaron Sorkin. Como os cinemas ficaram fechados nos principais mercados americanos a maior parte do ano, apenas três dos oito concorrentes não foram lançados no streaming ou concomitantemente nas salas abertas e no streaming: Meu Pai, Minari e Bela Vingança.

    Mank lidera em número de indicações, com dez. Curiosamente, o filme, que fala sobre o roteirista de Cidadão Kane e foi escrito por Jack Fincher, pai do diretor David Fincher, não concorre ao prêmio de roteiro original. Em seguida, com seis indicações cada um, aparecem Meu Pai, Judas e o Messias Negro, Minari, Nomadland, O Som do Silêncio e Os 7 de Chicago. Mas isso não significa que Mank seja o favorito.

    Depois de dois anos (2015 e 2016) em que a hashtag #OscarsSoWhite dominou as conversas sobre a premiação, a Academia resolveu se mexer e diversificar seus membros, passando de 25% de mulheres em 2015 para 33% em 2020 e de 10% de não brancos em 2015 para 19% em 2020. É possível que as indicações deste ano sejam um reflexo disso – e também da produção mais diversificada. Mas também é capaz de ser apenas um ponto fora da curva de um ano para lá de atípico. Esperemos que não.

    PRINCIPAIS INDICADOS

    Filme

    Meu Pai

    Judas e o Messias Negro

    Minari – Em Busca da Felicidade

    Mank

    Nomadland

    Bela Vingança

    O Som do Silêncio

    Os 7 de Chicago

    Atriz

    Viola Davis, por A Voz Suprema do Blues

    Andra Day, por Estados Unidos vs Billie Holiday

    Vanessa Kirby, por Pieces of a Woman

    Frances McDormand, por Nomadland

    Carey Mulligan, por Bela Vingança

    Ator

    Riz Ahmed, por O Som do Silêncio

    Chadwick Boseman, por A Voz Suprema do Blues

    Anthony Hopkins, por Meu Pai

    Gary Oldman, por Mank

    Steven Yeun, por Minari – Em Busca da Felicidade

    Direção

    Chloé Zhao, por Nomadland

    Lee Isaac Chung, por Minari – Em Busca da Felicidade

    Emerald Fennell, por Bela Vingança

    David Fincher, por Mank

    Thomas Vinterberg, por Druk – Mais uma Rodada

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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