• ‘O que me dói é a forma que aconteceu’, diz Marcelo Drummond, viúvo de Zé Celso

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  • 06/07/2023 19:07
    Por Bárbara Correa / Estadão

    Na tarde desta quinta-feira, 6, amigos, familiares e fãs se reuniram no Teatro Oficina para homenagear José Celso Martinez Corrêa, que morreu aos 86 anos, vítima de um incêndio em seu apartamento. Marcelo Drummond, viúvo, e Ricardo Bittencourt, amigo do dramaturgo, falaram sobre a despedida.

    Eles moravam com Zé Celso e o ator Victor Rosa no prédio localizado no bairro Paraíso, zona sul de São Paulo. Os três estavam com ele no momento do incêndio. Marcelo testou positivo para covid-19. Em entrevista coletiva nesta quinta-feira, Ricardo se pronunciou pela primeira vez sobre o acidente:

    “Eu perco um irmão, o Zé é minha família, aqui [teatro] é meu lar. Me perguntam sobre legado e ele foi um patrimônio, que formou muitos artistas. Mas, para mim, eu perdi meu irmão, minha casa e minha família. Ainda não tenho noção de legado, estou na minha dor de família”, lamentou.

    Marcelo, por sua vez, relatou que imaginava que a despedida aconteceria.

    O diretor lembrou seus últimos momentos com o marido. “Acordei com um estrondo, abri a porta do meu quarto, estava tudo escuro com fumaça. Vi o Vitor puxando o Zé, que estava com a mobilidade difícil, tentamos puxar ele, mas eu também desmaiei.”

    “Alguém me acordou, saímos no hall da entrada, eu segurei as mãos dele, ele colocou a perna em cima da minha e chegaram os bombeiros, foi a última vez que vi Zé. Mas, o que fica é o legado”, disse.

    Nesta quinta, o Teatro Oficina está aberto para o público e a rua foi fechada para carros por volta das 17h. Além disso, foi instalado um telão do lado de fora para que o púbico possa acompanhar toda a cerimônia.

    Homenagens a Zé Celso

    O amigo Pascoal Conceição, que falou com Zé pela última vez uma semana antes do incêndio, lembra ainda que “cada um de nós fomos colocados na posição de ausência do Zé, mas ao mesmo tempo tem muita presença, porque ele deixou muito trabalho pra fazer. Ele fez o teatro do presente e, hoje, estamos participando da história do Brasil, vivendo um momento histórico.”

    “O Zé é uma provocação, ele é um provocador. O Zé não deixou legado, ele deixou trabalho e deixou o parque do Bixiga pra fazer”, lembrou Conceição. A atriz e produtora Camila Mota também esteve presente e garantiu que seguir a programação de espetáculos no fim de semana também é uma forma de homenagem.

    “Oficina é o lugar da tragédia, não é lugar do drama. Mas a tragédia exige ação, renascimento. Pra nós e o momento de não deixar o bastão cair. Os espetáculos vão acontecer. O de hoje não e o de amanhã não sei, mas, com certeza, no fim de semana estaremos em cena. Porque o Zé faria isso”.

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