Oito mil livros da Biblioteca Municipal foram atingidos pela chuva
A cada dia, se descobre mais uma consequência da tragédia que atingiu Petrópolis. Agora, a Cultura começa a contabilizar os danos. Apenas na Biblioteca Municipal Gabriela Mistral, que funciona no Centro de Cultura Raul de Leoni, oito mil livros foram atingidos pela água. O número, ainda que alto, representa 5,5% do acervo do espaço, que é de 150 mil exemplares. Agora, equipes vão fazer uma triagem para definir o que pode ser recuperado.
A parte afetada fica no térreo do Centro de Cultura, onde a água chegou a aproximadamente 1,5m de altura. O acervo da Biblioteca fica no primeiro andar do espaço, e por isso obras raras e o arquivo público não foram atingidos pela água.
“Eram livros duplicados, coleções menos acessadas, que ficavam no térreo. Também perdemos itens da parte administrativa, além de computadores, mobiliário e parte do depósito de materiais. Não tivemos tempo de salvar muita coisa”, disse Diana Iliescu, presidente do Instituto Municipal de Cultura.
Uma das mais importantes obras da história petropolitana, o painel de Djanira, que está no Centro de Cultura desde 2017 para ser restaurado, fica no andar superior do Centro de Cultura e não foi afetado.
Na Biblioteca Municipal, o momento é de avaliar o que pode ser recuperado e o que terá que ser descartado. Por enquanto, apenas funcionários envolvidos no trabalho estão autorizados a entrar no espaço, devido aos materiais utilizados.
“Primeiro fizemos a limpeza, com álcool e todos os produtos necessários, e agora estamos isolando tudo que foi atingido. O que for de fácil reposição, vamos descartar, como livros didáticos ou unidades com edições novas. Pra isso, contamos com apoio de doações para repor tudo aos poucos”, explicou Diana.
De acordo com a presidente do IMC, técnicos de diversas instituições estão ajudando a definir como deve ser feito o trabalho de recuperação dos livros. “Recebemos visitas de instituições parceiras, que enviaram técnicos especializados em restauração. Todos, juntos, vamos pensar no que fazer com o acervo”, disse.
O trabalho conta com apoio do Arquivo Nacional, do Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro (Aperj), da Fiocruz e do Conselho Regional de Biblioteconomia. Agora, um laboratório de recuperação de livros será criado.
“O laboratório vai funcionar no Centro de Cultura, e na segunda começamos a triagem. Livros mais antigos, edições únicas, esses serão recuperados. Vamos precisar contratar um especialista em restauração de papel, pois não temos restaurador no quadro de funcionários”, destacou a presidente do IMC, lembrando que há muitas técnicas diferentes para a restauração.
“Estamos estudando as técnicas e fechar convênios. Só vamos começar com a orientação para fazer de forma correta. Há processo de congelamento dos livros, outros com o uso de carvão para diminuir umidade, banhos químicos. São muitos procedimentos possíveis e precisamos avaliar o que é melhor nesse caso.
Livraria Nobel perdeu grande parte do acervo
A livraria Nobel que fica na Rua 16 de Março também foi duramente afetada pela enchente. Em um comunicado no perfil do estabelecimento, no Instagram, a administração informou que tiveram que descartar grande parte do acervo, que ficaram submersos na água da enxurrada. A imagem da porta da livraria com pilhas de livros viralizou nas redes sociais.
Uma mobilização foi iniciada pela Associação Nacional de Livrarias, Associação Estadual de Livrarias e Sindicato Nacional dos editores de livros e outras livrarias do Brasil que doaram livros para o acervo da Nobel. E parte do que foi perdido já foi reposto. Neste sábado, a livraria reabriu as portas
A biblioteca do Cefet – Petrópolis, na Rua do Imperador, também foi afetada, mas a instituição não informou quantos exemplares foram atingidos.