• Obras raras são encontradas no acervo da Biblioteca Municipal

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  • 18/03/2018 00:30

    Lá pela segunda metade da década de 1970, o escritor, filósofo e crítico literário Alceu Amoroso Lima saía de sua casa de veraneio na Mosela e seguia para a Biblioteca Gabriela Mistral com caixas e mais caixas de livros para serem doados. Os exemplares eram incluídos normalmente no acervo e, ao longo do tempo, se misturaram aos 150 mil volumes que a biblioteca possui hoje. Durante o trabalho rotineiro no local, funcionários da biblioteca começaram a notar que alguns livros eram especiais e raros. As primeiras páginas traziam dedicatórias ao filósofo, algumas de escritores atualmente famosos, como Darcy Ribeiro.

    Foi assim que recentemente um acervo que pertencia a Alceu Amoroso Lima foi descoberto no local. Os exemplares estão sendo separados e incluídos no setor do Acervo Histórico. Mas o trabalho é constante e ainda é possível que existam dezenas de livros espalhados pelo acervo da biblioteca que pertenciam ao escritor. Por mês, ele – muitas vezes pessoalmente, doava cerca de 100 livros à Biblioteca Municipal. O mesmo costume tinha diversas outras personalidades, como os escritores Stefan Zweig e Josué Montello.

    “Durante o nosso trabalho, a gente se depara com essas raridades. Agora, estamos reunindo esses volumes. É um trabalho de formiguinha, todos os dias. No caso do Alceu Amoroso Lima, que hoje a gente sabe que era um pensador muito importante, que contribuiu muito para a história política e cultural do país. Ele era do Rio de Janeiro, mas tinha uma casa em Petrópolis e costumava passar alguns dias aqui. E ele, como crítico literário, recebia centenas de livros de autores que estavam começando, mas que hoje são famosos, como Darcy e Berta Ribeiro. Esses livros a gente encontra em qualquer lugar, mas esses aqui são raros porque neles contem dedicatórias”, explica a gerente da biblioteca, Maria Luísa Rocha Melo.

     A Biblioteca Municipal tem um grande acervo de livros raros e sua importância é reconhecida internacionalmente. Na unidade estão também fotografias, livros pessoais e obras do austríaco Stefan Zweig, por exemplo, – volumes também doados pessoalmente pelo escritor – e até mesmo os atestados de óbito dele e de sua mulher, todos originais. Os volumes do acervo raro não podem ser manuseados pelo público e, por isso, recentemente, a biblioteca começou um trabalho de disponibilizar as obras on-line. Entre as que já podem ser conferidas na internet está o livro “Algumas reflexões sobre a philosophia de Farias Brito”, de Jackson de Figueiredo, do ano de 1916. Todo setor de obras raras atualmente passa por um inventariado.

    De acordo com o diretor-presidente do Instituto Municipal de Cultura e Esportes, Leonardo Randolfo, a biblioteca atrai pesquisadores do mundo todo em busca do nosso acervo. “Temos diversos tipos de raridades aqui. Algumas obras são do século 18. Temos uma enciclopédia muito antiga, por exemplo, mas que você encontra em qualquer biblioteca pelo mundo. Só que a que temos aqui foi comprada com o dinheiro doado por D. Pedro II, então se torna única no mundo. Nossa biblioteca tem um valor imenso”, destaca.

    A Biblioteca Municipal é considerada a terceira mais importante do estado. Ela foi construída em 1871 e no início era a biblioteca da Câmara Municipal. A unidade fica aberta de segunda a sexta-feira, de 8h às 18h. O espaço é administrado pelo Instituto Municipal de Cultura e Esportes e fica no Centro de Cultura Raul de Leoni, no Centro. Dos seus 150 mil volumes, 95 mil livros já estão catalogados no site bibliotecamunicipal.petropolis.rj.gov.br.


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