• O Caminho da Resiliência

  • 19/fev 08:00
    Por Gil Kempers

    As Ondas de calor intenso e a articulação da Defesa Civil

    Muitas pessoas podem achar que as ondas de calor intenso são um problema de outras áreas de governo, e que normalmente mais afetam a saúde e assistência social. Mas se é um evento adverso de origem climática, intensificado pelas mudanças climáticas e o agravamento do quadro dos desastres, é importante defesa civil atuar? Sim, não é só importante, como um dever das defesa civis municipais fazerem o papel de articulação entre as demais secretarias e pensar estratégias para levar soluções para a população e diminuir os impactos na sociedade.

    Mas o que são então as ondas de calor intenso? Segundo o Ministério do Desenvolvimento Regional, através da Secretaria Nacional de Defesa Civil, as ondas de calor intenso são eventos climáticos caracterizados por temperaturas extremamente altas, que superam os níveis esperados para uma determinada região e época do ano. Esses períodos de calor intenso podem durar dias ou semanas e são extrapolados pelo aquecimento global, e impactam nas mudanças climáticas e diretamente nos desastres, aumentando a frequência e a intensidade dos eventos em diversas partes do mundo.

    Especialmente nos centros urbanos, as ondas de calor intenso são mais perigosas em função do efeito “ilha de calor”, por conta da concentração dos edifícios, grande parte do solo composto por concreto e asfalto que retém mais calor, elevando ainda mais as temperaturas.

    Algumas prefeituras, como a do Rio de Janeiro, após o episódio da morte de uma fã no show da cantora Taylor Swift, em 2023, elaboraram protocolos eficientes para atuação em ondas de calor. Este protocolo é uma escala, com intervalo entre 1 e 5 com medidas previstas para cada uma delas.

    Nesta semana, o Rio de Janeiro fez o acionamento deste protocolo por ter atingido a temperatura de 44º C por mais de 4h, necessitando assim de medidas como ilhas de hidratação, pontos de climatização e outras ações importantes que possam arrefecer a sensação térmica da população.

    Em condições mais extremas, a suspensão de aulas e atividades ao ar livre e trabalhos que tenham exposição direta ao sol como manutenção viária, pavimentação de vias e outras atividades passam a ocorrem em horários alternativos, ou até mesmo podem ser suspensas provisoriamente dependendo da demanda e urgência.

    As equipes de saúde devem redobrar a atenção com os idosos, crianças e pessoas mais vulneráveis, pois necessitam de uma hidratação mais atenta e o risco de um problema de saúde de forma aguda é iminente.

    A assistência social deve redobrar a atenção com a população em situação de rua e cuidados com famílias com pessoas acamadas e devem ter uma interlocução com a saúde.

    As companhias de abastecimento de água que atendem as cidades devem ser orientadas a instalar, nos pontos com maior concentração de pessoas como terminais rodoviários e outros, pontos de hidratação com água potável, para que a população possa se usufruir.

    As secretarias de comunicação social devem redobrar as campanhas de conscientização quanto aos riscos das ondas de calor intenso e ainda, uma vez que se as ondas de calor intenso, que seguem por muitos dias, existe a  possibilidade de uma baixa expressiva na umidade relativa do ar e como consequência, surge o risco de eventos de incêndios florestais.

    Diante de um cenário tão complexo, as defesas civis devem fazer a interlocução entre todas essas agências e promover a articulação, de forma a facilitar a atuação de todas as secretarias e companhias de forma integrada. É papel da defesa civil promover isso! De forma a facilitar a atuação compartilhada e buscando otimizar recursos e realizar a uma melhor prestação de serviço para a população possivelmente impactada pelas recentes ondas de calor extremo.

    Cada dia mais devemos pensar de forma articulada entre agências, uma vez que os desastres tendem a ocorrer com maior frequência e intensidade. Mas é possível pensar em ações estruturais e não estruturais para proteger a população.

    Seguimos firmes!

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