NY, China, petróleo e IBC-Br acima do previsto estimulam alta do Ibovespa
O Ibovespa sobe na sessão desta segunda-feira, 17, apesar do recuo de 1,14% do minério de ferro no fechamento em Dalian. A alta se alinha à valorização das bolsas norte-americanas após uma semana de volatilidade, em razão das incertezas sobre os efeitos das tarifas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, a vários países.
“Saiu uma bateria de dados chineses positivos, sendo a produção industrial o principal catalisador. Vimos preços de imóveis melhorando por lá e varejo acima do previsto, e o Brasil está bem correlacionado com a China”, diz Pedro Moreira Moreira, sócio da One Investimentos.
A produção industrial da China cresceu 5,9% em janeiro e fevereiro deste ano (previsão: 5,4%). As vendas no varejo chinês, por sua vez, avançaram 4,0% no primeiro bimestre (previsão: 3,5%).
O principal indicador da B3 também é estimulado pela valorização de quase 0,90% do petróleo no exterior e o avanço acima do esperado do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br). O IBC-Br subiu 0,89%, ficando acima do teto da pesquisa Projeções Broadcast, de 0,70%.
A despeito da elevação do IBC-Br, as taxas futuras de juros têm viés de baixa em sintonia com a queda do dólar a R$ 5,7249.
Isso estimula alguma ações mais sensíveis ao ciclo econômico na B3, caso de Magazine Luiza (alta de 6,35%). Contudo, o avanço do IBC-Br eleva as incertezas sobre a atividade econômica, dado que outros indicadores têm mostrado algum esfriamento econômico.
O Ibovespa sobe mesmo após três aumentos seguidos. Na sexta-feira, fechou com ganhos de 2,64%, aos 128.957,09 pontos, em parte em antecipação ao anúncio de medidas de estímulo na China, feito no final de semana. Ainda foram informados indicadores de atividade na China. Também segue no radar a política de tarifas do governo americano.
“A China não só apresentou dados melhores do que o esperado como também anunciou um pacote para estimular o consumo. Isso acaba sendo bom para o Brasil”, diz Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria, acrescentado que esses fatores e o crescimento no IBC-Br sustentam alta do Índice Bovespa, mas o quadro ainda é de cautela por questões internas, como o fiscal, e externas, como a política de tarifas dos EUA.
Os dados chineses divulgados ontem à noite foram significativamente melhores do que o esperado, reforça em nota a Ativa Investimentos.
A semana terá as decisões sobre juros no Brasil, Estados Unidos, Reino Unido, Japão e China. Só no Brasil espera-se alta da taxa básica, de 13,25% para 14,25% ao ano. Assim, a eleva-se a expectativa pelo comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), na quarta-feira.
Par Alison Correia, analista de investimentos e sócio-fundador da Dom Investimentos, a Selic ao final do ciclo tende a ir a 15% ao ano em dezembro de 2025. Por enquanto, diz, está longe de cogitação um corte do juro básico.
Hoje, o Itaú Unibanco reduziu sua projeção para a taxa Selic ao final do ciclo de alta, de 15,75% para 15,25% ao ano, ao fim do primeiro semestre de 2025. “Dada a acomodação da taxa de câmbio em níveis mais apreciados, o BC deve optar por um ciclo um pouco menor”, argumenta relatório divulgado há pouco e assinado pelo economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita.
Às 11h13, o Ibovespa subia 0,51%, aos 129.615,03 pontos, ante alta de 0,55%, na máxima aos 129.66,25 pontos, vindo de abertura em 128.959,10 pontos, com variação zero. Petrobrás subia quase 1,90% e Vale, 0,59%, mesmo após avançar cerca de 3,00% na sexta-feira.