• Novo comandante da PM fala de planos para a cidade

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  • 28/02/2016 09:00

    O comandante Eduardo Vaz Castelano, que assumiu o 26º Batalhão de Polícia Militar de Petrópolis (26ºBPM), no mês passado, recebeu a equipe da Tribuna em sua sala, nesta semana, para falar sobre os seus primeiros 30 dias de comando e também sobre os planos do batalhão para os próximos meses. Castelano, que tem 25 anos de profissão, comandava o 36º Batalhão de Santo Antônio de Pádua, que abrangia seis municípios do noroeste fluminense, totalizando 126 mil habitantes, o que representa menos da metade da população de Petrópolis, que é de 300 mil pessoas. 

    Durante os primeiros dias de comando na Cidade Imperial, o tenente coronel da Polícia Militar já se deparou com algo que ele considera o principal problema de Petrópolis, a proximidade com a capital do estado. “Eu vim de um batalhão que abrangia seis cidades, mas somando a população delas não dava mais do que 126 mil habitantes. Já aqui temos uma cidade só com mais de 300 mil pessoas. São regiões diferentes, públicos diferentes, e cenários diferentes. Petrópolis é uma cidade tranquila, com níveis toleráveis de segurança, que é algo característico de toda a região. No entanto, percebi que temos um grande problema que é origem de vários outros para a nossa população, que é a proximidade com o Rio de Janeiro. Devido a essa questão territorial, precisamos estar sempre bloqueando os contatos ruins com marginais do Rio, procurando fazer operações constantes nas entradas da cidade, contando com o nosso serviço de inteligência e claro, com a participação da população, que está sempre contribuindo conosco”, explicou. 

    Segundo Castelano, a maior parte do material entorpecente que chega à cidade é oriunda de Magé e também da capital do Estado. “A maioria da droga que chega aqui vem do Rio ou de Magé. Se essa droga consegue entrar na cidade, é porque precisamos trabalhar cada vez mais para fechar essas entradas. E não nos concentrar apenas no Quitandinha, Bingen e Itaipava, que são os grandes acessos. O 26º BPM vai procurar interagir mais com a Polícia Rodoviária Federal, responsável pela BR-040, por onde passam toneladas de drogas que às vezes muita gente nem vê. Essas cargas podem não entrar em Petrópolis, mas passam por aqui, e precisam ser interceptadas. Portanto, nada como um trabalho em conjunto, com as polícias Civil, Militar, Federal e Rodoviária para que a gente consiga melhorar os nossos resultados”, contou.

    Melhorar a segurança da cidade é necessário tanto para o petropolitano quanto para os turistas. Vivendo em Petrópolis, Castelano percebeu que a cidade atrai um número muito grande de visitantes. “Eu fiquei aqui durante todo o carnaval e comecei a observar, passear pelas ruas da cidade, para estudar o cenário em que estou trabalhando. Nessa observação percebi que as ruas de Petrópolis ficam muito cheias de pessoas de outras cidades, estados e principalmente de estrangeiros. Portanto tem que haver uma preocupação maior. Porque na realidade, diariamente não temos 300 mil habitantes, mas muito mais do que isso. A sensação de segurança e tranquilidade acaba fazendo com que ele volte mais vezes e traga até mais turistas ainda, o que é muito positivo economicamente para a cidade”, revelou.


    Reduzir a criminalidade

    Já não é de hoje que notícias de ações realizadas pelo 26º Batalhão de Petrópolis são capa dos jornais locais e também de outros veículos de comunicação de fora da cidade. Isso porque a corporação desenvolve um trabalho junto à Secretaria de Segurança Pública da cidade, que estabeleceu um sistema de metas para a redução  dos índices de criminalidade. Esse sistema integrado de metas abrange outras secretarias do governo com o objetivo de realizar trabalhos em conjunto para agir na prevenção ao crime. “Quando falamos de prevenção não se trata apenas do policiamento ostensivo. Estamos tratando da rua mal iluminada que pode fazer com que o meliante se sinta na oportunidade de cometer determinado crime. Estamos tratando também de uma ação da Guarda Civil na ronda escolar. E por aí vai”, explicou o comandante. De acordo com ele, a luta contra a criminalidade em Petrópolis é uma batalha diária que deve ser realizada com muita cautela e ostensividade. “Nós recebemos denúncias e começamos a investigar com o nosso serviço de inteligência. A partir daí descobrimos qual região está violenta. Então vamos até o local e realizamos operações para apreender os materiais utilizados e prender os bandidos. Sabemos que em breve outros meliantes podem provocar violência em outro bairro, numa possível oportunidade. E por isso já começamos a monitorar e fazer ações preventivas. Nesse período ganhamos um tempo em que a população pode respirar aliviada. E é assim que funciona o nosso trabalho”, detalhou Castelano.




