• Oftalmologia do século XXI: onde estamos e para onde vamos?

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  • 28/12/2020 18:55

    Na atualidade, a medicina avança a passos largos e muitas inovações já foram incorporadas à rotina clínica, com impactos no diagnóstico e tratamento de várias doenças relacionadas à saúde dos olhos. Como nos filmes de ficção científica e na imaginação, as possibilidades vêm se tornando real, com técnicas sofisticadas e de alta tecnologia vem permitindo índices de sucesso. A cirurgia de catarata com microincisões, por exemplo, é uma técnica realizada de forma rápida e com excelentes resultados. A Oftalmologista Ana Luísa Aleixo, diz que outras modalidades que nem existiam há 100 anos, trazem grande independência para o paciente, como os implantes intraoculares. 

    “Os implantes de lentes intraoculares hoje proporcionam correção de graus, astigmatismo e independência dos óculos até para perto com as lentes intraoculares multifocais. Em relação a correção da miopia e do astigmatismo, é possível esculpir a córnea com laser e proporcionar liberdade dos óculos ao paciente. Atualmente essa cirurgia que consiste na ablação de tecido corneano com laser, é feita de forma personalizada, buscando não somente a correção do grau, mas também de aberrações ópticas, é a busca da visão em fullHD 4K”, diz.

    Outro grande avanço são os lasers, que também fazem parte da vida do profissional de oftalmologia há várias décadas, se aprimorando a cada dia. Elas corrigem miopia, tratam a retinopatia diabética, glaucoma e auxiliam no diagnóstico de algumas doenças. 

    “Um laser específico é capaz de fazer uma tomografia de retina e nervo óptico no exame chamado tomografia de coerência óptica ou OCT. Nessa tomografia as camadas da retina e o nervo óptico podem ser visualizadas e medidas para diagnóstico precoce e acompanhamento de várias doenças. Existe uma perspectiva que em um futuro próximo esse exame possa auxiliar também no diagnóstico de doenças neurológicas degenerativas como o Alzheimer”, explica a Drª.

    A nanotecnologia também já é uma realidade nos consultórios. Os MIGs, microimplantes que auxiliam na drenagem de tumor aquoso e diminuem a pressão intraocular, parecem ter chegado para ficar. Rápido e seguro, o procedimento que é feito junto da cirurgia de catarata, já está sendo usado como item do arsenal terapêutico contra o glaucoma, doença que vem crescendo com o passar dos anos. 

    “Implantes de micro polímeros impregnados por corticoide já podem ser implantados dentro do olho para controle de inflamações intraoculares e vários outros implantes estão em desenvolvimento atualmente. Microssensores para monitoramento e controle da pressão ocular também estão em desenvolvimento e prometem revolucionar o acompanhamento do glaucoma nas próximas décadas”, relata a especialista.

    As terapias gênicas, com tratamentos para algumas doenças genéticas que causam cegueira, também batem à porta da oftalmologia, com aprovação pela Anvisa e FDA. No entanto, tais avanços enfrentam inúmeros desafios, como o custo alto, procedimentos de altíssima complexidade e disponíveis apenas para mutações muito específicas. Há ainda, os progressos em relação a células-tronco, que também são avanços na medicina. Estudos promissores em andamento no mundo, podem contribuir para o tratamento de doenças degenerativas da retina. 

    “Estamos oficialmente iniciando a era da terapia gênica, da nanotecnologia e também da inteligência artificial. Não há dúvidas que os diagnósticos auxiliados por inteligência artificial vão revolucionar a medicina das próximas décadas. Não se trata de uma conjectura, mas de uma realidade em curso. Ao fotografar a retina de um paciente, por exemplo, computadores estão sendo capazes de identificar doenças. Isso pode contribuir para o acesso ao diagnóstico e tratamento em áreas remotas do planeta, assim como monitorar e rastrear condições degenerativas e avaliar populações inteiras. O impacto na prevenção da cegueira será fantástico”, destacou a especialista.

    FUTURO NA OFTALMOLOGIA

    “É um espetáculo falar de inovação em medicina, mas atrás dos desafios de desenvolvimento e aprovação, vem os custos, que precisam ser razoáveis para que quem precisa tenha acesso ao diagnóstico e tratamento de ponta. Mas com tantos avanços, qual será o papel do oftalmologista no futuro? Será que esse profissional será substituído por máquinas, robôs, computadores e algoritmos cibernéticos? Na minha opinião, não. Não resta dúvida que a medicina vai mudar muito, aliás já está mudando. Atrás de tanta tecnologia sempre estarão os cérebros, dotados de inteligência emocional, sentimentos, espírito crítico e experiência. A revolução da tecnologia na oftalmologia não vai substituir os médicos, vai otimizar sua atuação profissional, devolvendo a eles um bem muito precioso, mais tempo para um atendimento humano e sensível”, finaliza Drª Ana Luísa.

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