• O que os zoológicos brasileiros estão fazendo para proteger os animais da gripe aviária?

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  • 23/maio 14:35
    Por Renata Okumura / Estadão

    Os novos casos de gripe aviária estão sendo acompanhados de perto por zoológicos brasileiros que decidiram retomar medidas preventivas a fim de proteger os animais da doença. Zoológicos de São Paulo, Foz do Iguaçu e Salvador ativaram ações. No Rio Grande do Sul, onde foram confirmadas mortes de animais, foi determinado o fechamento por tempo indeterminado do Zoológico de Sapucaia do Sul.

    Zoológico de Sapucaia do Sul

    Na semana passada, o Brasil registrou dois casos de gripe aviária no Rio Grande do Sul, sendo um deles, o primeiro identificado em aves comerciais do País, localizado em uma granja de ovos férteis em Montenegro, na região metropolitana de Porto Alegre. No local, foi constatada a morte de mais de 15 mil aves, de um total de 17 mil, sendo as aves sobreviventes sacrificadas por orientação sanitária.

    O outro registro no Estado gaúcho ocorreu no Zoológico de Sapucaia do Sul, a aproximadamente 50 quilômetros de distância, onde cerca de 90 aves aquáticas morreram.

    Na ocasião, a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) anunciou a suspensão, por tempo indeterminado, da visitação ao local.

    “A investigação da causa da morte incluiu a análise de amostras. Não há alteração nos trabalhos internos de atendimento aos animais”, publicou o zoológico por meio das redes sociais.

    Nessa quinta-feira, 22, o Brasil entrou em período de 28 dias de vazio sanitário para a gripe aviária, informou o Ministério da Agricultura, em nota. O período é contabilizado após a conclusão da desinfecção da área onde foi identificado um foco da doença em um matrizeiro de aves comerciais em Montenegro.

    Medidas preventivas seguem em andamento:

    São Paulo

    Não há registros de casos de gripe aviária no Zoológico de São Paulo, que monitora e acompanha os novos casos no País por meio do grupo técnico da Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (AZAB) e das autoridades competentes.

    Diante da nova portaria do Ministério da Agricultura e Pecuária, assim como ocorreu após a publicação de decreto em 2023, o Zoo São Paulo disse que está retomando as medidas preventivas adotadas na ocasião.

    Entre elas estão:

    – Restrição de acesso de aves de vida livre aos comedouros da população do zoológico;

    – Transferência de aves em ambientes abertos para locais telados, bem como a instalação de novas telas em lagos;

    – Suspensão do recebimento de aves provenientes de centros de triagem enquanto houver casos ativos, além do controle e implementação de medidas de biossegurança no manejo de aves de vida livre encontradas no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga.

    Salvador

    O Parque Zoobotânico de Salvador, na Bahia, disse que lida com a possibilidade de doenças infectocontagiosas e zoonóticas, como a gripe aviária, de forma rigorosa, adotando protocolos de biossegurança, vigilância sanitária, prevenção, diagnóstico precoce e educação contínua. Até o momento, não há registro de casos.

    “Todos os animais recém-chegados passam por quarentena e triagem, sendo submetidos a exames e observação para detectar doenças ou alterações comportamentais antes de integração ao plantel, evitando a introdução de patógenos”, disse.

    Além disso, uma equipe de médicos veterinários especializados monitora constantemente a saúde dos animais, realizando manejo preventivo e controle sanitário. No local, são seguidos protocolos rígidos de higiene e biossegurança.

    A equipe recebe treinamentos contínuos sobre zoonoses, transmissão, medidas de contenção e procedimentos em casos de surtos. “O controle de vetores inclui telamentos para barrar aves silvestres (potenciais transmissoras da gripe aviária), proteção de comedouros e bebedouros, além de programas rotineiros contra roedores e mosquitos.”

    Conforme o parque zoobotânico, os visitantes são orientados por monitores sobre regras como proibição de toque nos animais e medidas preventivas.

    Foz do Iguaçu

    Entre 2022 e 2023, quando os primeiros casos de gripe aviária em aves silvestres apareceram no Brasil, o Parque das Aves tomou várias ações preventivas, distribuídas em fases, todas em concordância com órgãos ambientais locais e nacionais.

    “Várias dessas medidas continuam sendo aplicadas no parque até hoje, e outras foram descontinuadas quando os casos cessaram”, disse. Até o momento, não há registro de casos.

    Ações estruturais que continuam até hoje:

    – Instalação de pedilúvios com tapetes sanitários na entrada de visitantes, entradas por acessos internos dos colaboradores, bem como na entrada de todos os recintos de imersão, com troca diária do líquido sanitizante;

    – Todos os veículos, de colaboradores a fornecedores, passam pelo rodolúvio localizado na entrada de serviço.

    Foram descontinuados e vão ser retomados agora:

    – Identificação de recintos com espécies suscetíveis e cobertura da área superior telada dos recintos prioritários (espécies suscetíveis) a fim de impedir o acesso de aves de vida livre às telas;

    – Transferência de animais de espécies mais suscetíveis ao vírus mantidos em recintos de imersão para áreas internas do Parque, excluindo o contato com visitantes.

    Também estão sendo adotadas ações individuais e coletivas, como a troca completa de vestimentas e caçados por equipes que acessam áreas onde vivem as aves.

    Além disso, algumas orientações foram comunicadas e são fortemente sugeridas aos colaboradores do Parque das Aves:

    – Manter aves domésticas, de estimação ou de produção pessoal, em local fechado e seguro, sem contato com aves de vida livre;

    – Vacinar-se contra a Influenza (o Parque das Aves disponibiliza a vacina, todos os anos, de forma gratuita para seus colaboradores).

    O Parque das Aves, em parceria com o Instituto Água e Terra Curitiba, atua como um Centro de Apoio à Fauna Silvestre, focado no atendimento e reabilitação de animais silvestres afetados na região de Foz do Iguaçu.

    Desde janeiro de 2023, devido à declaração de casos de Influenza Aviária, o centro adotou restrições no recebimento de animais que possam estar relacionados à transmissão da doença, seguindo orientações de associações e órgãos competentes.

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