O tamanho da responsabilidade
O Rio de Janeiro foi palco dos principais momentos da Copa e da Olimpíada. Os episódios de violência foram isolados, mas aconteceram. Agora, com as eleições, a Força Nacional continua por aqui, mas a violência também. Esse pleito é um dos mais sangrentos, onde vários candidatos foram mortos no Estado. Um cenário crítico e que, covardemente, tem a polícia e os agentes de segurança de um modo geral como foco, sendo responsabilizados pela situação. No entanto, as razões da violência crescente ultrapassam as atribuições policiais.
Todo o trabalho dos últimos 10 anos, no qual áreas dominadas pelas facções criminosas foram retomadas pelo Poder Público, as frotas renovadas, entre outras iniciativas, como a implantação das Unidades de Polícia Pacificadora, estão indo por água abaixo. Mudanças concretas, mas que precisavam ser acompanhadas por outras ações sociais de educação, saúde, habitação, saneamento etc. Em conjunto, tudo isso fortaleceria o projeto de segurança pública inédito no país.
Mas não foi assim e a marginalidade foi retomando os espaços, as facções novamente se fortalecendo e a população cada vez mais refém de criminosos.
O pior nesse contexto é o fato de boa parcela do povo e também formadores de opinião insistir em culpar a polícia pelo caos. Mas isso não é correto e tampouco justo, pois uma sociedade não se faz só com polícia.
Há, não só no Rio, mas em todo o país, uma forte tendência em criminalizar a polícia, porém são inúmeros os casos de acusações que não procedem, levando os policiais à absolvição. Isso não pode ser ignorado.
O caso mais recente é o da própria decisão da 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo que anulou a condenação dos PMs envolvidos no caso do Carandiru. Muitos são contra, mas a verdade é que muitas variáveis devem ser consideradas, como o fato deles estarem ali cumprindo ordens superiores. Outro ponto é o confronto com indivíduos que estavam armados sim, inclusive sendo comprovado que mais de 30 detentos foram mortos pelos próprios presos.
Ninguém sabe o que os policiais enfrentaram diante de detentos rebelados que nada tinham a perder e que, talvez, em segundos, tiveram que decidir entre matar ou morrer.
Enfim, a responsabilidade por estarmos vivendo essa realidade violenta não é de um só setor ou servidor. A competência é bem maior.