Operação Mandala: Polícia Civil prende integrantes da Seita Irmandade Celestial
Policiais Civis da 105ª e 106ª Delegacias de Polícia prenderam na manhã de hoje (5), em um sítio na cidade de Itaguaí, 11 integrantes da Seita Irmandade Celestial (anteriormente chamada de Seita Mundial). Eles são acusados de estelionato, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Segundo investigações da polícia, que chamou a Operação de Mandala, a seita comandada por Donato Brandão Costa, de 46 anos, chegou a movimentar cerca de cinco milhões de reais. O dinheiro foi levantado utilizando empresas de fachada e por meio de ações judiciais. Todos os presos estão com mandatos de prisão preventiva e serão levados para a penitenciária de Bangu, no Rio de Janeiro.
"O grupo compartilhava dados de seus membros com o líder e posteriormente ingressavam com ações judiciais pleiteando indenização por danos materiais e morais alegando que não abriram as respectivas contas em instituições bancárias. Em apenas três anos que se fixaram em Petrópolis (entre 2013 a 2016) ingressaram com 33 ações judiciais na Comarca, sendo 12 em face de bancos", explicou o delegado de área Alexandre Zieh do 7ª Departamento de Policiamento de área (DPA). O grupo também simulava prestações de serviços pelos próprios membros da seita, criando gastos fictícios para pleitear o pagamento em juízo.
De acordo com o delegado, a lavagem de dinheiro foi comprovada pela quebra de sigilo bancário e fiscal, demonstração de falsa prestação de serviço para empresas de fachada, compra de carros de luxo em nome de laranjas e falsas doações em espécie. Apenas Donato Brandão, movimentou entre os anos de 2013 e 2016 a importância de R$ 2.475.118,75.
"Após meses de investigações pedimos a 1ª Vara Criminal de Petrópolis 22 mandatos de prisão, 15 foram deferidos pelo juiz Luis Claudio Rocha Rodrigues e conseguimos prender 11 pessoas. Dois mulheres da seita não foram encontradas, pelas investigações elas estão fora do país, em Marrocos", informou Alexandre Zieh.
Donato chegou a ser preso em uma universidade, em abril do ano passado. Ele é acusado de mutilar (retirando os órgãos sexuais) de três de seus seguidores, quando a seita funcionava com o nome de Mundial, na cidade de São Luis, no Maranhão. Segundo a justiça do Maranhão, os seguidores lhe deviam obediência irrestrita e onde aconteciam rituais de purificação, entre eles de jejuns superiores a sete dias, espancamentos e violência sexual culminando com a extirpação dos órgão genitais. Donato conseguiu a progressão da pena e de acordo com Alexandre Zieh, se mudou há oito meses para a cidade de Itaguaí, mudando o nome da seita para Irmandade Celestial.
Na época, a polícia chegou a fazer operação no sítio alugado pela seita, localizado no km 74 da Rodovia BR-040. No local foram encontrados, enterrados, vários documentos e roupas de crianças do estado do Maranhão que não se encontravam no local; além de livros de procedimentos cirúrgicos, cartões de crédito, documentos de pessoas jurídicas e de fachada e carros de luxo. "Entre os golpes está a abertura de um escola com o nome de Colégio Batista, em uma rua nobre de Petrópolis. O local fechou repentinamente e estima-se que com uma única turma e pós graduação em psicanálise o grupo lucrou R$ 165 mil", disse Alexandre Zieh.
No sítio em Itaguaí, os policias apreenderam documentos e computadores que serão encaminhados para perícia. Três crianças estavam no local e serão encaminhadas para o Conselho Tutelar. "Os pais delas foram presos e por isso é preciso agora contactar alguém da família para que elas fiquem em segurança", disse o delegado. Os menores não são de Petrópolis, são do Maranhão.
Os presos são de várias regiões do Brasil, entre eles Santa Catarina e Maranhão. Todos passarão por exame de corpo de delito para identificar se houve prática de lesão corporal.