• Novo espaço de SP, Galeria Página vai vender ilustração de livros como arte

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  • 10/08/2023 07:01
    Por Maria Fernanda Rodrigues / Estadão

    Em um sobradinho na Rua Purpurina (Vila Madalena), entre a Fidalga e a Girassol, a Página – Galeria de Ilustração vai expor e vender trabalhos de artistas brasileiros feitos originalmente para livros. Trata-se de um novo formato de galeria, a primeira no Brasil exclusiva para a arte do livro ilustrado.

    A iniciativa é de Isabel Mazoni, sócia-editora da Caixote. E embora neste primeiro momento as exposições e o catálogo tenham ligação com a editora, a expectativa é, segundo ela, de que cresça rapidamente a oferta de obras e autores de outras casas editoriais.

    “Vai começar assim porque aconteceu de termos um destaque muito grande na exposição Karingana – Presenças Negras na Literatura para as Infâncias (em cartaz no Sesc Bom Retiro até janeiro de 2024) e entendemos que era importante fazer uma discussão com esses ilustradores”, ela explica.

    A inauguração será nesta quinta-feira, 10, com a abertura da exposição Padê: Autores Negros nos Livros da Editora Caixote. A mostra contará com obras originais e impressões seriadas dos seguintes artistas e livros: Carol Fernandes (Fevereiro), Dalton Paula (Homem-Bicho, Bicho-Homem e O Jabuti Não Tá Nem Aí), Larissa de Souza (Uma Boneca para Menitinha), Paty Wolff (Nísia) e Rodrigo Andrade (O Que Mamãe Não Sabe…).

    A galeria vai ocupar o térreo da casa. Serão duas salas para exposição e um quintalzinho, onde devem ser realizados bate-papos e lançamentos. No andar de cima, com acesso restrito, vai funcionar a editora, que publica livros para crianças e tem um selo de obras ilustradas sem idade – O.tal -, que já lançou títulos como O Que Incomoda o Touro Não É a Cor Mas o Movimento, de Renato Moriconi, e Coisas para Deslembrar, de Alexandre Rampazzo.

    “Nossa ideia é que as ilustrações deixem as páginas do livro e ganhem vida autônoma na parede da casa”, comenta Isabel.

    A editora explica que a ideia de um projeto como este está rondando há alguns anos e tem a ver com sua percepção do ilustrador como autor. “Nos lançamentos dos livros, começamos a expor os originais e vimos que havia um interesse muito grande das pessoas por eles. Isso tem a ver com o fetiche do livro.”

    NA PAREDE

    Ela relembra uma história que aconteceu quando lançou Olha! Olha!, de Bruna Lubambo. “Uma pessoa chegou e disse que tinha amado as artes emolduradas na parede, que queria comprar, e perguntou quanto custava. A Bruna ficou olhando, e respondeu que não estavam à venda.”

    Isabel ficou com isso na cabeça. Ao lançar, recentemente, O Que Incomoda o Touro Não É a Cor Mas o Movimento, um livro adulto de Renato Moriconi, que é “uma coreografia em carvão”, ela pensou que deveria fazer a sessão de autógrafos em uma galeria, e não em uma livraria, como tradicionalmente é feito. “Era um livro de arte, tínhamos de expor. Então montamos uma exposição numa galeria da Vila Madalena para testar como seria, já com essa ideia em mente. Deu supercerto. Lotou, vendemos originais.” Mas o mais importante, ela conclui, é que o livro foi apresentado dessa forma – valorizando a arte da ilustração.

    Com esse teste, ela se convenceu de que era mesmo hora de dar o novo passo. “Vamos ter de criar esse espaço. Como não existem no Brasil galerias exclusivas para ilustração de livro, vamos ter de criar esse mercado, mostrar para as pessoas que isso está à venda e quanto custa”, comenta Isabel. Ela conversou com galerias de arte para entender questões de preço e contrato e com ilustradores (alguns são representados por essas galerias, outros vendem diretamente, outros ainda não vendem) para saber a expectativa deles.

    VALORIZAÇÃO

    “Fomos recolhendo informações de todos os lados e fomos sempre muito abertos com todo mundo. A precificação das obras, por exemplo, foi feita em conjunto com os autores, partindo do valor inicial que cobram, quando eles vendem, e achando um meio do caminho do que se pratica nas artes visuais hoje nas galerias. Então, não é nem lá nem cá. Não é nem um lugar de desvalorização da ilustração, que é uma coisa de que os autores reclamam muito, nem chegando ao que se pratica no mercado das artes”, explica.

    Originais de ilustração, geralmente no formato A3, poderão ser comprados a partir de R$ 2.500. Impressões fine art vão custar algo como R$ 600, R$ 700, dependendo do papel, do tamanho, do artista. São séries numeradas e assinadas.

    Nesta primeira exposição, 21 obras originais estarão expostas e quase todas à venda. Outras 16, desses mesmos livros, estarão guardadas, mas também à venda. Isso, sem contar os 46 prints assinados e disponíveis para comercialização.

    As ilustrações de Danton Paula não serão comercializadas pela Página, já que o artista, que ilustrou os livros de Itamar Assumpção para a Caixote, já é representado por outra galeria e algumas delas já foram vendidas para colecionadores.

    ágina – Galeria de Ilustração

    Rua Purpurina, 307 – Vila Madalena. São Paulo. 5ª a sáb., 11h/20h.

    Inauguração: 5ª, 10/8.

    Exposição Padê: Autores Negros nos Livros da Editora Caixote. Até 16

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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