O Belvedere é nosso – Parte II
Não sou Nostradamus, nem mesmo um simples visionário capaz de antever o futuro. Sou apenas um cidadão brasileiro, comum, acostumado a ver ou ler sobre os descasos das autoridades competentes, ou incompetentes (administradores) sobre os nossos bens públicos. Em oito de novembro de 2012 publiquei, nesse espaço, uma crônica intitulada: “O Belvedere é nosso”. O meu grito não ecoou como deveria, para Gaudio do turismo, principalmente. Muito pelo contrário. Além do monumento arquitetônico não ter sido conservado e policiado como deveria, hoje o Belvedere está sendo servido como depósito de material para obras da “Concer”, empresa responsável por privatizar a BR-040. No momento em que leio neste jornal, uma matéria sobre o Belvedere (exemplar de sábado, 26 de agosto), percebo que integrantes do Conselho Municipal de Tombamento constataram os danos sofridos pelo Belvedere, provocados pela ocupação como canteiro de obras da famigerada Concer. Como era de se esperar, os conselheiros recorreram à Justiça para garantir a recuperação do patrimônio ameaçado. Construído na década de 50 o imóvel está sem uso desde a década de 70 e foi fechado em 2013. Só aí já se passaram mais de vinte anos sem que providências tenham sido tomadas. A partir de agora, estaremos diante de dois problemas: o descaso da Concer e a morosidade da Justiça. Vejam o estrago: “o espaço está degradado e é possível ver uma descaracterização do entorno. É um espaço de grande valor histórico e cultural, que tem uma vista belíssima e memória que precisa ser preservada” – diz a matéria. Paulo Lyrio, conselheiro da Associação Petropolitana de Engenheiros e Arquitetos (Apea) lamentou o atual estado de conservação do espaço. Numa situação destas, não creio que haja espaço para otimismo, nem mesmo pessimismo. Porém, temos que ser realistas. Leve o tempo que se terá que levar, mas uma solução terá de haver. A Concer, procurando tirar o seu da reta, informou que apresentou uma sugestão ao presidente da CMTCHA, propondo ao órgão que organize, com apoio de entidades que representam engenheiros, arquitetos e urbanistas, um concurso para definir uma proposta de revitalização do Belvedere, iniciativa que deve contar com a participação da “ANTT”. A concessionária informou ainda que deva dar todo o apoio à solução que for definida e aprovada pela “ANTT”. Ainda bem, porque, nós, petropolitanos, que amamos o Belvedere, estaremos de olho nesse processo e esperando, para breve, a melhor solução para o problema.