• Objeto de polêmica, ivermectina não é recomendada pela rede de saúde no município

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  • 07/03/2021 18:35
    Por Luana Motta

    Nesta semana, os petropolitanos acompanharam a discussão em torno da aprovação da indicação legislativa para a compra do medicamento ivermectiva na rede do Sistema Único de Saúde (SUS) em Petrópolis. Embora tenha sido aprovado na Câmara Municipal por 11 votos a 1, fora do legislativo, a discussão é outra. Especialistas, médicos e a própria Secretaria Municipal de Saúde são contrários ao uso da ivermectiva para o tratamento da covid-19. A Tribuna conversou com o médico infectologista Marco Liserre, que é chefe do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Municipal Nelson de Sá Earp e médico no Hospital Unimed. Ele alerta para o risco do uso indevido do medicamento.

    “O tratamento que as pessoas têm preconizado nas redes sociais já caiu por terra pela ciência já ha algum tempo. A Sociedade Brasileira de Infectologia publicou um documento recentemente orientando os infectologistas a não usarem medicação precoce de espécie alguma. Hidroxicloroquina, cloroquina, ivermectina, azitromicina… Esses medicamentos não têm nenhuma ação sobre o vírus”, disse o médico.

    Liserre explica que a ivermectina foi testada em alguns países, mas in vitro. Com doses muito elevadas, ela pode levar o paciente a um quadro de lesão hepática ou inflamação do sistema nervoso central. O médico relata que em Petrópolis, já houve casos de pacientes que morreram após o uso indevido da invermectiva ou evoluíram para um quadro tão grave, que foi indicado o transplante de fígado.

    “Não tem mágica com covid-19, e os cuidados têm que ser tomados para que não aconteça coisas piores. O indivíduo entra com uma doença x ou está tentando profilaxia com uma doença x e evolui para uma internação, com o fígado destruído, com uma neurotoxicidade grave. Nós já perdemos pacientes aqui em Petrópolis com neurotoxicidade grave. O paciente não tinha a doença. Mas ele usava ivermectina por conta própria. Então isso que a Câmara dos Vereadores está fazendo a meu entender é um absurdo. São pessoas que estão indo completamente contra a ciência a nível mundial”, alerta o médico.

    A Sociedade Brasileira de Infectologia e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também não recomendam o uso de qualquer medicamento para tratamento precoce contra a covid-19, como cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina, azitromicina, nitazoxanida, corticoide, zinco, vitaminas, anticoagulante, ozônio via retal e dióxido de cloro.

    Após a aprovação da indicação na última quarta-feira (3), a Secretaria Municipal de Saúde também enviou uma nota informando que não há recomendação médica para o uso de qualquer medicamento para tratamento precoce contra a covid-19. “A Secretaria de Saúde lembra que não há recomendação médica de medicamentos para tratamento precoce de pacientes com sintomas de coronavírus, portanto, não haverá qualquer orientação neste sentido na rede de saúde. Em caso de sintomas, há indicação de uso de analgésicos e antitérmicos (se houver dor e febre), hidratação e repouso. Antibióticos só são receitados se for constatada infecção secundária”, disse.

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