O velho Lula
A linguagem de lupanar ganha em Lula expressão bem mais licenciosa. Na voragem que o envolve nas investigações da Lava-Jato, usa e abusa, não consegue concluir uma frase sem valer-se de um palavrão.
Ao despejar impropérios de baixo calão, Lula não poupa ninguém. Nenhuma surpresa, em quem é fruto de uma desestruturação familiar histórica, agravada ao longo da vida.
Com as gravações da PF, tem-se a dimensão das diatribes de baixo nível do ex-metalúrgico. Em conversa íntima com Dilma, faz graça sem graça, preconceituosa, ao relatar que “Clara Ant tava dormindo sozinha quando entrou (sic) 5 homens lá dentro. Ela pensou que era presente de Deus, (mas) era a Polícia Federal, sabe?”, tudo sob risos despregados de ambos.
De Jaques Wagner, Rui Falcão recebe do então chefe da Casa Civil orientação para que resistam na porrada à decretação da prisão de Lula. Impressionante. A sublevação civil e o confronto físico contra provável decisão judicial são indicados pelo mais importante ministro do governo.
Sobre a fiscalização da Receita Federal no Instituto Lula, tem-se entre o ex-metalúrgico e o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, o seguinte diálogo: “É preciso acompanhar o que a Receita tá fazendo junto com a Polícia Federal, bicho!”, observa Lula. Barbosa: “Não é … Eles fazem parte”. Lula: “É, mas você precisa se inteirar do que eles estão fazendo no Instituto …”. Barbosa: “Uhumm, sei”. Lula: “Sabe? Eu acho que eles estão sendo filho da p… demais” (sic).
A Dilma, sobre o STF, o STJ e os presidentes da Câmara e do Senado, diz Lula: “Nós temos uma Suprema Corte totalmente acovardada, um Superior Tribunal de Justiça totalmente acovardado, um Parlamento totalmente acovardado. Nós temos um presidente da Câmara f…, um presidente do Senado f…, e fica todo mundo no compasso de que vai acontecer um milagre e que todo mundo vai se salvar. Tô assutado com a República de Curitiba. Tô pensando em pegar todo o acervo e jogar na frente do Ministério Público. Eles que enfiem no c… e tomem conta disso”. Dilma: “O acervo de quê?” Lula: “Dilma, é um monte de contêiner de tranqueira que eu ganhei quando estava na Presidência”. Dilma: “Ah, dá pra eles! Eu vou fazer a mesma coisa com os meus viu” (mandar que eles enfiem no …!?). Com o exemplo do marido, Marisa usou o mesmo expediente e mandou que as pessoas que batem panelas metessem no c… as respectivas.
Lula já havia mandado que os responsáveis pela Lava-Jato metessem o processo no c… Há tiradas bem mais pesadas, quando Lula pergunta pelas “mulheres de rego duro” do PT, aconselhadas a montar esquema criminoso contra um procurador de Rondônia.
As referências ao STF resultaram em duro sermão do ministro Celso de Mello contra o ex-metalúrgico. Em síntese, disse o ministro: “O insulto traduz, no presente contexto da profunda crise moral que envolve os altos escalões da República, reação torpe e indigna, típica de mentes autocráticas e arrogantes que não conseguem esconder, até mesmo em razão do primarismo de seu gesto leviano e irresponsável, o temor pela prevalência do império da lei e o receio pela atuação firme, justa, impessoal e isenta de juízes livres e independentes”.
Em carta aberta, Lula procura justificar o injustificável, com expressões maquiadas, escorregadias e inconvincentes. Ainda assim, com a empáfia de sempre, não pede desculpas pelo tratamento indecoroso e colérico que dispensou ao Poder Judiciário e ao Ministério Público do Brasil.
É o velho Lula.
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