• Os Fragmentos do Amor de Isa Rabello

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 29/abr 08:00
    Por Fernando Costa

    Petrópolis não é somente uma Cidade bela, turística, histórica, elegante e ornada em cultura.

    É, também, um celeiro em poetas e de belas letras em suas incontáveis nuanças.

    No sábado, dia 26 de abril de 2025, às 18h, ocorreu o lançamento do primeiro livro de poesias de Isa Corrêa Rabello Beck, em noite das mais prestigiadas, sucesso esse, sobretudo, ante a presença de cultores da literatura, jornalismo, amigos e familiares.

    A diagramação da obra é de Marta Lage; a revisão, do professor Ataualpa A. P. Filho, presentes ao evento, e a ilustração da capa é do seu Dindo.

    A renda obtida no evento teve parte destinada à Fraternidade Espírita Oswaldo Cruz, sediada à Av. Gal. Marciano Magalhães, 339, Morin, nesta cidade de Petrópolis, RJ.

    Fotos: Luana Lagreca

    A Academia Brasileira de Poesia-Casa de Raul de Leoni em sua sede à Praça da Liberdade, nº 247 e que tem à frente o Acadêmico João Bini, professor, escritor e poeta dos mais conceituados, abriu a solenidade, junto à brilhante Diretoria vem realizando uma profícua gestão promoveu o elegante evento e mereceu o apoio da APL, IHP, OAB, Terceira Subseção Petrópolis, RJ, APLEJUR, Doutores Costa e Barbosa Advogados e ABPRL.

    Impossível registrar todas as presenças, além das nomeadas sem mencionar a vice-presidente do IHP historiadora, poeta, membro da ABPRL e escritora Vera Abad, o Jornalista Vinicius Fernandes, o vice-presidente da APL escritor e professor Leandro Garcia, enriqueceu o evento em bela apresentação da autora aos incontáveis convidados, o acadêmico membro da APL, IHP e Rotary José Afonso Barenco de Guedes Vaz, autor do posfácio, o presidente da APLEJUR, Defensor Público e professor Herbert Cohn, o poeta e músico internacional Célio Barbosa, Membro Emérito da APLEJUR, a representante da cultura germânica Maristela Esch e sua mãe Glória, o representante da Fraternidade Espírita Oswaldo Cruz Engenheiro Sérgio Luiz Oliveira, professora da UCP Josília Fassbender Barreto Nascimento, o esposo de Isa o incansável Rodrigo Beck, a irmã Isis e seu marido Carlos Eduardo Albano, tios, primos, parentes, entre outros.

    Isa Rabello é também, advogada e tem participado em diversos programas literários, publicações conjuntas em periódicos e meios eletrônicos.

    Isa estreia no fantástico mundo das letras em alto estilo.

    Fotos: Luana Lagreca

    Envereda pelos jardins da poesia e as frestas dos raios de luz a encandecem em lirismo, sensibilidade, e liberdade, característica de seus versos, livres, belos, ritmados, repletos em sonhos e ternura.

    Poesia, das expressões, a mais alta permitida a privilegiados.

    Bom é constatarmos que nessa altura da vida a arte dos versos não está esquecida ou relegada a um plano inferior.

    Ela existe na singeleza das flores a exemplo do florilégio “Um poema”, “Tanto amor”, “Despedida” e “Saudade.”

    A autora transita pela Avenida Köeler e, vez por outra circunda o Museu Imperial e o Parque Cremerie e se extasia com o fluir da água do regato, pingos da chuva que caem, a sinfonia das cigarras no instante em que pousa em seu ombro uma borboleta, cor de violeta e se emociona ante o sorriso meigo da criança, gesto de ternura e inocência pura a ultrapassarem a filigrana retórica, estilística, a semântica e a prosopopeia…

    Mais adiante, o chilrear do pássaro. Encontra o supedâneo a seus clamores e louvações a emoldurarem as páginas de Fragmentos do amor cujas aliterações e caligramas são naturais e harmoniosos.

    Fotos: Luana Lagreca

    Guardo no escrínio de meu coração a dedicação e esmero com que Isa cuidava de meus alfarrábios, digitando meus textos, sempre solícita.

