O Dia Internacional da Mulher
Já houve tempo em que a mulher se imitava a três finalidades: ser mãe, cuidar do lar e dar prazer sexual ao homem. Mas ela, através dos séculos, foi gradativamente ganhando espaço na sociedade. Hoje, ao adquirir os mesmos direitos e deveres, vive em pé de igualdade com o homem. Já não existe uma só profissão que não possa ser exercida por mulheres. Entretanto, mesmo no passado remoto, algumas mulheres conseguiram romper as barreiras a elas impostas e obtiveram grande destaque. Poderia citar apenas quatro, como exemplo: Anita Garibaldi, Joana D´arc, Josephine, mulher de Napoleão e Maria Bonita, mulher do famoso cangaceiro Lampião.
Quem ainda desconhece a frase que diz: “por trás de um grande homem, existe uma grande mulher”? Para melhor exemplificar a importância da mulher na história universal, vou de encontro a Maria (Virgem Santíssima) mãe de Jesus Cristo. Porém, para prestar uma homenagem à mulher pelo seu dia, vou recorrer ao passado, a um importante fato que aconteceu na minha infância. Durante alguns anos minha saudosa mãe me levava para passar as férias de verão em Recife, Pernambuco, quando, então, ela aproveitava para matar a saudade de sua família. Estas viagens foram sempre feitas por navio, através de uma Cia.de nome Loyde Brasileiro.
Em 1939, quando eu completei três anos de idade, embarcamos no navio Afonso Pena. Nessa época, os países da Europa estavam sendo invadidos pela Alemanha de Hitler. Para surpresa de todos nós, dois anos depois, o navio Afonso Pena, que vinha de Belém do Pará para o Rio, foi torpedeado por um submarino alemão e naufragou. Só duas pessoas sobreviveram à tragédia: uma bela jovem de nome Nair Café e uma garotinha de cinco anos. Nair, agarrada a um destroço do navio e a menina em uma de suas pernas, por três dias e três noites. Milagrosamente foram salvas por um navio contratorpedeiro da marinha americana. Nair Café vinha para se casar no Rio e, com o naufrágio perdeu o noivo e toda a sua família.
Essa tragédia foi manchete em todos os jornais e emissoras de rádio do país. Emília, minha saudosa madrinha, mulher muito caridosa, foi visitar Nair no Hospital da Cruz Vermelha Brasileira, no Rio, passando a ser praticamente a família que a infeliz jovem havia perdido. Numa dessas visitas, ela me levou para conhecer a bela Nair. Enquanto a menina que se salvou agarrada numa das pernas de Nair, foi adotada por uma rica família, ela, por sua vez, perdeu a tal perna por ter gangrenado. Para aumentar seu drama, perdeu a outra perna tempos depois.
Porém, através da Cruz Vermelha, Nair conseguiu ir para os Estados Unidos se tratar. Por lá, trabalhando como professora de português, recebeu duas pernas mecânicas e adquiriu um automóvel especial em que poderia ser todo acionado com as mãos. Entretanto, em função de nossa estúpida burocracia, Nair não conseguiu desembaraçar seu carro na nossa alfândega. Magoada com seu país, Nair Café retornou aos Estados Unidos e nunca mais voltou por aqui.
E assim, revolvendo meu passado, elejo Nair Café como símbolo do dia internacional da mulher.