• O retrato da fome em Petrópolis: “tudo o que temos sai rápido e o desespero das famílias está grande”

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  • 15/10/2021 19:20
    Por Janaina do Carmo

    Inflação, preços dos alimentos nas alturas e desemprego são os ingredientes “crueis” para o aumento da fome em todo o país. Cenas de pessoas buscando doações ou nas “filas dos ossos” se tornaram comuns. Para amenizar o sofrimento das famílias carentes uma rede de solidariedade, formada por instituições, ongs e pessoas da sociedade civil, ajuda como pode na arrecadação de alimentos para a distribuição de cestas básicas.

    “Às vezes as pessoas saem de bairros distantes e vão a pé até o CDDH para buscar as cestas quando não temos as condições para entregar no dia que pedem. Tudo o que chega sai rápido e temos a certeza de que muitas pessoas necessitadas nem conhecem o CDDH”, disse a coordenadora do Centro de Defesa dos Direitos Humanos (CDDH), Carla de Carvalho.

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    Desde março de 2020, quando a campanha foi lançada, a entidade já entregou mais de duas mil cestas básicas. Além disso, a entidade também distribuiu pães que recebem de uma padaria artesanal do Rio de Janeiro e há três semanas os produtores rurais do Bonfim doam semanalmente 40 quilos de hortaliças.

    “Muitas vezes que saímos para a entrega de cestas para as famílias cadastradas encontramos pessoas pelo caminho que estão em desespero, procurando restos em lixeiras e acabamos distribuindo o que podemos. Às vezes até sem o cadastro que é um critério nosso, mas a situação grave dispensa essa condição. A situação está muito triste. Pra muitos que doamos, a comida é feita à lenha e muitas famílias estão sem energia elétrica”, contou Carla.

    Segundo a coordenadora do CDDH, a procura pelas doações só vem aumentando e as arrecadações para as cestas vêm diminuindo. “Esse é o nosso grande desespero porque estamos constantemente avaliando o nosso papel, mas a fome está nos obrigando a manter essa campanha de doação de cestas básicas. Cada vez as pessoas estão precisando mais. É um cenário muito difícil. Cada dia mais estamos desesperados com a situação das pessoas e sabemos que tem muitas que não conseguem chegar ao CDDH. O sofrimento está grande”, lamentou Carla.

    Quem quiser fazer doações pode entrar em contato com a entidade por meio das redes sociais, na sede do CDDH (Rua Monsenhor Bacelar, 400 – Centro de Petrópolis) ou pelo telefone (24) 2242-2462.

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