
Os percalços do casal Silva
Há poucos dias, na Rua do Imperador, encontrei-me com o casal Silva, Gertrudes e o esposo, o querido amigo Epaminondas.
Percebi os mesmos um tanto preocupados, por conseguinte não permitindo que o diálogo prosseguisse como de costume, despedindo-se rapidamente vez que já estava programada pelos amigos uma viagem a São Paulo.
Dias após, entretanto, o amigo Epaminondas telefonou-me para comunicar que havia deixado a casa em que residiam, há mais de vinte anos, relatando-me que durante uma viagem que o casal realizara à capital paulista, em visita ao filho, nora e netos, quando do retorno à Petrópolis, qual não foi a triste surpresa ao encontrar a casa arrombada – limpeza geral!
A providência imediata que adotaram foi de alugar o imóvel, uma vez que em face da idade de ambos, não tinham mais sossego em permanecer naquela que fora, a casa de seus sonhos, por longos anos.
Ante a grande amizade que sempre existiu entre o casal e a nossa família, inclusive sua esposa que também fora professora, colega de minha mulher, foi-me comunicado que já estavam residindo num apartamento no centro da cidade, aduzindo, “felizes da vida”.
Passados alguns meses fomos convidados pelo casal amigo para visitá-los na nova residência.
Lá permanecemos por largo tempo “para matar saudades” e, também, para conhecermos a nova residência.
O sol, “sem qualquer cerimônia”, fazia penetrar nos cômodos do apartamento propiciando muita alegria ao casal, que afirmava: “o apartamento é nota 10”.
Todavia, sérios acontecimentos passaram a ocorrer aborrecendo os amigos de forma insuportável.
O imóvel do andar superior ficara vago e os novos locatários, estudantes, passaram a incomodar, “sem dó nem piedade” os moradores do apartamento ocupado por Epaminondas e sua esposa, segundo relato dos mesmos, de maneira insuportável.
Tristonhos, até porque especialmente à noite, após às 21h, marchavam como se fossem “soldados” incomodando os idosos locatários.
Reclamações dirigidas ao síndico do prédio como, também, aos mal educados mas nada se operou no sentido de que fossem atendidos.
Incrível que pareça – e nada acontece por acaso – a antiga residência dos amigos acabara de ficar desocupada vez que o locatário e família decidiram mudar-se para o Rio de Janeiro.
Por isso mesmo, não tardou muito para que Epaminondas e sua esposa deixassem a Rua Paulo Barbosa e bem depressa retornassem para a antiga vivenda, agora melhor resguardada e o mais importante, felizes.
Quanto aos estudantes, certamente chegarão à velhice e quiçá, um dia, irão se recordar do “infeliz soldado” que “marchava com violência”, acompanhado por dois outros de idêntico “naipe”, dos mal educados.