O Santo Paulo

A busca da santidade parece não mais fazer parte dos objetivos das pessoas. A modernidade eletrônica e a paixão financeira assumiram o tempo e os projetos de quase todos. Na atualidade "amar como Jesus amou" vai-se tornando um grande desafio, quase impossível.

Restaram uns poucos excepcionais cidadãos que a existência nos presenteou. Um deles, sem dúvida, é nosso fraterno Paulo Evaristo Arns, cardeal emérito de São Paulo. Nome perfeito, Paulo, que veio de Saulo e de Saul. Nome da conversão, da luta, da coragem, da missão de levar a palavra de Jesus por toda a Terra. E assim foi o trabalho incomparável desenvolvido pelo franciscano Frei Evaristo. Começou atuando decididamente nas enchentes de Petrópolis, atendendo às pessoas e famílias, abrindo as portas das escolas e igrejas para centenas de desabrigados e desalojados. O doutor da Sorbonne com os pés no barro. Soube trazer o texto do Novo Testamento e aplicá-lo no dia-a-dia de todos, sem distinção. Paulo Evaristo não perguntava a religião ou seita de quem ajudava. Aproveitava sempre para falar de Jesus, com carinho, mostrando o caminho.

São Paulo recebeu o filho de Forquilhinha como seu bispo. Nova missão, tão bem descrita em vários livros e artigos publicados. A verdadeira ação em comunidade.

Dom Paulo, em São Paulo, sendo o novo Paulo, apóstolo.

Cada um que conviveu com ele e as freiras que cuidam tão bem dele atualmente, contam histórias impressionantes de sua vida. Coitado de mim se não fosse a mão amiga e os conselhos desse verdadeiro Pai Espiritual.

Comemorar 95 anos de idade tem sido cada dia mais comum. Difícil é apresentar a quantidade e a qualidade das ações praticadas. Dom Paulo sempre foi firme, preciso e meigo . Ao dividir a autoria de um livro com autor pouco conhecido, pediu ao editor que colocasse seu nome em segundo plano. E assim foi feito. Simplicidade. Cartas e cartões escritos por ele,que muitos guardam com  cuidado e carinho, seguem estimulando a luta pela defesa da vida. Vida que enfrenta com ímpeto sempre que preciso, sem perder sua convicção na prática franciscana da ternura e da esperança.

Se são exigidos milagres para ser santo, ele já fez muitos.

Que outros setembros ainda permitam sentir sua presença e seu valor exemplar, Frei Evaristo, nosso querido Cardeal. E que sua existência tão bonita e feliz sensibilize, contagie e estimule muitos de nós.