O grande engodo
Dentre as instituições, as que têm a menor credibilidade são nossos partidos políticos. Nem é necessário explicar os motivos de tal rejeição pública. São instituições sem a menor ideologia (mesmo as mais radicais), sem qualquer conteúdo programático, sem posicionamento definido e com seu papel completamente distorcido. Eleitoralmente fracos (ninguém mais vota em legendas, muito poucos eleitores ainda têm preferência por uma sigla) por conta desta desidratação, tiveram uma estapafúrdia ideia tão velha quanto estúpida e inútil de mudar de nomes.
PMDB voltaria a se chamar de MDB, o DEM que já foi o PFL (e não faz muito tempo que passou a ser DEM) muda novamente e passa a ser o Centro Democrático, o Pen (por onde provavelmente Bolsonaro venha a concorrer) passaria a ser o Patriotas, o PP mudaria para Progressistas, o PSDC responderia pela nova nomeclatura de DC, o PSL seria o Livres e o PTdoB responderia por ser o Avante.
Imaginam eles que com este fraco "banho de loja" conseguirão amenizar uma imagem tão desgastada e sem a menor credibilidade. Temos hoje um ilógico e incoerente número de 35 partidos legalizados e muitos ainda tentando se legalizar.
A bem da verdade nada vai mudar: o STF quando teve a oportunidade de fazer valer a "cláusula de barreira" em um julgamento (hoje reconhecido por juristas e políticos como um grande equívoco) manteve a situação inalterada, sob a premissa de fazer valer o direito da minoria de existir (esquecendo-se do conceito básico da prevalência do interesse da maioria sobre a minoria). Teria sido uma grande oportunidade de se acabar com quase 30 partidos que só existem e sobrevivem do fundo partidário e do tempo de televisão (sempre negociado com algum partido grande). A tentativa de se voltar com a pretensão de uma nova barreira, não é consenso entre parlamentares nem encontra eco no congresso que por razões diversas e todas de cunho patrimonialistas prefere deixar como está. Em uma primeira votação esta semana, mesmo que um pouco desfigurada, passou; resta uma segunda votação e duas no Senado.
A esperada reforma política, que terá que ser votada ainda este mês para estabelecer as regras válidas para 2018, não enfrentará questões de fundo, tampouco qualquer grande questão; teremos uma esquálida transfiguração onde prevalecerão, como sempre, os interesses pessoais dos membros do congresso, que buscarão facilitar ao máximo suas reeleições sempre buscando contrariar os interesses do País.
Constatamos que a vontade do congresso sempre se contrapõe à vontade da população e a explicação é tão simples que chega a ser simplória: eles pouco estão se importando com o País ou com seu povo, se importam apenas com seus interesses pessoais e só precisam do povo para isto. Então, quando em campanhas, prometem mundos e fundos, compram pessoas e votos, conseguem chegar ao seu intento e depois viram as costas a todos, com uma cretinice ilimitada.
Não se surpreendam se nas próximas eleições, tivermos um número recorde de votos brancos, nulos e abstenções, lembrando que no Rio este percentual somou 32,5% nas últimas eleições. Poderemos facilmente superar a casa dos 40% em 2018. Algo que se vier a acontecer, será fatídico.