• Octávio de Faria

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  • 20/03/2020 12:00

    O romancista carioca Octávio de Faria (1908-1980) escreveu um ciclo de romances intitulado Tragédia burguesa, imenso painel de textos em que o autor se dispôs, basicamente, a analisar e estudar a psicologia, a moral e a metafísica de uma parcela – a burguesia – da sociedade brasileira da primeira metade do século XX. Entre 1937 e 1979, publicou treze romances num total de quinze volumes. Numa edição póstuma em quatro volumes, a Tragédia burguesa (Rio de Janeiro: Pallas, 1985) acolheu mais dois romances, Atração e A Montanheta, que o próprio Faria, por razões particulares, excluíra da edição anterior. E na edição da Pallas registram-se romances e novelas escritos somente em parte, ou nem isso. De todos eles, só conhecemos um fragmento de A morte de Rodolfo Borges, estampado como último capítulo da terceira parte de Os caminhos da vida, segundo romance da Tragédia burguesa. E será de todo importante ler, na edição da Pallas, uma grande parte do diário do autor acerca da Tragédia burguesa, escrito entre 1927 e 1938, que revela suas preocupações criativas a respeito. 

    Em outubro de 1962, publiquei na revista Convivium, de São Paulo, um ensaio sobre o romance O valete de espadas, de Gerardo Mello Mourão. E, sem me conhecer, Octávio de Faria registrou em seu artigo Revistas Culturais Brasileiras (Correio da Manhã, Rio de Janeiro) que se tratava de “um estudo de grande penetração”. Fui-lhe apresentado num encontro casual em 1963, e daí em diante estabeleceu-se entre nós uma apreciável admiração mútua. De imediato, ele me enviou um exemplar do último romance que publicara: O retrato da morte (1961), oitavo romance da Tragédia burguesa. E deve ter ficado bem contente quando publiquei na revista carioca Cadernos Brasileiros, um texto minucioso sobre suas Novelas da masmorra (1966). Tanto que foi me visitar em Copacabana trazendo-me três livros: as primeiras edições de Brejo das Almas (1934) e Sentimento do Mundo (1940) de Carlos Drummond de Andrade, e uma edição de A casa do gato cinzento (1925), volume de contos de Ribeiro Couto. Assim, até o seu falecimento, Octávio de Faria sempre me deu provas de estima. É importante ler a sua excepcional obra literária.

    Recebemos e agradecemos: O trem itabirano, Itabira, fevereiro de 2020.

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