• Obra da União e Indústria gera nó em Corrêas: caos em todas as vias e mais de 160 viagens de ônibus perdidas

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  • 11/05/2021 19:16
    Por Luana Motta

    Usuários da Estrada União e Indústria estão pagando um preço alto pela revitalização da pista. O tempo, que é considerado o bem mais precioso, tem sido gasto em longas horas dentro de veículos durante os períodos de interdição nos trechos de obra. Se antes os motoristas já evitavam a União e Indústria e buscavam vias alternativas para fugir do engarrafamento, agora, com a obra, a situação agravou.

    Os moradores da região e motoristas reclamam da falta de planejamento para execução da obra, de responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), e a falta de apoio da Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes (CPTrans) para o ordenamento do tráfego.

    As empresas de ônibus reclamam do prejuízo com a perda das viagens por causa do tempo que ficam parados entre as interdições ao longo do dia, somente na última semana a Turp contabilizou 167 viagens perdidas. E os passageiros acabam sofrendo o maior impacto: durante a pandemia, com a frota reduzida de coletivos, continuam enfrentando a lotação para se deslocar na cidade.

    “O que demorava 5 a 10 minutos, demora de 30 a 40 minutos para você se transportar. Ir ao Centro e voltar virou uma tarefa de 2 horas”, relada o advogado Alexandre Fernandes, que é morador e tem um escritório de advocacia Corrêas.

    A obra, que completa um ano no próximo mês, avança pela União e Indústria no trecho que fica entre o Terminal Corrêas e a Praça de Corrêas. Sem alternativas viáveis para fugir do problema, os usuários enfrentam longas interdições durante todo o dia no sistema “pare e siga”.

    Com o caos na União e Indústria, motoristas buscam outras alternativas, como o acesso “por dentro”, pela Rua Castro Alves, que dá acesso à Praça de Corrêas e aos distritos: tumulto também na rota secundária (Foto: Sérgio Mattos)

    “De duas semanas para cá quando começou a chegar no Castelo [entrada do Castelo São Manoel] e a ponte de Corrêas [Praça de Correa] ficou um caos. Porque eles não estão parando uma pista e deixando a outra seguir, eles estão parando todo o trânsito ao mesmo tempo. Então está ficando ambulância, transporte, ônibus, caminhão, ou seja, está causando um caos no bairro de Corrêas pela falta de habilidade e apoio do poder público”, disse o advogado.

    Moradores cobram apoio da CPtrans apoio no ordenamento do trânsito na região. “A CPTrans teria que atuar nesse contexto junto com a empreiteira que está fazendo a obra. Outra saída seria fazer a obra a noite. E uma terceira saída, seria colocar as estradas de dentro para funcionar retirando carros parados na rua para que trânsito possa fluir. Precisa de uma engenharia de trânsito e tráfego aqui”, completa Alexandre.

    Prejuízo para os passageiros dentro e fora dos coletivos

    Quem depende do transporte público para se deslocar enfrenta um problema ainda mais grave. Com a situação de pandemia, a frota de ônibus ainda não foi recomposta. Mesmo com as flexibilizações, apenas 75% dos ônibus estão em circulação.

    Para os passageiros a aglomeração acontece dentro e fora dos coletivos. Com o trecho fechado, o tempo de viagem dos ônibus mais que dobrou, e eles acabam circulando em “comboios”. Enquanto isso, nos terminais, a população se aglomera em filas esperando para embarcar, para novamente se aglomerar dentro dos poucos coletivos em circulação.

    Com o nó no trânsito, grandes filas são formadas nos pontos de ônibus. (Foto: Divulgação/Setranspetro)

    A empresa Turp Transporte, que atende as linhas de Corrêas e Itaipava, registrou somente na última semana 167 perdas de viagens em congestionamentos e uma série de atrasos. De acordo com a empresa, os trechos mais prejudicados estão localizados nas imediações de Corrêas, na entrada dos bairros Bonfim, Castelo São Manoel, Águas Lindas, Vista Alegre e na via principal, a União e Indústria.

    “A obra é de extrema importância e vai beneficiar a todos. Porém, entendemos que é necessário um planejamento adequado de horário para a sua execução, sem que comprometa o deslocamento da população, principalmente, em horário de pico. Hoje, por exemplo, além da obra do DNIT, enfrentamos mais uma obra, dessa vez, da concessionária de águas”, explicou Márcio Silva, gerente de operação da Turp Transporte.

    De acordo com dados disponíveis para consulta, emitidos pelo Sistema de Monitoramento via GPS nos ônibus da empresa Turp, entre os dias 03 e 09 de maio, a Turp Transporte teria que cumprir 4.870 viagens nas linhas que utilizam os trechos em que está sendo realizada a obra. Porém, devido às retenções da pista, foi possível cumprir apenas 96,57%, equivalente a 4.703 viagens programadas. Esse número representa a perda de 167 viagens completas.

    “Infelizmente, qualquer motorista que precise utilizar essa via, está enfrentando o problema da falta de mobilidade urbana na região, há meses. Os atrasos e perdas de viagens não são culpa das empresas de ônibus, visto que não há via alternativa para dar continuidade à operação. Geralmente, quando os ônibus chegam aos terminais, forma uma espécie de ‘comboio’, pois estavam juntos presos no trânsito”, enfatizou Márcio Silva.

    Linhas distribuídas entre as comunidades são as mais prejudicadas

    Entre as linhas mais prejudicadas na última semana, estão a 700 – Terminal Itaipava, que apresentou 46 viagens perdidas, seguida pelas linhas 606 – Alcides Carneiro, que apresentou 28 viagens perdidas; 711 – Posse, que deixou de realizar 20 viagens; 750 – Terminal Itaipava x Terminal Corrêas, que não conseguiu cumprir 19 viagens e 600 – Terminal Corrêas, que não realizou 13 viagens, por causa dos congestionamentos.

    Ainda ao longo da semana, as demais linhas afetadas com inúmeras perdas de viagens foram a 604 – Vila Epitácio, 607 – Caetitu, 609 – Castelo São Manoel, 610 – Araras, 612 – Vista Alegre, 613 – Bairro da Glória e 618 – Santa Luzia que, juntas, totalizam a perda de 41 viagens, prejudicando os passageiros que utilizam os ônibus.

    Setranspetro afirma que falta de mobilidade é um dos principais problemas para o transporte no município

    “O Setranspetro destaca, há muito tempo, que a falta de mobilidade urbana é um dos principais fatores que dificultam a operação dos ônibus no município, principalmente, em linhas que possuem trajetos extensos, resultando em excesso de pessoas nos pontos de ônibus e atrasos. Dessa forma, para dar mais agilidade ao atendimento, é importante que sejam criados corredores exclusivos e faixas seletivas para os ônibus, priorizando o transporte coletivo, em detrimento do individual”, disse Carla Rivetti, gerente do Setranspetro.

    O Setranspetro orienta que os passageiros baixem gratuitamente os aplicativos “Vá de Ônibus” ou o “Cittamobi” (exclusivo aos clientes da Turb Petrópolis), disponíveis nas versões Android e IOS. Neles, o cliente pode ter acesso às principais informações sobre as linhas de ônibus da empresa, localização do veículo em tempo real, previsão de chegada ao ponto em que a pessoa está e a duração aproximada do trajeto.

    A Tribuna questionou o Dnit e a CPTrans sobre os problemas relatados pelos usuários e aguarda resposta.

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