O investimento virou custo. E a empresa, suco
Várias vezes conversando com um amigo, achamos que ele faz compras altas demais ou está gastando dinheiro em coisas que você não dá valor. E pensamos: como ele gasta dinheiro à toa! Da mesma forma, ocorre o contrário: ele acha que estamos jogando dinheiro fora. Interessante, não é? Na visão de um, isso é investimento. Na visão do outro, é custo. E estamos falando da mesma coisa.
Todos esses pensamentos são válidos se analisarmos a importância do serviço ou produto adquirido para quem o compra. Geralmente o comprador é movido pelo prazer de comprar.
Na nossa vida, dizemos: vou investir em mim. O investir em mim é comprar coisas para o nosso bem-estar. Isso vai desde uma bala até um imóvel de milhares de reais. A decisão para definir o que comprar, em muitas pessoas, é feita rapidamente. Especialmente quando falamos de valores grandes, como comprar um imóvel.
Vejam se não é assim. Quando desejamos comprar um imóvel, visitamos vários e, de forma geral, levamos pelo menos seis meses para achar o que bate em nosso coração. Quando isso acontece, levamos familiares e amigos para verem o imóvel, fazemos perguntas superficiais sobre seu estado, documentação e pronto! Em mais ou menos 2 ou 3 semanas decidimos.
Mas, por outro lado, quando vamos adquirir, por exemplo, dólares para viajar, vemos a cotação em vários locais, jornais, casas de turismo e câmbio. Finalmente compramos e, invariavelmente, vamos fazer pouca economia se compararmos os valores maiores e menores que encontramos. E gastamos um bom tempo nisso. Comparando esse fato com a aquisição de um imóvel vemos que ambos os esforços de tempo e economia são completamente desproporcionais. Ou seja: economizamos na migalha, demoramos a decidir a migalha, enquanto o pão completo compramos por puro impulso.
E quando vamos para as empresas e seus empresários? Como esse pessoal decide o que é custo e o que é investimento? Investimento é a aplicação de um capital com objetivo de ter um lucro maior que o capital investido. Já os custos são os gastos necessários para produzir ou comercializar os produtos já existentes. E nas empresas, qualquer saída de dinheiro para “coisas” que podem aumentar o lucro é pensado e repensado muito. Já as retiradas para as finanças pessoais ficam misturadas nas finanças empresariais e saem de qualquer maneira. A fatura do cartão de crédito pessoal faz a festa. Nas empresas não há impulso de investimentos. Todo esse impulso é represado e o empresário o descarrega na sua vida pessoal.
Não é raro ver o empresário levar um mês no agendamento de reunião para um trabalho de consultoria e, na reunião, reconhecer que o serviço oferecido é necessário ao seu negócio. Porém, também não é raro, após ele receber a proposta, dizer não. E o investimento mensal seria de cerca de um salário mínimo apenas! E ele leva seis meses para responder! Ele achou caro! Nesse período a situação da empresa já piorou e os gastos familiares continuaram misturados na empresa. O investimento dele virou custo e o negócio virou suco. Esse é o perigo: o empresário teimar e não perceber a diferença entre investimento e custo. mairom.duarte@csalgueiro.com.br