    Petrópolis tem poucos policiais

    Um outro problema é a pequena quantidade de policiais que atendem a Petrópolis. Hoje são 384 PMs, sendo apenas 302 deles atuantes diariamente, para garantir a segurança de uma população de 300 mil pessoas, distribuídas nos 797 quilômetros quadrados de área dos quase duzentos bairros e localidades que a cidade possui. Esse baixo contingente é um grande problema do ponto de vista de Castelano, que busca outras maneiras para garantir a segurança da cidade. “Nós temos poucos policiais. É quase um para cada mil habitantes. Para prevenir desse jeito pode ser complicado. Justamente por ter poucos agentes, eu comecei a buscar alternativas na mobilidade e também estratégias no policiamento ostensivo. Temos hoje policiais em pontos estratégicos. Rondas com motocicletas, carros e camburões, além das duplas e trios de PMs a pé nas ruas da cidade”, explicou o coronel.


    Conscientizar é fundamental

    Do ponto de vista de Castelano, o problema da violência e da criminalidade começa desde cedo. “A nossa população está muito mal influenciada. Temos péssimos exemplos que acabam enganando os jovens. A criança vê seu pai trabalhando a vida toda para conquistar seu patrimônio enquanto um bandido roubando ou vendendo drogas consegue ter carro, casa, várias mulheres e roupas de marca. Isso acaba influenciando erroneamente e levando esse cidadão para o lado do crime. É aí que está a importância da família para educar corretamente a criança. A partir daí, a escola tem que dar um outro auxílio, que é formar ele um cidadão de bem. Se nenhuma das duas medidas forem tomadas corretamente, essa pessoa cresce sem nenhuma noção do que é certo ou errado. E é isso que temos visto cada vez mais nas ruas do nosso país. A sociedade está induzida ao erro, e cabe a cada um saber o caminho certo”, revelou. Atualmente, a cada 100 ligações recebidas pela Sala de Operações do Batalhão, 65 são trotes, 35 são acidentes ou ocorrências de orientação, e apenas 5% são crimes. “Esses dados mostram o quanto a nossa população precisa ser conscientizada. Precisam entender que enquanto você ocupa a linha com um trote pode ter um bandido com a arma na cabeça de um parente seu, que conseguiu uma oportunidade numa fração de segundos para chamar a PM” explicou, desabafando.


    Roubos de rua são maioria

    Dados referentes aos últimos cinco anos, coletados pelo 26º BPM, mostram que a maioria dos crimes registrados em Petrópolis são roubos de rua, como assaltos, furtos e roubos a transeuntes. “A busca por um dinheiro rápido para o consumo de drogas ou até mesmo para pagar uma dívida com um traficante é um dos fatores principais que levam o usuário de droga a cometer um crime como esse. A maioria dos criminosos está relacionada diretamente com o uso de drogas. O que prova que esse material entorpecente interfere diretamente em outros tipos de delito, levando a gente de volta à discussão do principal problema de Petrópolis, que é a proximidade com o Rio de Janeiro. Se a gente fechar esse bloqueio e diminuir a entrada de droga, consequentemente o crime vai diminuir também”, detalhou, explicando.


    Capacitação de policiais

    Uma característica que deverá marcar o novo comando da PM é a capacitação de policiais. “Nosso maior patrimônio é o policial. Então precisamos qualificá-lo, instruí-lo e reciclá-lo para que ele possa prestar um serviço cada vez melhor. Um PM despreparado põe ele, a população e a corporação em risco. Vamos qualificar o nosso pessoal para que nós possamos entregar um serviço eficiente”, contou.


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