• O nó no trânsito de Petrópolis: problema cresce junto com a frota

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  • 15/12/2019 09:25

    O município enfrenta hoje um dos maiores problemas de mobilidade urbana dos últimos anos. Só a frota de carros de passeio aumentou 47% em 10 anos, de 80 mil veículos em 2009, saltou para 117 mil, em 2019. Sem ter como comportar o aumento no número de veículos circulando, principalmente, no Centro Histórico e centros dos distritos, em horários de pico, a cidade se transforma em um caos. Embora existam diversos projetos para desafogar as principais vias, a maior parte das propostas são a médio e longo prazo. 

    Neste ano, a Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes (CPTrans) apresentou o Plano de Mobilidade Urbana (PlanMob), um estudo com mais de 600 páginas que tem o objetivo de ser base para a criação de projetos para a melhoria da mobilidade urbana no município. A principal proposta do PlanMob é a adoção de meios alternativos de transporte, como a bicicleta e o as caminhadas. Mas a cidade, ainda não oferece meios para que as propostas sejam colocadas em prática. Usuários, membros de associações e sociedade civil criticam a falta de projetos que melhorem a mobilidade urbana a curto prazo. 

    “Todas as medidas relacionadas ao transporte com bicicletas são de médio prazo e média prioridade, inclusive a própria elaboração dos projetos em si. Isso significa que este planejamento não será realizado em menos de 4 anos. Esta demora nos preocupa muito, visto que a demanda por mais segurança para os ciclistas é imediata assim como a necessidade de se fornecer outras formas de transporte alternativo”, disse Isabella Guedes, presidente da Associação dos Ciclistas de Petrópolis (Acipe). 

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    A única ciclofaixa que existe no município é a demarcada na Avenida Barão do Rio Branco que durante o Natal Imperial está sendo utilizada como estacionamento para os ônibus de turismo. Segundo a Prefeitura, a utilização da Barão do Rio Branco para estacionamento será durante os fins de semana no período da festa e, exclusivamente, nos dias em que os espaços destinados a estes veículos não comportarem o volume de ônibus e vans que chegam à cidade. Mas durante esta semana, a equipe da Tribuna registrou ônibus estacionados na via. 

    No último mês, a CPTrans iniciou a instalação de bicicletários no Centro. Os primeiros locais a receber foram a Rua Professor Pinto Ferreira e na Rua do Imperador, próximo ao Obelisco. Segundo a Companhia, o bicicletário faz parte do projeto da Ciclo Rotas, implementado pelo PlanMob, que tem o objetivo de auxiliar na melhoria do trânsito na cidade. 

    Na tentativa de participação e diálogo, a Acipe tem enviado oficios a CPTrans com propostas de incentivo e adequação da cidade ao transporte alternativo. “Acreditamos que, para que o ciclista realmente tenha segurança no trânsito, é preciso promover ações em educação, infraestrutura e fiscalização. Antes de tudo, é importante entender que a bicicleta é um meio de transporte, não é apenas utilizada para prática de esportes como muitos pensam. Muitas pessoas, inclusive, só possuem a bicicleta como veículo”, disse Isabella.

    Para o presidente do IPGPar (Instituto Philippe Guédon Pró Gestão Participativa), Cleveland Jones, o diálogo e a participação da população é fundamental para que medidas efetivas sejam implementadas. “Por meio de audiências públicas, transparência e envolvimento da população para que as medidas sejam exequíveis. Enquanto os projetos forem feitos a portas fechadas sem a participação da população, serão apenas novos estudos sem aplicabilidade”, disse. 

    Para o Presidente do Instituto, há questões que devem ser debatidas como a interligação das secretarias do município, porque impactam diretamente na mobilidade urbana. Como o licenciamento de obras, o licenciamento ambiental, e os projetos de desenvolvimento econômicos, nos microcentros urbanos. Assim como os temas ligados à cultura. “Muitas atividades e eventos culturais impactam o trânsito e a mobilidade, ao mesmo tempo em que a mobilidade pode influenciar positivamente no sucesso de eventos importantes para a cultura e economia do município”, disse. 

    O IPGPar apresentou, no último fim de semana, o primeiro resultado do PEP20 – Planejamento Estratégico para Petrópolis, um estudo colaborativo que tem o objetivo de criar um plano estratégico para o município para os próximos 20 anos. Entre os temas, está a mobilidade urbana. 

    “O caminho para uma efetiva gestão participativa do município não está baseado em apenas apontar problemas, como tantos que existem na mobilidade em Petrópolis, mas em apontar caminhos para soluções desenvolvidas colaborativamente, com a sociedade civil, com técnicos e com os projetos e estudos desenvolvidos pela própria administração pública”, disse o presidente do IPGPar.

    Empresas de ônibus apresentam propostas de mobilidade urbana para melhoria do serviço 

    O Setranspetro (Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Petrópolis) apresentou um projeto de criação de uma faixa exclusiva para ônibus na Rua Washington Luiz, no Centro. Segundo a proposta, seriam retiradas as 37 vagas de estacionamento de veículos, além das destinadas a carga e descarga, motocicletas e prioritárias, criando mais uma faixa no trecho de 700 metros.

    Segundo o levantamento feito pelo Setranspetro, no trecho circulam 120 ônibus/hora, que em horários de tráfego livre podem fazer o trecho em dois minutos. Mas com as condições severas de trânsito supera 15 minutos. A medida, se implantada, resultaria em aumento na velocidade do transporte público, melhoria na regularidade da operação, diminuição do consumo de combustível e diminuição da poluição causada pelo congestionamento, segundo o sindicato. 

     

     

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