• Nuanças do coração

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  • 26/05/2021 08:00
    Por Fernando Costa

    O coração não é somente um órgão do corpo humano e o de mamíferos; musculoso e formado por quatro cavidades. Apresenta como função precípua garantir que o sangue seja enviado para todas as artérias de nossa compleição física. Mas, não é esse o fio condutor por onde eu desejo transitar. Ele inspira aos compositores, aos artistas das letras, palcos, TV, cinema, pinceis e tantos mais. Quem ouviu  “Coração” de Noel Rosa, lançado em 1932 assistiu a interpretação de um samba anatômico. “Tic – Tac do meu coração”, da autoria de Alcir Pires Vermelho e Valfrido Silva, de 1935, conquistou o mundo através da bela voz de Carmen Miranda. “Coração materno”, um tango-canção, lançado em 1937 de autoria e interpretação de Vicente Celestino, viveu seu período de glória. A doce Elba Ramalho quando canta “Bate, bate, bate coração” e a tradução da alegria e brejeirice, bem assim, “Coração leviano”, samba veiculado pelos órgãos de comunicação em 1978, de autoria de Paulinho da Viola e interpretado até hoje por esse querido artista com beleza e harmonia. O amor está presente no coração da criança, adulto, jovens e anciões. E o coração entoa hinos de alegria e contentamento. Ele se eterniza em nós, sobretudo quando correspondidos.  Recorda-me um trecho da fábula pinçada da obra do escritor Darlei Zanon que fala do amor através da historinha contada pela professora a seus alunos. Eles, durante a aula questionaram a mestra sobre “o que era o amor”. Ela os levou ao pátio do colégio e lhes pediu que extraíssem da natureza tudo quanto pudessem lhes despertar “o sentimento de amor.” Pouco tempo depois, um trouxe uma flor, o outro um pássaro e o terceiro, uma borboleta. Dentre eles havia uma menina cabisbaixa, silente…Isso causou estranheza à pedagoga que lhe perguntou: E você, por que nada colheu? A menina respondeu: “no canteiro que enfeita o jardim do colégio vi a flor, ela exalava doce perfume e pensei, se a cortar morrerá.” “O pássaro estava em meio às folhas, mas, sua mãe, com certeza ficaria triste ao ter o filho fora de sua presença.” “uma borboleta estava a voar, livre e solta, com certeza sofreria ante a prisão.” Por isso “trouxe o perfume da flor, a gratidão da mamãe pássaro e a beleza da borboleta, mas elas estão em meu coração e não há como entregar à Senhora em mãos.” A docente lhe conferiu a nota máxima, pois, dentre todos ela foi o único aluno que percebeu que o amor vem do coração. “Nele Deus está e se plenifica através do humano coração do Divino Filho. Nas relações pessoais o interior é o principal. O exterior manifesta o que trazemos em nossos corações. Ele se faz conhecido através de nossos atos, expressões faciais, labiais e pelo olhar. Ao compulsarmos as Sagradas Escrituras encontramos em Deuteronômio 6,5/4,29 “amá-lo de todo o coração”. O verdadeiro encontro com Deus está em “busca-lo de todo o coração”. Precisamos “arriscar o coração” conforme está prescrito em Jeremias 30,21. Isaias no capítulo 29, 13 diz que “este povo honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.” Em 1Sm 16,7 diz que “O homem olha a aparência, mas Deus olha o coração.” E nos Salmos e demais profetas se encontra o pedido de “um coração puro”, “coração novo”, “coração de carne e não de pedra” como diz Ezequiel 36,25. O mal ou o bem existem e são praticados, depende de nosso coração. Jesus é manso e humilde de coração e o nosso também, poderá estar cheio do Espírito Santo como proclama Mateus em 11,29 e Lucas 24,32. Exercitar o bem conforta o coração, renova a força, reanima, principalmente, na tristeza, dificuldade e doença. Que o nosso coração não seja apenas um músculo que pulsa e irriga o sangue, mas que emane amor tão intenso que onde estivermos ele se revele aos que nos rodearem e alcance altas proporções, inclusive as estelares.

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