    Dela, recebi incentivo e aplausos, combustível essencial a prosseguir neste apostolado, amizade livre do desgaste pelo tempo, azinhavre ou  ferrugem.

    Pincei os versos “Se eu soubesse escrever palavras lindas!”

    “Como um poeta que busca o amor…

    O quanto aprendi e aprendo na dor.”

    Não obstante seu estro poético, cursou em paralelo, o Bacharelado em Direito, Filosofia e Administração na Universidade Católica de Petrópolis, inglês (Heaven’s Idiomas), espanhol (IBEU) e informática. É assessora literária da APLEJUR, Academia Petropolitana de Letras Jurídicas.

    A música, também, permeia o seu universo, por isso, cursa violão e dança.

    Seus versos fluem fáceis e têm a limpidez da água cristalina. Isa é poeta e cria, sente, clama e cintila.

    Fotos: Luana Lagreca

    É uma estrela dos céus petropolitanos.

    É sincera e sensível, atinge o coração dos que a lêem.

    Tímida, responsável, estudiosa e introspectiva não a impedem desde tenra idade desfolhar, meditar e tornar-se íntima de Fernando Pessoa, Florbela Espanca, Cecília Meireles, Vinícius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade, Cora Coralina, Adélia Prado, Clarice Linspector, haja vista sua característica frágil, generosa e romântica.

    Entre seus poetas prediletos na Imperial Cidade de Petrópolis, Fernando Costa, Christiane Michelin, Carmen Felicetti, Paulo César dos Santos, Osmar de Guedes Vaz, e Fernando Magno.

    Descende de família tradicional, o lado materno, Antunes e Rabello, Portugal, Ilha da Madeira e o paterno Corrêa e Mercaldo, Portugal e Itália.

    É membro efetivo da Academia Brasileira de Poesia – Casa de Raul de Leoni, Cadeira número 18, patronímica de Ernesto José Ferreira Paixão.

    E a Casa dedicada ao poeta Raul de Leoni, em cujo panteão tomou assento homenageou esse ícone da poesia, autor de “Luz Mediterrânea” ele, padrinho de seu avô Altair Antunes e Rabello.

    A partir de Fragmentos do Amor surgirão outras edições mercê de sua experiência ao maravilhoso universo da criação a enriquecer os inúmeros amigos e admiradores e, sobretudo a si mesma.

    Fotos: Luana Lagreca

    Carlos Drummond de Andrade disse “que as letras sejam um bem a todos”. Essa é minha sensação, a menina estudiosa, a jovem dedicada, hoje a profissional competente e culta alça voos rasantes e adentra aos pórticos literários e acadêmicos.

    Fragmentos do amor, o mesmo amor de padrinho que vicejou em pétalas deste poema feito para a brilhante escritora e poeta:

    Isa

    Suave, qual leve brisa.

    Se há intempéries as minimiza.

    Possui a classe de elegante baliza.

    É Generosa.

    Ama, serve e nada visa.

    Possui um coração de anjo,

    Evangeliza.

    Sua candura  a eterniza.

    Belo é poder estar com a Isa,

    misto de fada, em cuja alma esparge luz.

    Segue seus passos, na longa trilha

    E realiza, cristaliza, preconiza, e Canoniza.

    Seja feliz, querida Isa

    Você não rivaliza, nem causa divisa.

    Ao contrário, Cristianiza, porque no Olimpo

    É pitonisa.

    Leandro Garcia, Doutor e Pós-doutor em Estudos Literários pela PUC-Rio e Pós-doutor em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia de Belo Horizonte. Professor Adjunto II de Teoria Literária e Literatura Comparada da Faculdade de Letras da UFMG, atuando nos ensinos de graduação e pós-graduação; pesquisador (bolsista produtividade) do CNPq. Atual presidente da Academia Petropolitana de Letras para o biênio 2023-2025, autor do prefácio da obra “Fragmentos do Amor” de Isa Rabello, assim pronunciou-se:

    “Vários são os sentimentos irmanados, despertos e explorados na Poesia. Várias são as motivações e necessidades que levam os poetas a testemunharem numa folha de papel aquilo que o íntimo sentimental lhes desperta. De todos esses impulsos, creio que o amor é aquele que mais dialoga e se faz presente na Poesia, e disso este livro de Isa Rabello – Fragmentos do amor – é a mais nova demonstração.

