Operários protestam contra salários atrasados e colocam fogo em prédio
Aproximadamente 40 operários que trabalham no condomínio Pedra do Açu, localizado no Conjunto Habitacional do Caetitu, em Corrêas, fizeram uma manifestação ontem, cobrando dois meses de salários atrasados. O protesto começou por volta das 7h e alguns funcionários chegaram a atear fogo em um prédio anexo da construção, onde ficava o vestiário utilizado pelos trabalhadores. O Corpo de Bombeiros foi acionado e conteve o incêndio no galpão. O condomínio, composto por 119 apartamentos, faz parte do programa “Minha casa, Minha Vida”, do Governo Federal.
Há cerca de 5 meses, a obra, que estava parada, foi retomada. A intervenção atraiu funcionários de outros municípios que passaram a viver em Petrópolis. Esse é o caso do pedreiro Fernando Silva de Oliveira, que veio de Três Rios com a esposa, após receber a proposta de ser um dos empreiteiros da obra. Porém, com o atraso de 60 dias no salário, o funcionário já está devendo dois meses de aluguel da casa em que está morando, no bairro Madame Machado.
“É muito frustrante ficar sem receber o próprio salário e não ter previsão. Quando a gente procura o engenheiro da empresa, ele alega que no dia seguinte o dinheiro será depositado, mas até hoje isso não aconteceu. Após eles pagarem 50% do valor combinado, já com atraso, simplesmente deixaram de quitar o que faltava. Precisamos sobrevier, ainda mais eu e minha esposa, que não temos com quem contar aqui na cidade. Nossas famílias estão em Três Rios”, disse nervoso.
O também empreiteiro Joaquim de Oliveira Barros recebeu apenas parte da “medição” feita no mês de junho. “A nota do meu trabalho ficou em quase R$ 14 mil, mas recebi apenas R$ 7 mil. Na segunda-feira desta semana fechei outra medição e não há previsão para receber. Um absurdo!”, disse indignado.
Até mesmo os funcionários diretos da Construtora Andrade Almeida Ltda., empresa responsável pela construção, alegam estar com o salário atrasado. “Estou sem receber 13° salário e 35% do meu salário”, contou um trabalhador, que preferiu não se identificar. Ainda de acordo com ele, além do espaço que ficou parcialmente destruído por causa do incêndio, 2 mil metros de tubos de PVC, utilizados para enterrar fiações elétricas, foram perdidos.
De acordo com o mestre de obras da empresa, Pedro Paulo Tardim, os salários atrasados serão pagos entre hoje e quinta-feira. Já os funcionários alegaram que se o dinheiro não for depositado, eles não permitirão que as obras continuem, nem que os materiais de construção entrem no espaço.