• O (desa)foro privilegiado

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  • 19/03/2016 13:00

    A frase “Que você viva em tempos interessantes!” é conhecida na China como uma maldição pelas turbulências sociais que os tempos assim ditos trazem em seu bojo. E também por remover a pedra fundamental da milenar filosofia chinesa que põe em primeiro lugar a harmonia social, restaurada como norte orientador do País após o fracasso dos tempos (intensamente) vermelhos de Mao Tsé-Tung. Em angustiante compasso de espera, são esses, sem dúvida, os tempos em que vivemos hoje no Patropi. São tempos de grossa roubalheira e de mentiras contumazes. Vamos a eles.

    O último prato indigesto que nos foi servido pelo atual des(governo) Dilma foi a ideia de fazer Lula ministro. A primeira reação dele foi: “Vou aceitar ser ministro da presidente Dilma não porque quero me beneficiar de foro privilegiado. Vou aceitar porque neste momento o Brasil precisa de mim.”  Quem esteve presente na orla de Copacabana, como foi o meu caso, na última grande manifestação de um milhão de pessoas pelo impeachment, sabe que o  que o Brasil quer, de fato, é ver Lula atrás das grades, bem longe de qualquer posição de poder. A prova contundente de que o Brasil não precisa dele foi a quantidade de mini-Pixulecos que eu vi nas mãos dos manifestantes no dia 13.

    Já num segundo momento Lula foi atacado por intensa dúvida sobre aceitar ou não a oferta de Dilma, que tem jeito de presente de grego, pois revelaria uma admissão tácita de culpa no cartório da Lava Jato. Pior ainda: existe precedente na jurisprudência quando se trata do chamado desvio de finalidade. Ou seja, é quando o ato administrativo de nomeação é deturpado a fim de atingir objetivo diverso do simulado. Indo direto ao ponto: o interesse público é ignorado em benefício do interesse pessoal do acusado de se livrar do braço da lei. Num terceiro momento, Lula manda às favas suas rasas reservas morais e acaba assumindo a Casa Civil da presidência da república.  Este caso configura o que o comentarista do Globo News chamou apropriadamente de desaforo privilegiado jogado na cara da população brasileira.

     Ao invés de chamar o caminhão de mudança para desocupar o Palácio da Alvorada, Dilma resolve dar guarida a Lula num evidente ato de desespero diante dos últimos fatos. Espera-se que Dilma, mais cedo do que mais tarde, monitore a empresa que vai fazer sua mudança para não acontecer o que ocorreu com Lula. Peritos examinando o acervo que Lula diz ter recebido de presente detectaram, nas três primeiras telas, o lacre que as identificava como patrimônio público pertencente ao acervo da Granja do Torto. Uma delas era uma gravura de Van Gogh avaliada em US$ 7 milhões, ou seja, a bagatela de cerca de 26 milhões de reais, uma gorda megasena. A isto se soma o caso de um crucifixo, de quase um metro de altura, um presente da época de Itamar, que passou pela presidência de FHC, e foi surrupiado por Lula em sua mudança. Mais um desaforo privilegiado atirado em nossa cara.

    Merecem ainda registro mais alguns fatos. Erenice Guerra, ex-ministra de Dilma, investigada na operação Zelotes, comprou imóvel no valor de R$ 4,3 milhões. A mesma que teria desviado R$ 45 milhões das obras da malfada usina hidroelétrica Belo Monte para as campanhas presidenciais do PT e do PMDB em 2010 e 2014. O novo ministro da Justiça, Eugenio Aragão, é acusado pela Polícia Federal, de ter atrapalhado a investigação do mensalão. Lula, acusado de covarde por José Dirceu, teria ordenado a compra do silêncio de Nestor Cerveró. Mercadante teve a voz gravada tentando comprar a cumpli-cidade de Delcídio Amaral. E por aí segue a marcha da insensatez.

    Em suma, quando não roubam, mentem. Mas já recebemos uma sutil mensagem de Roma: o Papa Francisco acabou de promover Dom Darci, o bispo de Aparecida que recomendou pisar na cabeça do Jararaca. Mas, se preciso for, “a praça é do povo como o céu é do condor” nos gastaoreis@smart30.com.br // gastaoreis2@gmail.com

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