    Comecemos pelo artigo “o” conectado à preposição “de”, logo no título Fragmentos do amor. Não sei se a autora pensou nesta questão, mas o uso do artigo, na língua portuguesa, demonstra aproximação e intimidade do sujeito em relação ao objeto. Genericamente, o título poderia ser “Fragmentos de amor”. Mas não, Isa Rabello optou para um sintomático “do”. Digo sintomático pois, do ponto de vista filológico, isso tem uma importância expressiva e semântica: há proximidade desta autora em relação ao sentimento do amor, talvez este seja o personagem mais importante de todos esses poemas. Ao falar poeticamente do amor, Isa Rabello não pratica o distanciamento tão desejado pelos poetas e teóricos da Antiguidade, especialmente Aristóteles e Horácio, que defendiam que a poesia era arte através dos versos, mas esta arte era fictícia, uma representação apenas e por isso o poeta deveria distanciar-se. Ao contrário, Isa Rabello toca e conhece o objeto que mais se faz presente nos seus textos, isto é, o amor.

    Fotos: Luana Lagreca

    Neste sentido, aproxima-se mais da tradição romântica do século XIX do que do Classicismo e isso não é ruim, apenas uma opção estilística e temática desta autora. Há teóricos da literatura que defendem a ideia de que a Poesia nunca é impessoal, é sempre um grito desperto pelo silêncio do íntimo de cada um; parece-me que Isa Rabello deu este grito, fez essas confissões no seu papel, usou sua pena para desabafar – bem ao gosto da tradição dos poetas românticos dos oitocentos – particularmente os ultra-românticos ou bayronianos. O poema “Tanto amor” é um bom exemplo:

    “Tanto quanto eu possa te dar

    De amor, de louvor, de dor

    Eu te darei o amor sem disfarce

    Será despido de orgulho e rancor

    […]

    Tanto amor te darei como em

    Poemas, cartas e versos que te

    Escreverei, tanto quanto em

    Conceder-te beijos e danças eternas

    Tanto amor te darei

    Como fidelidade, sorte

    E tudo o que você esperar

    De mim, tanto amor te darei…”

    Ora, este fragmento demonstra um pouco acerca do que o leitor encontrará neste livro de Isa Rabello: confissões e declarações efusivas de lirismo no sentido mais genuíno desta ideia. Aliás, não nos esqueçamos de que o próprio gênero literário devotado à Poesia – o gênero lírico – tem seu nome derivado da lira, antigo instrumento musical grego que era utilizado durante os cantos e músicas amorosos e sentimentais. Por isso a associação entre o lirismo e a expressão honesta dos sentimentos íntimos, quaisquer que fossem eles; tendo o amor a primazia sobre os demais.

    Neste sentido, o amor pode ser vivenciado (ou problematizado) de diversas formas, e um recurso sempre lembrado são as inúmeras perguntas e os infindáveis questionamentos, como podemos perceber no poema “Saudade”, do qual retiro os próximos trechos:

    “Será saudade?

    Será mesmo?

    Ou será vontade de não ser esquecido

    De estar sempre vivo em pensamento contido

    Será que a saudade é dor?

    Só é dor de amor, quem sabe..

    Eu não sei

    Nem de mim, nem de você…

    […]”

    As dúvidas fazem parte da Poesia, precisam existir no jorro poético que o coração desperta, interroga e expõe. Dúvidas nem sempre são negativas, ao contrário, duvidar incita e excita o fazer poético, pois tentamos sempre responder via verso literário, isso fica bem claro neste livro de Isa Rabello. Trata-se mesmo de uma questão e um problema antigos na Teoria Literária: até que ponto podemos aprender com o texto literário? Quando o texto literário além de encantar, também pode ser um instrumento de questionamento e até de aprendizado? São perguntas cujas respostas estes poemas de Isa Rabello ajudam a responder e interiorizar, como podemos depreender do texto “Um poema”:

    “[…]

    Se eu soubesse escrever palavras lindas,

    Como um poeta que busca o amor

    Mas através deste poema só sei dizer

    O quanto aprendi e aprendo na dor.

