Os símbolos religiosos: origens e funções
O uso de símbolos é uma das formas mais antigas de comunicação entre os seres humanos. Através de símbolos nos comunicamos transmitindo mensagens, convicções, histórias, sentimentos. Mas para que os símbolos desempenhem sua função de comunicação, é necessário que as pessoas conheçam seu significado. Por isto, os símbolos são sempre elementos coletivos, que dizem respeito a um grupo de pessoas. As letras e os números são, por exemplo, símbolos coletivos muito conhecidos e compreendidos por todos. Desde os inícios da humanidade até os dias de hoje, os símbolos têm um papel muito importante na comunicação humana. As logomarcas são um exemplo de como hoje a simbologia tem um papel de destaque: as empresas desenvolvem e tornam conhecidas suas logomarcas, como símbolos que apontam para a sua identidade, os seus produtos, os seus serviços, etc. Outro lugar onde a simbologia tem uma história muito antiga são as religiões. Praticamente todas as religiões tem seus símbolos, quer sejam oficiais ou surgidos pela tradição. Nelas os símbolos são usados para indicar as convicções, as doutrinas, os acontecimentos históricos, a divindade. Boa parte dos símbolos religiosos apontam para algum elemento original ou originante na respectiva tradição religiosa, seja em torno da história ou do imaginário da origem da tradição. Mas além da função importante de apontar para algum conteúdo (da história, de algo que se crê, de transmissão da doutrina, etc.) os símbolos religiosos têm a função importante de criar coesão na comunidade. Os membros do respectivo grupo religioso se identificam com o símbolo, criando assim laços comunitários através do símbolo. Desta forma, o símbolo religioso tem não apenas uma relação vertical com os fiéis, mas também uma relação horizontal de união entre os fiéis. Assim, se poderia dizer que os símbolos religiosos têm duas funções básicas importantes: a transmissão de conteúdos e a criação de uma identidade comum entre os membros daquele grupo ao qual o símbolo está relacionado. A força de um símbolo depende muito mais da identificação do determinado grupo entre si a partir do símbolo, criando assim o efeito de coesão e identidade grupal, do que necessariamente do conteúdo que ele representa. A tradição cristã, por exemplo, é muito pródiga em símbolos: a cruz, o cordeiro, o peixe, o tau e muitos outros. Cada qual condensa um significado, uma história e transmite uma mensagem. Mas nem todos eles têm a mesma força simbólica, isto é, nem todos causam o mesmo efeito de criar identidade entre os cristãos. E estes símbolos cristãos tiveram inclusive papeis diferentes ao longo da história.