• O amor à Pátria

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  • 02/09/2018 07:00

    Iniciaremos a semana em que se comemora a independência do País.  Do 7 de setembro, tenho boas recordações, não posso negar. Era o dia em que meu pai levava os filhos para assistir ao desfile, que chamávamos de “parada”. Entre os colégios que desfilavam na avenida Frei Serafim em Teresina, eu gostava de ver o Liceu Piauiense, por isso fiz o extinto Exame de Admissão para ingressar no curso ginasial desse tradicional colégio da cidade em que nasci. Desfilar com aquela “farda” cáqui era o máximo! Vesti-la foi a realização de um sonho. Entre os desfiles das corporações militares, gostava de ver o 25 BC. Tinha a impressão que os soldados eram mais vibrantes, a sincronia entre eles me parecia maior.

     Depois de assistir a tais desfiles debaixo de um Sol sempre acima de 30º graus, meu pai nos levava para o Bar do Santana para tomar guaraná Tufy e comer pastel de carne. Nada era mais gostoso! Guardo na memória esses sabores. Hoje não há mais guaraná Tufy, nem o Bar do Santana e eu já não tenho mais a docilidade da infância. Mas guardo com carinho esse período em que a inocência aqui encontrou algum espaço.

    Não nego, nesta semana dita da Pátria, bate esse sentimento nostálgico da época em que os poemas de Olavo Bilac eram mais recitados. Nas escolas, nesse período, cantava-se o Hino da Independência, letra de Evaristo da Veiga e música de Dom Pedro I. Depois de cantá-lo durante o hasteamento da bandeira, saíamos em fila para a sala de aula, parodiando a primeira estrofe que diz: “Já podeis, da Pátria filhos/ Ver contente a mãe gentil/ Já raiou a liberdade/ No horizonte do Brasil”…

    Tenho boas lembranças da aurora da minha vida. Ainda não tinha noção do que se vivia no País no âmbito político, era a segunda metade da década de sessenta… 

    O que o tempo remove para o passado tende a cair no esquecimento. A nostalgia das coisas simples ganha valor afetivo quando registrada no imaginário de cada um de nós. Por isso, encontramos dificuldades para assimilar algumas mudanças que não resgatam esses princípios fundamentados nas individualidades.  Às vezes, considero perda de tempo o desejo de querer convencer quem não vê importância nessas peculiaridades que montam a nossa hierarquia de valores.

    O respeito aos símbolos nacionais está mais relacionado ao processo educacional do que vinculado às imposições do sistema político vigente.  A conduta cívica traz consigo as marcas do amor às nossas raízes. Seja na cidade ou no campo, o homem precisa dessa identidade com o solo em que habita. Até os animais demarcam território para ter noção do seu espaço. Para mim, o conceito de Pátria não se trata de uma questão de exaltação dos símbolos e das instituições, é a necessidade da manutenção das nossas referências. Envolve um estado de espírito, no qual a liberdade se consolida para o bem-estar do ser. 

    A concepção de Pátria não pode estar dissociada do sentido coletivo. Não há Pátria de um homem só. Por isso que os regimes absolutistas são mantidos pela força. E o povo submisso tem dificuldade de despertar o amor pela nação em que habita. Rui Barbosa já afirmara:

    “Três âncoras deixou Deus ao homem: O amor à Pátria, o amor à Liberdade, o amor à Verdade. Cara nos é a Pátria, a Liberdade, mais cara; mas a Verdade, mais cara de tudo. Damos a vida pela Pátria. Deixamos a Pátria pela Liberdade. Mas à Pátria e à Liberdade renunciamos pela Verdade. Porque este é o mais santo de todos os amores. Os outros são da terra e do tempo. Este vem do céu e vai à eternidade…”

    A Pátria Celeste se conquista aqui, por meio de nossas atitudes.

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