• O Caminho da Resiliência

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  • 17/jul 08:00
    Por Gil Kempers

    Iniciando a caminhada da resiliência

    Nos últimos 20 anos, o assunto desastre sempre fez parte do cotidiano do petropolitano. Podemos destacar aqui, na nossa cidade, os desastres em 2011, 2013, 2018, 2022 e esse ano de 2024. Todos incluindo a perda de vidas, infelizmente, muito marcantes. Esses desastres trouxeram grande impacto na sociedade, na economia e turismo, com diversos prejuízos e danos que perduram até hoje. Com isso, Petrópolis é o município do país classificado com um dos maiores riscos de desastres do país e o com mais mortes por desastres de origem natural.

    Porém, outros municípios do país passaram a conviver com desastres, danos e mortes, como é o caso de São Sebastião, no Litoral de SP, e o Rio Grande do Sul, em 2023 e 2024 que apontam para um novo normal dos desastres no país.

    Com a intensificação das mudanças climáticas e o agravamento dos desastres, seja por uma maior intensidade ou pela redução do tempo de recorrência, a agenda dos desastres passou a ser prioridade dos políticos e da população como um todo. As discussões sobre as obras feitas ou não feitas, as necessidades das comunidades mais vulneráveis e a participação popular, hoje fazem parte do cotidiano de nossa população e assim como em outras partes do país e do mundo.

    Ondas de calor intenso causando dezenas de vítimas fatais na Europa e América do Norte. As monções asiáticas mais intensas e mais severas indicam uma mudança global do clima e a necessidade de uma adaptação da população para o enfrentamento desta crise ao redor do mundo todo.

    Portanto, essa coluna busca justamente trazer essa discussão de forma mais ampla e democrática. Saber se existe a necessidade de um ou dois radares ou até mesmo nenhum para o município de Petrópolis, os demais desafios da Região Serrana em busca da resiliência, assim como no Brasil e no mundo. Trazer o assunto da gestão de risco e gerenciamento de desastres é uma necessidade para que a nossa população possa de forma crítica e embasada discutir esse assunto, tão importante para nosso município e para o país.

    O tema defesa civil tem ganhado espaço na agenda política, pois a legislação de desastres é bem recente, e podemos destacar a Lei n.º 12.608/2012 que regulamenta o Sistema de Defesa Civil. Uma legislação ainda muito recente comparada a outras de outros países, como é o caso do Japão, que a legislação similar é datada de 1888. Conhecer a experiência de outros países também impactados por desastres e adaptá-la a nossa realidade é uma forma de desenvolvimento muito importante.

    Assuntos relativos a participação comunitária e o envolvimento da sociedade nas decisões e rumos da política de defesa civil também são relevantes para aumentar o grau de consciência social sobre o tema, tão importante como esse. Trazer as necessidades de meio ambiente e sustentabilidade fazem parte de uma integração entre as políticas públicas que só vai beneficiar o cidadão na melhoria da qualidade de vida e bem estar. As práticas de conservação ambiental e a integração com políticas públicas como habitação e saúde também fazem parte da política de defesa civil, que cada dia mais se apresenta como uma política transversal à diversas agendas que só corrobora para a visão da necessidade de ampliação desta doutrina. Sim, doutrina. Os conceitos de defesa civil aos poucos vão construindo uma cultura de resiliência e a doutrina de uma sociedade que vem aprendendo com cada um dos desastres e se tornando mais resiliente.

    Este será um espaço que poderemos apresentar soluções, trazer discussões e mostrar caminhos para os novos desafios que envolvem os desastres socioambientais e as mudanças climáticas. Entender esse processo é fundamental para a redução das vulnerabilidades e assim estar mais preparado para o enfrentamento das crises que certamente passaremos.

    A capacitação e o conhecimento neste campo são fundamentais para que a população consiga interagir e propor melhorias no sistema de defesa civil como um todo. Essas mudanças já ocorrem em várias áreas do conhecimento e precisamos aprofundar essa discussão.

    O planejamento urbano e a política de habitação acabam interagindo com as discussões, bem como a mobilidade urbana e consequentemente o desenvolvimento das cidades. Porém, é fundamental que as ações de prevenção, preparação e mitigação ganhem um espaço especial neste processo. Não que as ações de resposta e reconstrução não sejam importantes, mas elas ocorrem depois da ocorrência do desastre. Devemos então, antecipar os desastres de diminuir seus impactos na sociedade com as ações que antecedem ao desastre. O monitoramento, alerta e alarme ganham cada vez mais importância e são necessários para o fortalecimento da população e a necessidade de salvaguardar vidas.

    Desta forma, teremos muitos assuntos para discutir e tratar, mas claro, só será possível com a participação de vocês leitores, nessa busca por uma sociedade mais resiliente. Esse caminho da resiliência começa agora!

    Seguimos firmes!

    Sobre o autor: Gil Kempers é Mestrando em Defesa e Segurança Civil pela UFF, possui Pós Graduação em Ciência Política, MBA em Gestão Pública, Pós Graduação em Cidades Inteligentes: Tecnologia e Inovação, Curso Superior de Bombeiro Militar, Pós Graduação em Gerenciamento Operacional nas Organizações, Pós Graduação em Gestão de Emergência e Desastres, Gestão em Cidades e Planejamento Urbano e Gestão Ambiental.

    Possui especialização em Investigação e Perícia Criminal, especialização em Perícia de Incêndios e Explosões; Graduação em Curso de Formação de Oficiais pela Escola de Formação e Aperfeiçoamento de Oficiais e Licenciatura e Bacharelado em Física.

    Atualmente é Ten Cel BM – Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro e Assistente Técnico do GTT – Saneamento Básico, Desastres Socioambientais e Mudanças Climáticas do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (GTT-SBDSMC/MPRJ). Ex-secretário Municipal – Secretaria Municipal de Proteção e Defesa Civil de Petrópolis/RJ e ex Diretor do CEMADEN/RJ. Tem especialização em Gestão Integrada de Desastres por Sedimentos pela JICA (Japão) e Curso de Mapa de Risgos Naturales y Sistema de Alerta Temprano, pela Escuela Nacional de Proteccion Civil, Madrid – Espanha. Experiência na área de Secretariado Executivo, com ênfase em Gestão de Desastres. Perito Criminal e de Incêndio. Consultor de Segurança contra Incêndio e Pânico e Consultor de Gestão de Risco e Gerenciamento de Desastres.

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