O trem e o tempo
Não há que se negar, e já foi constatado de há muito, que os governos estão a necessitar, por intermédio de seus entes competentes – e vários certamente envolvidos, em razão das implicações as mais variadas – de procederem a estudos técnicos de viabilidade, à luz do que vem ocorrendo no tocante aos sistemas de transportes públicos, em especial nas grandes metrópoles, sendo que o meio ferroviário, quiçá, como solução para as mais diversas situações experimentadas pelos usuários que diariamente necessitam se deslocar.
É inegável que a locomoção de pessoas através de trens, como por exemplo, metrôs, ocorreria com maior rapidez e segurança, preservado o meio ambiente tão degradado, vez que o gás carbônico exalado por veículos de passageiros, além de outros que produzem tais impurezas, concorrem em detrimento da saúde e, por outro lado, que hospitais possam permanecer mais disponíveis – vidas mais protegidas, saúde e bem estar ao ser humano.
A propósito do que ora se comenta, vale deixar consignada a importante iniciativa do Instituto Histórico de Petrópolis que abriu suas portas para três notáveis profissionais, que traçaram opiniões justamente sobre o tema que me atrevo comentar.
Dentre os presentes, Antonio Pastori, pesquisador com experiência na área de finanças, planejamento e projetos e bem assim na área acadêmica.
Professor na Universidade Católica de Petrópolis, por 18 anos, mestre em Economia, fundamentou suas palavras elegendo o modal ferroviário, segundo o mesmo, “… em face dos inúmeros benefícios da mobilidade urbana”.
Durante sua palestra defendeu com objetividade a tese, e com relação a estrada de ferro Grão-Pará deu ciência aos presentes a respeito da proposta para reativação do trecho da linha.
Usou da palavra também o Engenheiro Eletricista Luiz Antônio Cosenza, que prestou relevantes serviços à Rede Ferroviária Federal S.A. e posteriormente à Flumitrens, onde ocupou diversos cargos de chefia.
Atualmente, preside o CREA-RJ.
Finalmente, a palavra foi concedida à engenheira, professora e historiadora Ângela França Pedrinho, que durante 45 anos prestou eficiente colaboração à Companhia do Metropolitano do Rio de Janeiro – METRÔ.
Pós graduada em arquivologia pela Faculdade Faveni, desempenha atualmente a função de vice-presidente da Associação Fluminense de Preservação Ferroviária – AFPF e ainda representa o CREA-RJ junto à Coordenadoria de Planejamento e ao Conselho Municipal de Defesa Civil da Prefeitura Municipal de Petrópolis.
A cada uma dessas importantes figuras coube descrever sobre “… a fundamental e inadiável necessidade de que sejam atribuídos novos encargos ao sistema de transportes por trens”…, ficando ainda a cargo dos palestrantes discorrerem sobre o tema, à luz de conhecimentos, da sabedoria e da experiência, vez que bravos defensores da volta dos trens, em condições específicas, lastreados em razões que declinaram, assistidos por uma platéia atenta, sobretudo interessada ante a argumentos, demonstrações de ordem técnica, exibição de gráficos, fotos e números, enfim, provas de que o trem não merece ser esquecido como se deu no passado de maneira atabalhoada.
Noutro momento, coube à engenheira Ângela França Pedrinho recordar acerca da importância do transporte ferroviário, ponto de vista defendido por muitos, aduzindo que “… a consolidação da linha entre a Baixada e o Alto da Serra se mostra como um passo importante”
Adiante, assevera que a viabilidade (do projeto) já foi apresentada.
Esclareceu, a derradeiro, que “… o estudo preliminar está pronto, e a iniciativa de revitalizar a linha ferroviária é um investimento tanto na modalidade quanto no turismo da cidade”.
O assunto em pauta, à luz das demonstrações de que o trem não há que ser esquecido, corroborado pelos três técnicos que proferiram as palestras, propiciou-me ao final do evento a que fosse apresentado à engenheira Ângela, servidora que prestou, como já enfatizado, relevantes serviços à Companhia do Metropolitano do Rio de Janeiro.
Assim é que encerrado o encontro, ambos fizemos relembrar momentos inesquecíveis, vez que a engenheira exercera atribuições junto ao Metrô, à época vinculado à Secretaria de Transportes.
De minha parte voltei ao passado na figura do Engº Noel de Almeida e do então Secretário de Transportes, Comandante Adhyr Veloso de Albuquerque.
Na verdade, não há que se negar que as palestras levadas a efeito nos fizeram relembrar – e creio, também aos presentes – sobre a importância do sistema ferroviário, no que concerne a aspectos relacionados com política de transportes e, consequentemente, com a economia do país.
Terminada a sessão, na companhia de amigos e associados do Instituto, vimos caminhando de volta às nossas residências com a convicção de havermos participado de uma memorável noite de aprendizados.