• O Caminho da Resiliência

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  • 25/jun 08:00
    Por Gil Kempers

    A Importância do Desenvolvimento de Estudos em Defesa Civil

    Já há algum tempo, nesta coluna, temos abordado o tema da Defesa Civil no Brasil e no mundo. A cada dia, percebemos a relevância desse assunto para a população, especialmente na redução de riscos e na diminuição da vulnerabilidade local, visando mitigar desastres, evitar mortes e minimizar danos e prejuízos. Os desastres são uma realidade que devemos compreender e pesquisar melhor.

    Sabemos que este assunto já faz parte das conversas cotidianas e dos temas familiares. É comum até mesmo em grupos de família surgir comentários sobre um terremoto que atingiu um país, chuvas fortes que inundaram outro, ou incêndios florestais que devastam imensas áreas, entre muitos outros eventos. O fato é que os desastres já fazem parte da vida de todos os habitantes do planeta.

    No entanto, ainda é um tema pouco estudado e discutido se comparado a outros. É fundamental que a Defesa Civil seja incorporada ao mundo acadêmico, por meio de pesquisas e do ensino nas diversas etapas da educação continuada.

    Nesse sentido, é importante que os pesquisadores busquem caminhos para o desenvolvimento do tema. Ele é muito rico em termos de conhecimento, e o conceito de Defesa Civil é transversal, abrangendo diversas ciências como Engenharia, Serviço Social, Saúde e muitas outras.

    Assim, as pesquisas desenvolvidas nessas áreas podem enriquecer e apontar soluções para as ações de Defesa Civil, acelerando possíveis resoluções que tanto afetam nossa população em particular, mas também o mundo todo.

    A busca por novas soluções de engenharia, novas atuações na assistência social, e novos protocolos de saúde para atendimentos em casos de desastres com múltiplas vítimas são bons exemplos de como cada área pode desenvolver seus temas, que posteriormente podem ser aplicados nas ações de proteção e Defesa Civil.

    Outra forma importante de encarar esse tema é como uma nova área do conhecimento, visto que a proteção e a Defesa Civil não se atêm a uma única ciência. Esse conceito de intersetorialidade permeia diversas áreas do conhecimento, sem se limitar a apenas uma.

    Portanto, é possível perceber que o tema da Defesa Civil necessita urgentemente de maior relevância nos estudos, atraindo atenção para que receba a devida importância. Afinal, é capaz de salvar vidas, mitigar riscos e reduzir danos e prejuízos.

    Seguindo essa linha de raciocínio, todas as pesquisas desenvolvidas sobre o assunto são importantes. Os atuais cursos de pós-graduação e mestrado são um caminho concreto para a melhoria da teoria que envolve a Defesa Civil. Da mesma forma, o avanço deve seguir para o doutorado e também para o desenvolvimento de uma carreira na área. A formação é crucial neste contexto, incluindo uma graduação na área, um curso técnico, bem como o desenvolvimento da carreira de Agente de Defesa Civil, recentemente reconhecida no Código Brasileiro de Ocupações (CBO), mas que ainda requer atenção.

    Contudo, é importante notar que poucas Defesas Civis têm quadros de funcionários fixos, com concurso público e continuidade nas ações, independentemente de nomeações e eleições. Sim, infelizmente, existe uma grande descontinuidade nas ações executadas na Defesa Civil. Isso ocorre porque o órgão muitas vezes acompanha a gestão executiva municipal, e quando há uma mudança de governo, o novo grupo político frequentemente substitui totalmente a equipe. Com isso, não restam técnicos experientes nem a memória institucional do órgão, que acaba “renascendo” a cada quatro anos. Isso gera retrabalho e ineficiência, devido ao tempo perdido muitas vezes refazendo ações que já haviam progredido, mas não possuem histórico registrado.

    Assim, um quadro de funcionários concursados especificamente para a Defesa Civil garante, em parte, a continuidade das ações e uma melhoria na sequência delas, assim como acontece com a Guarda Municipal e outros setores do executivo municipal.

    Sabemos que ainda há um longo caminho a seguir, mas muitas ações já foram iniciadas. É fundamental dar continuidade a elas e reforçar a busca pela resiliência e pela construção de uma cultura de redução de riscos, e isso passa diretamente pela universidade, pelo estudo e pela pesquisa.

    Seguimos firmes!

    **Contato com o autor: gkempers@id.uff.br

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