• ‘O que queremos é a estabilidade da nossa democracia’, prega Patrícia Vanzolini

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  • 11/08/2022 15:30
    Por Rayssa Motta / Estadão

    Uma centena de advogados se deslocou da sede da seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP) nesta quinta-feira, 11, até a Faculdade de Direito da USP, no Largo do São Francisco, para acompanhar a leitura dos manifestos em defesa da democracia e do processo eleitoral. O grupo marchou entoando palavras de ordem como “democracia” e “não ao golpe”. Advogados do interior do Estado também vieram acompanhar o ato.

    Ao Estadão, a presidente da entidade, Patrícia Vanzolini, disse que a OAB não poderia deixar de participar aos atos de hoje.

    “É muito importante para que a gente reafirme neste momento a nossa confiança no processo democrático”, disse. “O que nós queremos é a estabilidade da nossa democracia e estamos aqui para reafirmar isso.”

    A posição vai na contramão da gestão da OAB Nacional, que se recusou a aderir aos manifestos e, pressionada, lançou a própria nota independente.

    “A nossa posição é a de que a OAB a não pode ter nenhum envolvimento político-partidário. Ela não pode ser a favor ou contra qualquer candidato. Mas ela tem sim que ter uma postura firme e ativa na defesa da democracia e o coração da democracia é o processo eleitoral”, explica Patrícia.

    “Não importa qual candidato ou candidata vai ganhar a eleição, o que importa é que o processo eleitoral tem que ser defendido, porque ele é o cerne da democracia”, acrescenta.

    A advogada elogia que a Faculdade de Direito da USP, uma das mais antigas do Brasil, tenha articulado as manifestações de hoje.

    “Esse movimento ser liderado pela Faculdade de Direito é muito significativo, é o sistema de Justiça como um todo dizendo para o cidadão que o processo eleitoral é confiável. Eu acho que nós somos a voz mais qualificada para dar essa tranquilidade para a população”, afirma.

    “Se o povo não tiver segurança de que a vontade que ele expressar nas urnas será respeitado, acabou o Estado de Direito, acabou a democracia, acabou a própria advocacia, acabou o sistema de Justiça”, conclui.

    ‘Advocacia e democracia são inseparáveis’

    Patrícia deixou claro durante seu discurso que a entidade acompanhará os movimentos de defesa da democracia e do processo eleitoral. “Nosso dever histórico é claro: nós não aceitaremos retrocessos”, disse.

    Em diferentes momentos, ela foi aplaudida pelos presentes – incluindo autoridades do mundo jurídico, políticos, acadêmicos e estudantes.

    Patrícia lembrou que a OAB protagonizou momentos históricos importantes em defesa da democracia, como a leitura da carta contra a ditadura, em 1977 na própria Faculdade de Direito da USP, e o movimento por eleições diretas na década de 1980.

    “Nesse momento, a sociedade pede que a democracia fique, que ela não se vá, que ela não nos abandone, que ela fique, se aprofunde e se renove”, pregou.

    Para a presidente da OAB-SP, o momento é de “reafirmação” da democracia e de “garantia da coexistência pacífica”.

    “Precisamos defender a democracia que conhecemos e claro, sempre, aprimorar os seus mecanismos, criar novas arenas de debate, participação e deliberação, mas hoje a hora é de reafirmação e de falar sobretudo para as gerações mais novas, para que os nativos da democracia, para aqueles que como eu já cresceram sob ares livres do autoritarismo percebam e valorizem tudo o que nós temos, porque pessoas morreram, foram perseguidas e tiveram que sair do País para que nós tivéssemos o que temos hoje”, afirmou.

    A presidente da OAB da Bahia, Daniela Borges, também compareceu ao evento.

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