O Caminho da Resiliência
Ações de segurança pública em desastres
Muitas vezes, ao enfrentarmos desastres, focamos nossas atenções nas ações bem estabelecidas da defesa civil, como prevenção, preparação, mitigação, resposta e reconstrução. Ao longo de nossa jornada na coluna Caminho da Resiliência, já abordamos várias dessas etapas.
Durante a fase de resposta, a segurança pública emerge como um aspecto crucial que muitas vezes deixamos de lado. Vale destacar que, quando analisada como política pública, a segurança adquire uma dimensão ainda maior, especialmente no Estado do Rio de Janeiro. Contudo, é fundamental abordar essa questão ao longo da resposta aos desastres.
O tema se torna especialmente relevante durante a ocorrência de desastres em cidades ou municípios. Em eventos que exigem a evacuação da população, como em situações de chuvas intensas, a segurança pública torna- se crucial. Durante essas evacuações, as localidades podem ficar vulneráveis a pessoas mal-intencionadas que aproveitam para realizar saques, exacerbando ainda mais a fragilidade da população afetada. Imagine sair de casa devido a um alerta e, ao retornar, descobrir que seus pertences foram furtados.
Infelizmente, essa é uma realidade que atinge todo o país e requer uma atenção especial das autoridades de segurança pública. É crucial que se promova, nestas regiões afetadas, a salvaguarda dos bens da população. No entanto, essa não é uma missão fácil, pois exige o deslocamento de efetivo e viaturas para atender a essa demanda, o que pode comprometer a segurança da cidade como um todo, uma vez que os recursos serão deslocados de outras áreas. Então, qual seria a melhor solução?
Uma medida eficiente adotada em alguns países é a contratação, por parte do poder público, de empresas de segurança privada até que a situação volte à normalidade. Essa ação visa garantir a segurança das edificações e dos bens materiais da população, como móveis e eletrodomésticos. Claro, essa é apenas uma ideia inicial, mas é possível, junto aos gestores de segurança pública, encontrar alternativas para tratar desse assunto, que se torna ainda mais complexo em condições de desastres.
Outra questão relevante é a segurança dentro dos pontos de apoio e abrigos, onde a população afetada é deslocada para permanecer fora das áreas de risco. Ao longo do tempo, durante o desastre, a convivência entre famílias com costumes diferentes pode gerar conflitos, que devem ser monitorados pelos gestores dos abrigos, profissionais de saúde e segurança pública, garantindo a dignidade das famílias abrigadas.
Além de garantir a segurança dos bens e das pessoas abrigadas, a identificação das vítimas fatais é um grande desafio em situações de desastre. Em municípios menores, o Instituto Médico Legal não consegue atender à alta demanda causada por um evento de grande magnitude, ultrapassando sua capacidade. Nessas situações, é necessário planejar uma logística eficiente, como a utilização de caminhões frigoríficos para o armazenamento dos corpos.
Diante de todos os impactos causados, atender famílias enlutadas requer atenção especial. Os traumas resultantes de situações de desastre afetam profundamente os sobreviventes e deixam marcas duradouras. É essencial garantir o tratamento e o acompanhamento dos afetados, além de investir em pesquisas para compreender os danos psicológicos e sociais que as comunidades atingidas por calamidades sofrem a longo prazo.
É fato que todos os órgãos governamentais devem se atualizar diante dessa nova realidade. Com as mudanças climáticas e o agravamento dos desastres, seja pela intensificação dos fenômenos ou pela redução do tempo de recorrência entre eles, é necessário um olhar mais específico sobre as demandas que envolvem os desastres. Essa é uma realidade cada vez mais comum em nosso país e no mundo.
Feliz ano novo!
Seguimos firmes!