    Veja o dia que temos

    As horas que perdemos

    Tentando entender os porquês

    Quando só Deus sabe…

    […]”

    “Se eu soubesse escrever palavras lindas, Como um poeta que busca o amor” – esta passagem soa como uma espécie de problema, já descrito acima, ainda mais num poema chamado “Um poema”, ou seja, nada mais metalinguístico e questionador: a poesia a serviço da Poesia, o texto falando do próprio texto, o poema perguntando e respondendo ao próprio poema. Este mesmo recurso – a chamada função metalinguística – também pode ser vista e sentida neste quarteto do poema “Um verso para você”, no qual o verso fala em nome do próprio verso:

    “Queria fazer um verso para você

    Mas não achei palavras

    E resolvi para sempre esquecer

    Passear por outras estradas.”

    O prazer da leitura é sempre uma descoberta, um adentrar no reino estranho e misterioso das palavras e dos textos. Por isso, convido você leitor a descobrir e conhecer o mundo pessoal e lírico de Isa Rabello, que ora nos é apresentado neste seu livro Fragmentos do amor.

    E mais uma vez reitero que é “do amor”, do seu amor agora transcrito através desses versos e desses poemas que temos o privilégio de conhecer. Não se trata de um amor qualquer, um sentimento genérico e disperso. Não! É o seu sentimento, o seu amor, a sua poesia… o seu livro que nos é oferecido. Termino esta apresentação com o delicado poema “Despedida” que, por si só, apresenta muito do que considero ser a função da Poesia:

    Desde o último beijo

    O primeiro abraço

    Tanto se passou…

    A dor da espera, o cansaço

    Quando se quer encontrar

    Em qualquer esquina, em

    Qualquer lugar um rosto

    Que sempre foi o motivo de amar!

    E na despedida há algo

    De mágico, mas também há

    Um sentimento inexplicável,

    Incomparável que só o coração

    Ousou sentir.

    “E na despedida há algo  De mágico” – Sim! Algo de mágico e também encantador, algo que marca e que fica, que permanece e que transforma por dentro, a saber: a Poesia e suas dinâmicas constitutivas.”

    O escritor, historiador, cronista e advogado José Afonso B. de Guedes Vaz, Membro da Academia Petropolitana de Letras, Titular da cadeira nº 26, Patronímica: D. Azeredo Coutinho assim referiu-se à obra de Isa Rabello:

    “Como se pode vislumbrar dos inúmeros poemas que sua inspiração fez produzir, vale-se, com maestria, do dom recebido das Alturas quando descreve a propósito da importância do amor no transcorrer da sua vida, como, também, ao escrever suas poesias.

    Trata-se, por conseguinte, de uma pessoa plena de sensibilidade, abalizada poeta, portadora, posso afirmar, de um coração que quase não lhe cabe no peito.

    E mais, suas produções, sem dúvida, escritas com “tintas do coração”, lastreadas, sobremaneira, na ternura, nas boas recordações, além de outras situações que a poeta faz descrever através de apuradas reflexões.

    Gostaria, ao finalizar, de transcrever a última estrofe do poema “Foi por você”, integrante da obra que certamente irá encantar a todos que a tiverem em mãos.

    “O coração nunca se engana

    Mas dessa vez ele se enganou

    Foi por você que eu amo

    Mas não foi a mim quem amou”

    Alvíssaras, notável poeta!”

    Ao final, entre as homenagens, flores e bela apresentação musical estrelada por Isa Rabelo e a cantora  Veronica Guerra e a homenagem prestada pela mãe de Isa, Senhora Márcia Rabello Corrêa a todos emocionou.

    Parabéns, Isa querida uma estrela nos céus da poesia e sua luz reflete em  todos nós. Brilhe, brilhe, brilhe até incendiar o infinito!

    Últimas