O descaso que inflama o abandono dos imóveis na cidade
O caso da residência que pegou fogo na última quinta-feira, na Rua Washington Luís, trouxe à tona um problema que vem chamando a atenção dos petropolitanos. A história de casas abandonadas e invadidas por pessoas em situação de rua está tendo o mesmo final: as chamas.
O imóvel, incendiado na última semana já foi usado como quitanda e antiquário. Atualmente, estava fechado e abandonado pelos proprietários. Invadido por usuários de drogas, o prédio acabou sendo parcialmente destruído.
O mesmo destino teve, em julho, a Casa Nair de Tefé na Estrada da Saudade. Nem mesmo o passado histórico protegeu o imóvel. Tombada pelo Conselho Municipal de Tombamento Histórico, Cultural e Artístico, a casa sofreu um princípio de incêndio. Segundo vizinhos, ela também estava sendo usada como abrigo para usuários de drogas. Em 2016, parte do telhado do imóvel, que já foi sede da Fundação Paulo Amorim e de um posto de Saúde da Família, ruiu. O prédio pertenceu à pintora, cantora, atriz e pianista Nair de Tefé, viúva do presidente da república Marechal Hermes de Fonseca, que o herdou após a morte dos pais. Nair deixou o espaço em 1940, quando mudou-se para o Rio de Janeiro.
Em outubro, outra casa abandonada, localizada na Curva do S, no Quissamã, pegou fogo pela segunda vez. O primeiro incêndio aconteceu em julho de 2017. O imóvel também havia sido invadido por moradores de rua. Entre eles, pessoas que usavam o imóvel para consumo e, provavelmente, tráfico de drogas.
O comandante do 15° Grupamento de Bombeiros Militar, Ramon Camilo, alerta para o cuidado que os proprietários devem ter com seus imóveis fechados e destacou o trabalho do Corpo de Bombeiros para proteger as propriedades e a preservação da vida.
“Os imóveis são de responsabilidade do proprietário e eles devem zelar pelo seu bem. Cuidando e mantendo o imóvel para evitar problemas como esses. Esses incêndios são esporádicos, mas é necessário ter atenção. Nosso batalhão vem trabalhando para preservar os bens atingidos e acima de tudo, a vida. Em casos como esses mobilizamos todos na nossa corporação para dar o máximo de suporte e evitar que as chamas se alastrem, causando risco as residências vizinhas”, disse o comandante.
A Secretaria de Assistência Social disse que vem realizando abordagens sociais durante o dia e também à noite com essa população. Os usuários são atendidos e orientados a procurar as unidades de suporte que o município oferece como o Centro Pop, onde terão atendimento psicossocial, banho, café da manhã, encaminhamento para o almoço no restaurante popular e poderão participar de atividades, palestras, durante o dia. No caso de acolhimento, são encaminhados para o Núcleo de Integração Social – NIS, para pernoite. O encaminhamento para as unidades de atendimento só ocorre quando as pessoas em situação de rua demonstram interesse e aceitam os serviços sociais oferecidos.
A Secretaria disse que não tem o poder de atuar ou tomar ações quando se constata a invasão de casas abandonadas por pessoas em situação de rua. A pasta disse que neste caso, a Polícia Militar deve ser acionada. Entramos em contato com a Polícia Militar em busca de informações sobre ações em casos como esses, mas até o fechamento desta edição não obtivemos resposta.