• Número de mortes por covid neste ano já representa 89% de todas as registradas em 2020

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  • 08/04/2021 21:05
    Por Luana Motta

    Nesta quinta-feira (8), Petrópolis chegou à marca de 765 mortes por covid-19. Foram 360 somente neste ano, o que representa cerca de 89% de todos os óbitos registrados entre março e dezembro de 2020. A ocupação dos leitos hospitalares da rede pública e privada estão perto de 100%. Nas unidades de urgência o tempo de espera por atendimento passa de 5 horas por paciente. Em meio a esse cenário, a previsão é de que as atividades que foram suspensas no último decreto sejam retomadas nesta sexta (9). As várias e pontuais decisões fizeram sangrar os setores de comércio e serviços não essenciais, e que podem mais uma vez penalizar a população. E a pergunta que os petropolitanos mais têm feito é a seguinte: onde vamos parar?

    Nas últimas duas semanas, foram decretadas três medidas diferentes com regras para a abertura e fechamento das atividades socioeconômicas. O decreto publicado no último domingo prevê a entrada em vigor do artigo 5º do decreto nº 60/2021 nesta sexta-feira.

    Quais são os critérios epidemiológicos?

    A cláusula autoriza a reabertura do comércio em geral a partir do dia 09 de abril. Em meio a tantas mudanças, algumas que pegaram os empresários e empreendedores da cidade de surpresa, há pouca informação sobre os critérios epidemiológicos que estão sendo levados em consideração para a tomada de decisões pelo município.

    Na última segunda-feira (5), a Tribuna questionou a Prefeitura sobre quais são os critérios e índices epidemiológicos que estão sendo usados para definir as medidas, mas até a publicação desta matéria na noite de quinta-feira(8) não tivemos resposta.

    Ocupação dos leitos de UTI covid-19 utilizados chega perto de 100%

    A Tribuna fez um levantamento de parte do cenário epidemiológico da rede de saúde no município nesta quinta-feira (8), com base nas informações prestadas pelas assessorias de imprensa de três principais hospitais da rede privada de saúde, e com base no Painel Covid-19 da Secretaria Municipal de Saúde.

    • Hospital Unimed Petrópolis informou que 83% leitos de UTI e 84% leitos de enfermaria estão ocupados com pacientes por covid-19;
    • Hospital SMH – Beneficência Portuguesa informou que ocupação se mantém alta, perto de 100%, com variações constantes ocasionadas por óbitos e altas médicas. Já em relação aos 15 leitos de UTI que são pactuados com o município, apenas 3 estão desocupados;
    • Hospital Santa Teresa informou que na quarta-feira (07/04), registrou 27 pacientes com diagnóstico confirmado ou com suspeita de Covid-19 na UTI, e outros 40 em leitos clínicos.
    • Hospital Alcides Carneiro, dos 18 leitos de UTI existentes, apenas 2 estão desocupados;
    • Hospital Municipal Nelson de Sá Earp: dos 10 leitos de UTI existentes, apenas 1 está desocupado;
    • UPA Vermelha (Cascatinha): dos 14 leitos de UTI existentes, apenas 2 estão desocupados;
    • Hospital Nossa Senhora Aparecida: dos 48 leitos de UTI pactuados com o município, apenas 7 estão desocupados;
    • Hospital Clínico de Corrêas: os 15 leitos de UTI pactuados com o município estão todos ocupados;

    Aumento na procura por atendimento sobrecarrega pontos de apoio

    Nos três pontos de atendimento a pacientes com covid-19 – UPA Cascatinha, HMNSE e UPA Itaipava, o cenário é caótico. O aumento na procura por atendimento superlotou as emergências. Não há muito o que fazer, por mais que os profissionais da saúde trabalhem incansavelmente, o aumento expressivo na demanda faz o tempo de espera pelo atendimento ser mais longo do que o esperado. Há inúmeros relatos, já detalhados pela Tribuna, e que foram denunciados a Defensoria Pública no município sobre o tempo de espera que chega há mais de 5 horas. A Prefeitura tem justificado a longa espera pelo registro de aumento na procura por atendimento, especialmente, na UPA Vermelha – Cascatinha.

    Onde vamos parar?

    Essa pergunta surge todos os dias a cada novo boletim epidemiológico que é divulgado pela Secretaria de Saúde. Mas, com base nos dados oficiais, a cidade ainda está longe de dar uma resposta positiva à pergunta.

    O afrouxamento dos cuidados por parte da população e a insistência em desrespeitar as medidas dos decretos contribuem para esse agravamento da contaminação na cidade. Só nesta terça e quarta-feira, ações da Secretaria de Serviços, Segurança e Ordem Pública (SSOP) e Polícia Militar, resultaram no fechamento de 10 estabelecimentos, sete notificações e duas multas foram aplicadas a estabelecimentos flagrados infringindo as regras dos decretos municipais.

    Ainda vale lembrar que nesse primeiro mês de restrições, as equipes das forças de segurança coibiram uma festa clandestina que seria realizada em Secretário. E para evitar aglomerações nas praças durante a vigência do toque de recolher (22h às 5h), a Prefeitura teve que pedir reforço à Comdep com caminhões pipa jogando água para higienizar e esvaziar as praças.

    O mau exemplo também veio do poder público: há duas semanas, o governador em exercício Cláudio Castro fez sua festa de aniversário, para mais de 20 pessoas, em uma casa alugada em um condomínio na BR-040, em Itaipava. Com pouco ou nenhum planejamento e sem a adesão da população, as medidas de restrição/flexibilização tendem a surtir pouco efeito. E se tiveram algum efeito, os dados ainda não foram apresentados pela Prefeitura.

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