O revisor
Escrever crônica sempre me deu prazer, mas só escrevo quando determinado assunto me motiva. E, entusiasmado, às vezes me excedo e percebo que a matéria ficou longa e que preciso cortar. Drama. O que suprimir? Até o momento, tenho cento e catorze crônicas publicadas no jornal Tribuna de Petrópolis e pretendo juntá-las num livro. Gosto de números redondos e penso que 100, (cem) seria um número ideal. E aí surgiu o problema. Como escolher as quatorze que vou ter que eliminar? O criador é o pai da matéria. Como pedir a um pai que elimine um de seus filhos, se no momento em que foram concebidos tiveram importância? Qual método terei que escolher? Por sorteio? Por tamanho? Por qualidade do texto, ou pela importância do tema? Será que o leitor, ou o editor-chefe poderiam me ajudar?
Quando eu era estudante, só três matérias me davam prazer: história, geografia e português. Na prova de português, a redação valia seis pontos e os quatro pontos restantes ficavam delegados para os outros itens. Eu escrevia a redação, os demais itens deixava em branco. E assim conseguia passar de ano. Num certo período de minha vida, consegui um emprego como revisor. Um drama. Teria que descobrir o que cortar da matéria.
Bem, cortar texto de outros autores não dói na carne e acabei me acostumando. Uma querida amiga se propôs a me ajudar na confecção do trabalho, digitando as crônicas já no formato do livro. Pronto, encontrei a solução. Sugeri que ela selecionasse as cem crônicas que tivessem o menor número de palavras e de espaços e nem quero saber sobre as que vão ficar de fora. E assim amigo leitor, espero que em breve você possa apreciar o nosso trabalho.