• O Caminho da Resiliência

  • 16/abr 08:00
    Por Gil Kempers

    A Nova Realidade Climatológica e os Desastres

    Realmente, com o passar do tempo, estamos percebendo na prática os efeitos das mudanças climáticas no planeta e, especialmente, na intensificação dos desastres. Quem se lembra de um período chuvoso em abril? Quem diria que teríamos um período de seca no verão, quando a média histórica das chuvas é bem elevada, e, em vez disso, tivemos registros de umidade relativa do ar abaixo da média e, consequentemente, incêndios florestais em fevereiro e março?

    Pois bem, quem efetivamente se nega a acreditar nas recentes mudanças e na intensificação dos fenômenos, por mais agressivas que sejam, dificilmente conseguirá entender e desenvolver um padrão para a evolução do quadro. No entanto, a cada novo evento extremo em nosso país, fica difícil negar o que vem acontecendo. Basta observar, nos últimos anos, eventos extremos como as chuvas intensas em Petrópolis, em 2022, as chuvas intensas em São Sebastião, em 2023, as chuvas intensas no Rio Grande do Sul, em 2023 e 2024, e a estiagem no Norte do país em 2024.

    Assim, quando passamos a acompanhar os desastres do ponto de vista meteorológico, a preocupação aumenta muito, tendo em vista o entendimento da intensificação dos fenômenos, bem como a redução do tempo de recorrência entre os eventos. Esse é o elemento mais importante! Devemos atentar para os indicativos das mudanças climáticas e seus fenômenos, pois a cada ano vemos desastres mais severos e com significativos números de vítimas, danos e prejuízos.

    Dessa forma, é imperioso que os gestores públicos e a sociedade entendam a importância dessa agenda e que esse tema esteja no centro das discussões. Desenvolver ações preventivas e mitigatórias passa a ser prioridade para salvar vidas. O preparo das comunidades e da sociedade como um todo é uma das ações mais importantes, como foi possível observar quando foi emitido um alerta extremo, via SMS, para a cidade do Rio de Janeiro, através do cellbroadcast pela Defesa Civil Municipal. O envio da mensagem por si só não garante a segurança da população. Qual o ponto de apoio mais próximo? Qual a rota de fuga? Quais as ações que devem ser feitas ao receber o SMS? Esta ocorrência só comprova que o treinamento da população é tão importante quanto a realização de obras estruturais.

    Diante das recentes mudanças, o que esperar do período do inverno, que é reconhecido como a temporada da estiagem e dos incêndios florestais? Serão mais intensos? Serão mais amenos? Assim como o padrão do regime de chuvas intensas no verão deste ano apresentou uma alteração considerável, é possível admitir que alterações aconteçam também no período de estiagem, seja para aumentar e intensificar os efeitos dos desastres neste ciclo. O que esperar, então, deste período? Os governos e a população estão preparados?

    É certo que se faz necessário, urgentemente, que se desenvolvam os planos de adaptação às mudanças climáticas, integrados aos planos municipais de redução de risco, interagindo com planos estratégicos importantes, tais como o plano municipal de manejo de corpos hídricos, o plano municipal de habitação, o plano diretor e outros.

    A nova realidade das mudanças climáticas vem forçando os governos do mundo todo a olharem com atenção para esta agenda, principalmente pela relevância do tema e pela grande possibilidade de reduzir danos, prejuízos e mortes.

    Então, essa nova realidade dos eventos meteorológicos causando eventos extremos, tais como chuvas intensas ou estiagens severas, é uma nova realidade que deve ser considerada e estudada pelas universidades, pelos cientistas e acompanhada de perto pela população. Esse é o novo normal do clima, que afeta a todos nós!

    Seguimos firmes!

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