O problema secular das inundações ainda causa prejuízos na Rua Coronel Veiga
A chuva de quinta-feira atingiu diversos bairros da cidade. Em alguns houve inundações que prejudicaram o trânsito e deixaram ruas sujas. Mas, no principal acesso à cidade, pela via Quitandinha, os prejuízos são históricos. O alagamento das ruas Coronel Veiga e Washington Luís deixa um rastro enorme de perdas e muitas reclamações.
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Na Coronel Veiga, uma padaria inaugurada há apenas três meses já sofreu com a força da água que toma conta de tudo e perdeu aproximadamente R$ 5 mil em mercadorias. Algumas concessionárias de veículos precisaram remover os automóveis às pressas para a garagem, impedindo prejuízos maiores que os alagamentos nas respectivas lojas. Já na Rua do Imperador, a chuva dessa semana resultou em prejuízo de R$ 20 mil a uma loja de roupas.
Com parte de suas mercadorias levadas pela água, Rafael Kurtemback, de 27 anos, tentava calcular o prejuízo da padaria recém-aberta na localidade. “Perdi mercadorias e e material avaliados em quase R$ 5 mil. Agora, estamos aguardando a visita de um técnico que vai avaliar o nosso maquinário. Certamente, a conta vai ser maior”, lamentou o proprietário.
De acordo com ele, as comportas de um metro e meio instaladas para conter a água não foram suficientes para evitar o alagamento da loja. A chuva, que começou por volta das 16h30, logo fez com que o rio transbordasse na região. Apenas por volta das 18h, os funcionários tiveram acesso à loja novamente, quando começaram a realizar a limpeza do estabelecimento. “Terminamos de limpar às 4h da madrugada. Ontem não vendemos nada. Hoje, não temos mercadoria suficiente para trabalhar, e, ainda lidamos com outras situações decorrentes do descaso do poder público a todo o momento”.
Enquanto o empresário conversava com os repórteres, vários veículos que utilizam a via eram obrigados a passar pela água acumulada na rua, jogando-a para dentro da loja. “É esse o abandono da região. Tem uma cratera na pista que não é fechada há tempos pela Prefeitura, segundo lojistas. Vim para a Coronel Veiga sabendo que correria o risco de enfrentar os problemas considerados ‘normais’ pelo governo. Não vejo ninguém se empenhando em resolver todo esse transtorno que prejudica a cidade como um todo há anos”, concluiu.
Logo ao lado, uma concessionária de veículos realizava a limpeza do salão principal, onde ficam expostos os carros à venda. Indignado, José Francisco, de 35 anos, sofre prejuízos há, pelo menos, três anos. “Somente essa semana estou sem trabalhar há dois dias seguidos. Basta chover 15 minutos, que o dia de trabalho acaba. Nosso salão foi invadido pela água e o escritório destruído. Às pressas, tivemos que remover nossos carros para a garagem. Somente essa semana, por duas vezes enfrentamos o mesmo problema. Um aconteceu na madrugada de quarta-feira, se agravando na tarde de quinta”, reclamou o proprietário.
Embora aconteça com frequência, José relatou a ausência da Prefeitura na solução rápida dos problemas. “Todos já sabem que, após o transbordamento do rio, nossas ruas ficam extremamente sujas. Porém, ninguém manda uma equipe de limpeza com rapidez. Mas, pelo contrário, sou obrigado a gastar vários litros de água para retirar toda a lama da calçada, pelo menos para conseguir receber algum cliente. Já que nenhum governo tem a capacidade de amenizar esse caos na Coronel Veiga, pelo menos poderiam ter mais agilidade pós-chuva. Quero ver quem vai pagar a minha conta de água ao final do mês”, ironizou.
Problema se repete no Centro Histórico
Os lojistas da Rua do Imperador voltaram a sofrer com os prejuízos da chuva, pela segunda vez, em menos de 48 horas. Na quinta-feira, o transbordamento do rio fez com que muitas lojas fechassem as portas mais cedo. “O movimento que já está ruim, piora com os estragos deixados pela chuva em pleno horário comercial. Simplesmente tivemos que fechar a loja e salvar o que dava”, disse um vendedor de uma loja de roupas, que não quis ter a identidade revelada.
Para Roselene Ferreira, gerente de uma loja especializada em produtos infantis, a situação frequente é preocupante. “Nem mesmo as comportas da loja seguraram a lama que invadiu parte do nosso espaço. A sorte é que nossa equipe foi muito rápida, conseguindo salvar todos os nossos produtos a tempo”, contou.
Já a gerente Aline Castro se preveniu, após ter um prejuízo de R$ 20 mil, na madrugada da última quarta-feira (15). “Todas as roupas da loja estão em uma área mais alta. Quando chegamos na quarta de manhã, encontramos um cenário de total destruição. A lama invadiu mais de 50 metros de extensão da loja, destruindo 950 peças de roupas. Agora, não resta lamentar. Apenas estamos adotando estratégias para evitar outro desastre”, contou a mulher.
Solução
A Prefeitura informou em nota que vem solicitando recursos junto ao governo federal para realizar obras de macrodrenagem dos rios de Petrópolis e continua articulando junto à União para viabilizar a liberação para o projeto. Cabe lembrar que a questão dos alagamentos na Rua Coronel Veiga é antiga e crônica, se estendo por décadas.