Os fantasmas imobiliários
“Ora bolas!” – dizia sempre o inesquecível intelectual Mário Fonseca.
Verdadeiro: a ninguém é novidade essa Petrópolis por sua política e seus políticos envergonhando em cada esquina e em decisões de puro corporativismo, o desenvolvimento municipal, como unidade que é do Estado do Rio de Janeiro, esse reduto criador de nomes que denegriram a moral e conspurcaram os costumes e o comportamento mais trivial e humanamente aceitável de um mínimo exigível pela vida social.
Dizem que Petrópolis – bela cidade serrana – é um oásis no amplo deserto que é o Rio de Janeiro, politicamente falando, este com registros escandalosamente vergonhosos sempre perpetrados contra todos nós, por atos desprezíveis de torpes politicagens, falcatruas, roubos indecentes, uma vergonha nacional e mundial.
Citar nomes vis – pelo decorrer da história fluminense -, ocuparia inúmeras edições desse veículo de opinião que acolhe nossas observações pobremente inocentes por esmagadas e enroscadas nesse mar de lama que a tudo rodeia.
Ora bolas! Sim, senhores! Apesar de chamada de oásis, a nossa querida e tão machucada Petrópolis, tem muitos registros inexplicáveis e um deles – até explicável – está na manchete da “Tribuna” de ontem, que assinala: “PMP notifica mais de 3,7 mil imóveis em condomínios de luxo que não pagam IPTU”.
Se estou dormindo, por favor, sacudam meu corpo para que salte da cama da incredulidade e caia, de vez, em um buraco do tamanho médio de uma cova sepulcral.
O que dizer sobre a fiscalização fazendária municipal que destaca fiscais morros acima e abaixo, buscando carrapato amasiado com pulga, intimando e multando edificações paupérrimas por problemas de miséria, e fazendo vistas grossas para condomínios de luxo???
Alguém por aí possui alguma explicação coerente escondida entre a razão e o viciado comportamento do olho vesgo ou do ajuste do reajuste reajustado?
Que constatação é essa, findos os dois primeiros decênios do século XXI, da descoberta de um descuido de tal porte e jaez? Sem registro e imposto zero, a notícia afiança que são 3.782 imóveis “considerados de luxo” que não existem no município, senão por alguma benesse estranha, oculta, secreta, ai, ai, ai… Adjetivações não faltam para definir tão largo e incrível descalabro.
Quem recolherá os atrasados? A quem criminalizar pelo esquecimento? Que explicações estão devendo as autoridades de ontem, que fizeram vistas grossas no coexistir com imóveis fantasmas?
E a Câmara, sempre de resoluta atitude, como a de mudar o nome de homenagem no salão nobre – do adquirente e autor do prédio dr. Hermogênio Silva – para João Francisco – deveria ter preocupações maiores do que a aprovação desse descalabro, com todo o respeito que nos merece o confrade acadêmico João. O povo comenta em todas as esquinas da coerência essa mexida inconsequente, totalmente injusta.
Pois, então, nossos edis cuidem de denunciar e apurar feitos que atingem a todo o Município – o caso da mão gorda no IPTU – e deixe de lado o interesse pessoalíssimo que norteou o projeto Hermogênio-João.
Século XXI, gente! O Mundo está mudando e Petrópolis respeita a saúde dos equinos, embora desrespeite a miséria da população, que paga o IPTU, mesmo com os bolsos furados.
Ora bolas, não importa, desde que estejam bem cuidados e de fornidos bolsos os fantasmas imobiliários!