Números alarmantes
260 anos: esse é o tempo que o Brasil vai demorar para atingir o nível educacional de países desenvolvidos em leitura. A defasagem é apontada em estudo inédito do Banco Mundial, que estimou em 75 anos o tempo de atraso do aluno brasileiro em matemática.
Para traçar este cenário, o Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial se baseou nos dados do Pisa, a avaliação internacional aplicada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), que compara o desempenho de adolescentes de 15 anos em setenta países. O documento, de 239 páginas, examinou a educação em nações desenvolvidas e em desenvolvimento. Chegou a algumas conclusões que enfatizam gargalos conhecidos com números impressionantes.
A conclusão mais importante do documento é que há uma crise de aprendizagem no mundo todo. 125 milhões de crianças no planeta estão nesta situação: não adquiriram os conhecimentos básicos de leitura e de matemática, mesmo estando na escola. Na América Latina e Caribe, apenas 40% das crianças nos anos finais do ensino fundamental chegam ao nível considerado mínimo de proficiência em Matemática, enquanto na Europa e Ásia são 80%. O texto sistematiza evidências de sucesso em vários países para traçar um panorama da educação mundial. A Coreia do Sul e, mais recentemente, o Peru e o Vietnã são países citados como alguns que conseguiram avançar com reformas e novas políticas.
O Brasil precisa, urgentemente, de um plano estratégico de educação, onde prevaleça, primordialmente, a valorização do professor, melhor gestão das escolas e o investimento na primeira infância. Os jovens que almejam a carreira de professor tiram nota abaixo da média do Pisa. É primordial atrair melhores profissionais para o magistério. Em Cingapura, Finlândia e Japão, onde o prestígio da carreira é grande, o desempenho dos alunos é elevado.
O relatório aponta caminhos para a virada. Um deles, certamente entre os mais emergenciais, é investir na criança desde o início da vida, fase em que o cérebro está em frenética atividade, formando as bases para o futuro. Vizinho do Brasil, o Chile tem um bom exemplo: há uma década estabeleceu-se um programa que acompanha a criança do útero aos nove anos, do pré-natal da mãe à saúde e à vida escolar da criança. Não podemos esperar 260 anos.