Olimpíadas: o caminho está aberto para atletas no Brasil?
O mundo está caindo, mas por um momento voltamos nossos olhares para as Olimpíadas em Tókio, um ano depois do previsto originalmente. Nos voltamos para a capital japonesa enquanto a região encontra-se em estado de emergência devido à pandemia de Covid-19 com apenas 20% da população imunizada. O que pretendemos abordar neste artigo, mesmo diante dos fatos mencionados, não é a problematização das Olimpíadas nesse cenário, mas sim o quanto nós, brasileiros, investíamos, investimos e pretendemos investir em educação esportiva. Torcemos e nos entusiasmamos com os jogos, com as medalhas, mas a grande questão é: o quanto acreditamos na educação esportiva como fator modificador para a vida? O quanto o poder público investe no esporte? Investir em educação física nas escolas é uma solução viável? E afinal, qual é a grande lição por trás das Olimpíadas 2021?
A princípio gostaria de iniciar com alguns dados retirados de uma pesquisa feita pelo Instituto Península em parceria com a consultoria Plano CDE e obtida pelo SP1. Segundo a pesquisa feita com 7.500 professores e diretores de quase 1.500 escolas de todo país, 32% dos professores de educação física leva seu próprio equipamento de casa para a escola. Outros 29% promovem atividades com reciclagem para produção de materiais para as aulas. Cabe aqui destacar que não é função da escola produzir atletas, por mais que por meio dela ou por meio do contato com o esporte que ela promove, surjam atletas. A educação física é um conjunto de descobertas sobre o próprio corpo e sobre as relações que se cria em desenvoltura com as brincadeiras, as lutas, as danças. Investir em educação física nas escolas é promover a descoberta de talentos, mas não necessariamente é na escola que teremos a formação necessária para produzir atletas.
O esporte como possibilidade de carreira, de produzir competidores, engloba uma série de questões que envolve além de recursos e vontade, soluções práticas que devem ser avaliadas por especialistas, contudo, o que podemos afirmar é que enquanto o esporte não for encarado como parte importante da formação não usufruiremos de tudo que ele tem a oferecer. As Olimpíadas com o objetivo de integrar os países e fazer do momento um lugar de reflexão sobre o esporte, em um momento tão delicado como a pandemia, pode ser um gatilho para pensarmos em como queremos construir a educação daqui em diante, o que valorizamos, o que desejamos encontrar em nossas escolas. O esporte é um veículo transformador para jovens e crianças ainda que estes não o sigam profissionalmente, mas, o ideal é que trabalhemos para que se algum deles deseje fazer do esporte profissão, encontre o caminho aberto.
SERVIÇO
* Maria Angela Gomes é professora de História, mestranda em História Social e atua na área de educação há 04 anos com reforço escolar e educação multidisciplinar.