• Novo plano de mobilidade começa pelo Alto da Serra

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  • 30/06/2019 12:00

    Responsável por transportar quase 100 mil pessoas por dia – entre usuários pagantes e beneficiários da gratuidade – o sistema público municipal ainda é o principal meio de transporte da população petropolitana, apesar da queda de 16% na quantidade de passageiros nos últimos seis anos. A frota atual é de 390 ônibus dividida em 230 linhas espalhadas por toda a cidade. De acordo com dados do Plano Municipal de Mobilidade Urbana (PlanMob), no ano de 2018, somando todos os quilômetros rodados pelo sistema de transporte público daria para ir 6,15 vezes da Terra à Lua.

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    Entre os pontos críticos para quem utiliza o transporte diariamente está o Alto da Serra. Algumas ruas são estreitas, o estacionamento irregular é alvo de denúncias e há falta de acessibilidade em várias calçadas. Projetos que visam melhorar o trânsito na região estão em estudo pela Companhia Petropolitana de Trânsito e Transporte (CPTrans) com o apoio do Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Petrópolis (Setranspetro). A previsão é que, ainda este ano, as faixas seletivas para ônibus, transporte escolar e táxis estejam em funcionamento, aumentando assim a velocidade média dos veículos.

    Atualmente, de acordo com dados da Setranspetro, os coletivos rodam a uma velocidade média de 12km por hora nos horários considerados mais críticos. Há cerca de 10 anos, os coletivos percorriam o percurso a uma velocidade média de 19km por hora. Uma pesquisa da Firjan, elaborada em 2016, apontou que o tempo perdido pelos trabalhadores de Petrópolis no trajeto casa-trabalho-casa demora, em média, duas horas por dia gerando um custo de R$ 398 milhões. “Esta é a realidade da metade dos trabalhadores da cidade, mas há aqueles que moram nos distritos e chegam a ficar quatro horas dentro dos ônibus para ir para casa após o dia cansativo de trabalho. O cenário era assustador anos atrás, mesmo assim nada foi feito”, lembrou a conselheira da Firjan, a empresária Waltraud Keuper Rodrigues Pereira.

    Segundo a empresária, as melhorias no transporte público não se resumem a exigência de ônibus novos. “O trânsito é um sistema vivo e dinâmico e, por isso, é preciso pensar mais adiante no deslocamento das pessoas. A prioridade deve ser sempre o transporte coletivo e, por isso, mudanças pensando o futuro e o bem-estar das pessoas devem ser tomadas, mesmo que inovadoras e radicais. É preciso usar as tecnologias disponíveis e novos modais que estão ao alcance em favor da cidade”, pontuou Waltraud.

    Para o presidente do Instituto Civis, Mauro Corrêa, os projetos que visam melhorar a mobilidade são importantes, mas ele ressalta que os problemas no transporte público não param apenas no trânsito. “Como usuário, a qualidade dos ônibus e dos terminais são muito importante e tem que ser vistos com atenção. O conforto, a limpeza, há uma série de questões que precisam ser revistas. Os ônibus disputam espaço com os carros e para estimular as pessoas a deixarem os veículos em casa e usem o transporte coletivo é preciso oferecer um sistema melhor, de qualidade”, ressaltou.
    A mobilidade urbana também foi discutida por representantes das indústrias de Petrópolis durante reunião do Conselho Empresarial da Firjan Serrana na última quinta-feira (27). Eles cobraram mudanças e mais investimentos para o trânsito e, principalmente, no transporte coletivo. Para os empresários, as ruas estreitas e sinuosas, a pequena malha viária, o excesso de lombadas, os estacionamentos proibidos e, principalmente, a falta de planejamento urbano, “deu um nó no trânsito de Petrópolis”.

    Segundo a conselheira da Firjan, as dificuldades logísticas e de mobilidade são apontadas há anos como um gargalo para o desenvolvimento, já que afetam o dia a dia das pessoas, comércio, serviços e das indústrias instaladas aqui, uma vez que causam impacto na produtividade e no custo final das mercadorias. “Faz anos que o município sofre o mesmo problema. A forma como as autoridades e órgãos pensam o trânsito das cidades, a falta de planejamento e cultura da população, são sintomas reais de um grave problema que estamos vivendo e viveremos por anos”, destacou Waltraud .

    O projeto para o Alto da Serra

    O Plano Municipal de Mobilidade Urbana (PlanMob) está prevendo uma nova configuração viária para a região do Alto da Serra. Em frente ao BNH (na rua próxima ao Pronto Socorro Leônidas Sampaio) será criado um ponto de transferência onde as linhas bairro X Centro farão a integração com a linha troncal.

    De acordo com a CPTrans, a implantação do ponto de transferência vai impactar 27 linhas de ônibus, que terão “viagens mais rápidas pois ficarão menos tempos em engarrafamentos”. Para o Setranspetro, o projeto vai reorganizar a mobilidade urbana no Alto da Serra que contará com um ganho na velocidade comercial dos veículos por conta da fluidez no trânsito, resultando na diminuição do tempo das viagens para todos os tipos de veículos, inclusive, os carros particulares.

    Além do ponto de transferência, cerca de dois quilômetros de ruas entre a Alyntor Werneck e Visconde de Souza Franco (Rua da Feira), passando pela Coronel Albino Siqueira, Fernandes Ferreira (antiga Rua Chile) contarão com corredor exclusivo para ônibus, vans de transporte escolar e táxi. A faixa exclusiva vai ligar o bairro ao Centro, passando pela Dr. Sá Earp e Rua da Feira, onde já existe área destinada para os ônibus.

    O PlanMob também prevê melhorias em 20 pontos onde há calçadas em toda a região com criação de rampas para acesso de cadeirantes. O Plano Municipal de Mobilidade pode ser acessado na íntegra no site da Prefeitura, dentro da página da CPTrans.

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