Adolescentes têm ficado de olho no impasse sobre o novo ensino médio, que ganhou mais capítulos esta semana e parece estar longe do fim. Um dos motivos de apreensão tem nome: o vestibular. Os jovens temem não dar conta da dificuldade do formato atual do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) após a recente reorganização das aulas ou ainda que o novo modelo da prova seja mais difícil.
O Ministério da Educação (MEC) decidiu adiar a mudança no modelo do Enem, que teria novo formato a partir de 2024. Esse novo modelo ainda não está definido, mas poderia envolver troca do número de perguntas ou inclusão de mais questões dissertativas, por exemplo – hoje a única parte que não é de múltipla escolha é a redação. Para quem vai fazer a prova neste ano, vale reforçar: não há mudança de formato.
A medida do governo federal foi tomada após pressão de entidades estudantis e parte das associações de especialistas, que pedem a revogação da reforma. Na última quinta-feira, 6, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou que o cronograma de implementação do novo ensino médio “não foi revogado”, mas suspenso para que haja debate sobre o novo modelo. A medida vale por 60 dias.
A reforma é uma mudança no formato do ensino médio (1º, 2º e 3º anos), aprovada em 2017. Cerca de 60% da carga horária passa a ser de conteúdos obrigatórios, como Português, Matemática e Química. O restante (40%) é a parte flexível, com percursos optativos segundo o interesse do aluno ou uma formação técnica.
As principais críticas são de que alunos e professores não foram ouvidos sobre a mudança, de que faltam estrutura e professores preparados para os itinerários flexíveis, sobretudo nas redes públicas, e de prejuízos na redução das aulas de conteúdos clássicos, que são cobrados no vestibular.
Os argumentos para a reforma, por sua vez, foram de que o modelo anterior era engessado e não atraía o jovem – a etapa tem alta taxa de abandono.
A implementação nas salas de aula do novo modelo, por lei, começou em 2022, mas houve Estados que começaram um ano antes. Por isso, estão nas escolas as primeiras gerações do novo ensino médio.